20 de dezembro de 2042, sábado.
Eu estava animado para ir na festa que ia acontecer no Old Campus de Yale. Nícolas me falou que essa universidade é a mais baladeira que ele já conheceu, disse também que toda sexta ou sábado tem uma festa por lá. Aos domingos os próprios alunos limpam toda a bagunça.
Nícolas já tinha transferido suas coisas para o seu dormitório em Yale, ficando apenas eu no hotel. Já fazia algumas horas que estava deitado na cama esperando o tempo passar para que eu pudesse ir na festa que iria acontecer a partir das 5 PM. Mas parecia que uma lesma tinha tomado conta do tempo.
Levantei e me vesti, sempre com meu moletom cinza. Fui em uma cafeteria comprar algo para comer, acordei tarde demais para ir tomar café no hotel. De opções na cafeteria tinha, como sempre, pizza, frutas, todo tipo de doces, ovos, bacon, hambúrguer, salsicha. Optei por comer dois pães com ovos e uma caixa de leite de amêndoas.
Enquanto comia via o movimento pela janela, estava sentado em uma mesa sozinho, a mesa possuía lugares para quatro pessoas e o estabelecimento resolveu lotar do nada. Quando cheguei não havia ninguém além de mim, mais dois grupos de pessoas e quem trabalhava na cafeteria. Em poucos minutos todas as mesas estavam ocupadas e uma fila se formava no lado de fora do estabelecimento. Peguei meu sanduíche, embrulhei em guardanapos, minha caixa com o leite e saí de lá, podia estar ocupando a vaga de quem estava interessado em tomar café.
Comia e tomava meu leite sem pressa alguma, para ver se a hora passava mais rápido. Andava pela calçada observando os lugares turísticos que tinha por ali, havia teatros, cinemas, centro de expedição, grandes bibliotecas. Após passar um tempo andando pela cidade resolvi voltar para o hotel.
O segurança que ficava na porta do hotel me deu boa tarde, mas nem passei tanto tempo lá fora assim. Ou passei? Sim eu passei. Olhei para o relógio que ficava em cima do balcão da recepção, já eram 4:30 PM. Merda.
O meu celular começou a tocar enquanto apertava feito um psicopata no botão do meu andar no elevador, peguei e vi que era um número desconhecido me ligando.
— Alô? – perguntei.
— Alô. Falo com Alan? – respondeu a voz no outro lado da linha.
— Sim, quem é?
— Sou eu, Ethan. Não está reconhecendo minha voz, maluco? – riu.
— Ah sim, fala. – saí do elevador, passei o cartão para a abrir a porta e fui tirando o tênis e a roupa desesperadamente para entrar no chuveiro.
— Escuta, Nícolas já está na festa e um pouco bêbado para vir te buscar então eu que estou indo, é nesse endereço aqui né? Peraí. –
1 nova mensagem recebida, número desconhecido.
(312) XXX-XXXX: (Foto)
Na foto havia um papel amassado escrito com caneta o endereço do hotel que eu estava hospedado.
— Sim, esse mesmo. – respondi colocando o celular no viva voz e ligando o chuveiro.
— Que bom. Porque eu já estou na portaria, vou falar com a mulher aqui pra eu subir, pode ser? – perguntou.
— Calma, eu ainda vou tomar banho. Espera aí embaixo que eu já estou descendo. – desliguei o celular sem esperar a resposta. Tomei um banho rápido, vesti a jaqueta de couro que Nícolas colocou em minha mala, não sei porque, ele nem ia pagar excesso de bagagem. Uma calça jeans azul escura, uma blusa branca com estampa e o mesmo tênis de sempre.
Quando cheguei ao térreo Ethan estava lá, conversando com a mulher da recepção. Notei que ele estava mandando uns papos pra ela, que estava com a bochecha corada. Cheguei ao seu lado e assoprei em seu ouvido.
— Sai, desgraça. – me empurrou com o ombro – Então, gatinha. Meu número você já tem, tenho que ir levar essa criança ali, depois você me liga. – deu uma piscadinha, jogou seu cabelo castanho para o lado, pegou no meu pulso e me puxou para fora do hotel.
— Pelo visto você não perde uma. – ri enquanto caminhava ao seu lado, ele acenava para um táxi que parou alguns metros em nossa frente. O mesmo apenas sorriu e deu de ombros.
— Isso porque você não viu Jacob, ele sim que não perde uma. – respondeu.
...
