Capítulo 3. É Possível

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💋

Nós chegamos ao restaurante e nos sentamos, próximos um do outro. A nossa mesa ficava situada do lado de fora do estabelecimento, o que me deu a liberdade de tirar os patins, ficando descalça.

— Nossa... Que cheiro é esse?! – perguntou ele, fazendo uma cara feia, se é que ele conseguia.

— Que cheiro? – respirei fundo, tentando sentir o aroma. – Não estou sentindo nada.

— Ah, já sei o que é – disse se recostando na cadeira e fazendo cara de "eu já sabia". – Você tirou os patins. – Ele colocou o cardápio no rosto, segurando um riso, e se abaixou levemente.

Eu abri a boca, pasmada.

— Está insinuando que eu tenho chulé? Que audácia! – ralhei e ri batendo de leve no ombro dele.

Nick abaixou o cardápio rindo, pôs na mesa e olhou para os meus pés.

— Seus pés são bonitos – elogiou e eu agradeci por estar com a pedicure em dia. As minhas unhas estavam pintadas e não estavam parecendo unhas de Bicho-Preguiça.

Eu sorri agradecendo o elogio, então finalmente ele tirou os óculos enquanto ainda olhava para os meus pés, fechou as hastes e pendurou na gola da camisa.

"Olha para mim, Medusa!"

— Mas mesmo sendo bonitos, eu não tive como não deixar de brincar – disse rindo e então me olhou, me permitindo finalmente ver os olhos dele que eram azuis claros, lindos do jeito que eu achava que eram.

"Pedra! Total!"

Eu fiquei paralisada, vidrada nos olhos dele e em todo o conjunto da escultura esculpida pelos anjos.

Melanie?! Oi? – Ele acenou na minha frente e eu voltei a ser humana.

— Oi! Desculpa. É que eu fiquei olhando seus olhos... você tem olhos lindos – falei, me inclinando um pouco por cima da mesa.

— Ah, obrigado – sorriu –, mas não são exatamente meus, os meus olhos são castanhos, essa cor são das lentes.

— São lentes?! – perguntei com espanto.

— Não – respondeu rindo e eu comecei a rir por cair na brincadeira dele.

"Lindo e divertido. Será que ele tem algum defeito? Talvez ele esteja ficando careca."

Como se ele pudesse ouvir os meus pensamentos, ele tirou parcialmente o boné com um sorriso de cair calcinha, passou a mão no cabelo perfeitamente loiro sem um fio faltando e colocou novamente o boné.

"Pau pequeno. Só pode ser isso! Não é possível alguém ser tão perfeito assim!"

— Você me pegou – disse com riso leve.

— Você é fácil de ser enganada. – Ele deu de ombros sorrindo e eu olhei para ele, desfazendo o sorriso e pensando em todas as vezes que pessoas conseguiram me enganar.

Não era algo agradável e, pelo o meu passado, eu já deveria ter aprendido a não confiar tanto assim nas pessoas, eu não deveria ser tão fácil assim de ser enganada, mas eu costumava confiar nas pessoas, na bondade delas.
Meu irmão dizia que esse era o meu maior defeito, mas também a minha maior virtude. Ele sempre me dizia que meu coração era puro, por não ver maldade nas pessoas, isso me fazia ser gentil, bondosa, mas também acabava fazendo com que as pessoas se aproveitassem disso e me enganando, e me manipulando.

— Me desculpe, isso te ofendeu? – Ele perguntou, percebendo que aquilo tinha me causado desconforto.

— Não. Não é isso – disse rapidamente e sorri de leve. – Você tem razão, eu sou fácil de ser enganada – olhei para baixo –, mas é porque eu costumo acreditar nas pessoas. – Voltei a olhar para ele. – Você não? – perguntei e ele balançou a cabeça negativamente. – Mesmo? Por quê?

Só Faltava V💋cê! - Vol. 1Onde histórias criam vida. Descubra agora