Capítulo 26. Luto

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Quando eu consegui parar de chorar, deitei novamente no sofá, apoiando a cabeça no colo de Sarah. Eu contei para ela tudo o que Dylan tinha me contado e falei tudo o que estava sentindo, todo o remorso e dor. Algumas lágrimas ainda teimavam em cair enquanto eu falava. Sarah me ouvia atentamente, acariciando o meu cabelo e falando somente uma vez ou outra palavras de conforto.

— Eu ainda não acredito que ele se foi sem eu voltar a falar com ele – disse, enxugando uma lágrima.

— Não tinha como você saber que estava chegando a hora dele, Mel. A gente sempre acha que tem tempo de sobra para isso. Todo mundo espera que se viva muito, estamos sempre adiando as coisas, esperando que as coisas aconteçam naturalmente, que as pessoas tomem a iniciativa quando a gente poderia tomar uma atitude primeiro. Eu sei de todas as vezes que você tentou, mas tinha medo, e eu entendo este medo, mas você tinha cinquenta por cento dos dois resultados.

— Eu sei... mas ele também. Ele continuou se preocupando comigo – falei chorosa.

— Claro que sim, Mel! Ele era o seu pai! Não é porque vocês tiveram um desentendimento no passado que ele deixaria de ser pai, de se preocupar com você. Dylan tem razão quando diz que vocês dois são orgulhosos e teimosos. Você teve a quem puxar!

Desabafar com Sarah e as palavras dela me deixaram mais calma e aliviou um pouco a minha dor, mas eu não sabia se um dia aquela dor passaria completamente.

— Será que um dia eu vou deixar de sentir remorso?

— Só se você se permitir. Você não vai conseguir seguir em frente se continuar se sentindo assim. Faça as pazes com você mesma, se perdoe e você vai poder viver bem. Esqueça o seu desentendimento com ele, lembre-se dos momentos bons, do pai amoroso que ele era para você. Você tem que continuar vivendo a sua vida, e ele ia querer isso.

— É, eu vou tentar.

— Não se preocupe, nós vamos te ajudar. Vamos te ajudar a seguir em frente.

Ficamos em silêncio por um instante e Sarah continuava a acariciar o meu cabelo. Até que ela quebrou o silêncio ao perguntar:

— Ô, Mel... por que o vaso que a Vanessa te deu está ali quebrado no chão? Ficou com raiva dela e descontou no vaso?

— Ah... não – respondi, me erguendo envergonhada e encolhi os ombros. Sentia meu rosto queimar, ruborizando ao me lembrar do beijo. – O vaso caiu porque eu me bati no aparador... – olhei para ela, segurando um sorriso – enquanto estava beijando o Nick – completei e Sarah abriu a boca para comemorar, mas se conteve. – Pode comemorar, Sarah, eu comemorei. – Dei de ombros e ela gritou, erguendo os braços.

— Aleluia, Senhor! Finalmente! – exclamou, me fazendo rir de leve. – Me conta, me conta. Me conta tudo! – pediu empolgada, se virando para mim.

Contei tudo para ela, desde o momento em que ele me deixou na porta até o momento em que ele foi embora. Sarah estava surpresa de eu ter pedido para ele me beijar e do nosso amasso nos degraus da escada.

— Meu Deus, vocês estão pegando fogo! Também não era para menos, do jeito que vocês estavam loucos para se beijarem e do jeito que um olhava para o outro, eu não esperava nada menos do que isso. Mas gostei de ele ter parado, é um homem que sabe dos limites.

— É... Eu não estava pensando direito, na verdade eu não estava pensando em absolutamente nada, não estava conseguindo me controlar. Ele me deixa louca, eu nunca senti nada perto disso por ninguém! O beijo dele é incrível... – suspirei, me lembrando – e ele é maravilhoso! – Eu olhei para ela que me olhava cheia de malícia. – Não me olha assim, Sarah, eu não estou falando isso dele somente pelo beijo e pelo amasso, mas pelo que ele fez por mim hoje. Ele me levou na catedral para que eu pudesse acender uma vela para o meu pai.

Só Faltava V💋cê! - Vol. 1Onde histórias criam vida. Descubra agora