Chegamos na universidade, a neve continuava no mesmo jeito que estava ontem, talvez um pouco pior. Mas isso não atrapalhava as pessoas que pulavam com seus copos vermelhos, havia bebidas derramadas na neve, fazendo que ela ficasse com uma coloração diferente. Ethan já começou a dançar antes de chegar ao Old Campus, batendo seu quadril no meu e falando para começar a me soltar.
De longe já avistei Nícolas e Brianna em cima de um carro, Brianna dançava e segurava um copo vermelho, e Nícolas girava sua camisa azul encharcada, estava fazendo 1ºC e ele estava sem camisa.
Caminhei até uma distância segura do pessoal que estava bêbado tipo o Nícolas, sentei em um tronco de árvore que havia ali. Chutava a neve, afastando-as da minha calça para que eu pudesse cruzar as pernas e não ter a batata congelada. Próximo a mim tinha uma fogueira com o fogo um pouco baixo para não causar acidentes, ao redor da festa também havia outras fogueiras igual a essa. Uma vez ou outra aparecia alguém com uma garrafa de whisky, me oferecendo. Aceitei algumas doses.
O tempo passou e tinha cada vez mais gente bêbada, a idade variava de pessoas do mesmo nível que eu e até pessoas do mesmo nível que Nícolas, vi que algumas pessoas também estavam sendo carregadas pelos seus amigos para dentro de seus respectivos dormitórios. Nícolas, Brianna e Jacob estavam sentados no capô de um carro, o short de Brianna estava manchado de alguma bebida, Nícolas já tinha colocado sua camisa azul, que grudava em seu peito e em seus gominhos da barriga. Jacob usava um chapéu de fazendeiro e com um pedaço de mato na boca. Não parecia estar bêbado. Quando Nícolas sobe no capô do carro e grita:
— Pessoal, pessoal, já que só sobraram nós aqui, – o resto das pessoas gritaram – Vamos encerrar essa noite com a brincadeira que todo mundo ama.
— Eu nunca! – completou Brianna.
Todo o mundo que sobrou levantou-se e carregou os troncos que haviam em volta do campus para o centro da festa, formando um circulo. Resolvi participar, não me diverti na festa, então teria que me divertir de um jeito diferente.
— Beleza, beleza. As regras são simples: Quem já fez, bebe. E não pode mentir de jeito nenhum. Vamos, eu começo. – assim que Brianna terminou de falar eu sentei em um tronco, sozinho. Nícolas sorriu assim que eu cruzei minhas mãos. O vapor saia de nossos bocas, indicando o frio que fazia naquela noite. — Eu nunca fiz algo escondido dos meus pais. – Brianna bebeu, e mais 8 pessoas do circulo, incluindo Nícolas, Ethan e Jacob.
— Eu nunca.. – começou a falar um garoto loiro, de olhos azuis. – Usei a mesma roupa íntima duas vezes no mesmo dia. – Ele não bebeu, mas todas as garotas da roda beberam.
— O que? Sutiã não suja tão fácil assim. – respondeu uma garota negra.
— Isso aqui está muito fácil – Nícolas levantou-se. – Eu nunca fiz sexo oral. – todos da roda beberam, menos eu. Agora eu sou o foco da rodinha.
— Eu nunca.. – resolvi falar – Beijei alguém do mesmo sexo. – Nícolas franziu os cenhos, Brianna, Jacob e Ethan riram. Brianna deu um gole enorme em sua garrafa de vodka, eu bebi um gole da bebida cujo eu nem sabia o nome. Nícolas também bebeu. Os meninos da roda fizeram um ''uuuuu''.
— Eu nunca fingi ser alguém que eu não sou. – soltou Nícolas. Eu não bebi, não queria seus amigos me enchendo de perguntas no próximo dia. Nícolas sorriu de um jeito maligno pra mim.
— Não sabia que você já beijou outros caras, Nícolas. – falou Brianna.
— Já fiz tanta coisa que vocês nem imaginam. – deu de ombros.
Depois do que Nícolas disse, resolvi sair da brincadeira. Ele estava bêbado demais e isso iria sair ruim para mim se continuasse.
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Impopular (Romance Gay)
RomanceJean se acha insuficiente. Com seus irmãos atuando em filmes, séries e novelas e seus pais já com a vida feita, o jovem ainda está concluindo o ensino médio. Sua família é rica e poderosa, mas Jean não gostaria de ter tudo isso em seu domínio.