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14 de março de 2043, sábado.

Se passaram quatro dias desde a minha chegada, Alexandre agora dormia com Noah, ele literalmente colocou uma algema em seu braço e no braço de Noah, para não deixá-lo sair de seu quarto, ambos reclamavam que não conseguia dormir, mas meu irmão só o soltava no outro dia de manhã.

Me espreguicei, levantando meus braços para cima. Olhei para o lado e dormia Aisha. Seus cabelos agora estavam maiores. Ouvi barulhos no corredor, de pessoas correndo e gritando. A voz de Noah, Alexandre, e o de desespero obviamente era o de Chase.

Olhei para o meu lado novamente, finalmente me toquei que quem era para estar dormindo comigo era Chase, não a Aisha. Se a Aisha estava aqui queria dizer que...?

Corri para a porta, abrindo-a desesperadamente, Aisha também levantou com os gritos que ouvia pela casa, colocamos a cabeça para fora do quarto, Talita estava de langirie em sua porta, com as mãos na boca, Chase corria do meu irmão, em círculos, nosso corredor era grande o bastante para fazer um circulo.

- JEAN AJUDA O MENINO! - gritou minha irmã, apontando para Chase que não parava de correr em círculos, tentava desviar dos movimentos do meu irmão arrodeando uma estátua velha que havia no meio do corredor.

- Ajudar como?? - respondi, olhando para ela. Aisha ria de tudo que via. Noah corria atrás de Chase também por ainda estar algemado ao meu irmão.

- SEI LÁ, SÓ FAZ ALGO!! 

Tentei para meu irmão, mas falhei. Ele me empurrou, sem dificuldade nenhuma, acabei caindo de bunda no chão. Noah tentou parar para me ajudar, mas foi puxado pelo meu irmão por conta das algemas. 

- EU NÃO FIZ NADA EU JURO! - gritava Chase enquanto corria.

- COMO ASSIM VOCÊ NÃO FEZ NADA? VEM AQUI SEU TARADO QUE EU VOU MATAR VOCÊ

- PELO AMOR DE DEUS CARA MEU PULSO VAI CAIR! - gritou Noah para o meu irmão que finalmente parou de corre atrás de Chase. Isso deu uma brecha para Chase correr e entrar no quarto de minha irmã, que não perdeu tempo e entrou também, fechando a porta.

- Cada dia uma surpresa nessa família né? - chegou Aisha do meu lado, rindo. Me estendeu a mão para me ajudar a levantar. Noah chegou próximo a mim, alisando seu pulso. Estava um pouco vermelho, mas nada demais. Segurei sua mão, distribuindo beijos em seu pulso. Noah riu, segurou meu queixo e me deu três selinhos.

- VOCÊS NÃO VÃO FICAR AÍ PARA SEMPRE, CHASE, SE EU TE PEGAR EU TE QUEBRO NO MEIO! - gritou meu irmão, batendo na porta do quarto de minha irmã. Nenhum som ouvimos de dentro do quarto.

- Você poderia deixar de ser tão possesivo assim, sabia? - falei olhando para o meu irmão.

- Você não se mete, se não quer defender nossa irmã deixa que eu defendo.

- Defender de quem? Do Chase? - Noah disse, rindo. - Ele é um bunda mole, não machuca nem uma formiga. Quem dirá o mulherão que é tua irmã. É mais fácil ela machucar ele. - continuou rindo.

- O que você disse da Talita?

- Ei, calma ai, meu coração é totalmente do seu irmão - levantou os braços em sinal de rendição.

Nesse meio tempo, sobre dona Maria, a mulher que fazia toda nossa comida juntamente com outras pessoas.

- Que barulheira é essa aqui? Já são 13h30, anda, desçam para almoçar! - chegou próximo de nós, batendo palma. 

Dona Maria obviamente sabia de tudo que estava acontecendo entre nós dois, me prometeu a não contar a ninguém, fez aos outros funcionários da casa também prometer que não falaria nada para minha mãe e meu pai.

Chegamos onde íamos comer, tinha várias opções de mistura e três opções de arroz diferente, o cardápio estava muito variado e colorido como sempre. Podia ver também no mínimo cinco opções diferentes de salada. Noah e Aisha estavam completamente apaixonado pela nossa comida, Noah falou que quando nós casássemos na nossa casa só iria ter comida brasileira. Eu ri que Noah estava realmente levando tudo a sério, já tinha escolhido até a cor de nossos ternos. Não via nosso pai desde o dia que eu cheguei em casa. Não me importava, já estava acostumado com sua ausência.

- Mamãe e papai vão chegar em cinco minutos. - comentou minha irmã, chegando próximo a nós. Chase estava atrás dela, encolhido. Ambos agora estavam vestidos, Aisha que antes só estava usando uma calcinha e sutiã agora estava com um shorts rosa e uma blusa branca. Chase que antes só estava vestindo uma calça moletom agora estava com uma bermuda cinza com estampa de caveira

Que por sinal eu sabia que era do meu irmão

E uma regata branca.

- Como você sabe? - perguntou Alexandre, de boca cheia. Ele não conseguia evitar seu olhar de ódio para Chase.

- Mamãe ligou.

- Eu nem sabia que Arthur tinha saído. - comentei.

- Sim, o pai saiu. - respondeu minha irmã.

Meu irmão não respondeu, ele era o segundo menos próximo de nossos pais. Talita era quem mais conversava com eles.

Depois de três minutos de puro silêncio na mesa, escutando somente a comida sendo mastigada, ouvimos barulhos de carro na garagem. Dois minutos depois aparece meu pai e minha mãe.

Minha mãe usava um vestido azul-marinho com um cinto dourado. Meu pai, por outra vez, um terno preto com uma gravata azul escura. Seus cabelos estavam cortados nos lados, deixando apenas um pequeno volume de cabelo no meio.

Minha mãe passou em meu lado, observando suas novas companhias, sentia que Noah tremia de nervoso, sua perna não parava de balançar. 

- Bom dia? - minha irmã falou, sorrindo, para ambos.

- Acho que não. - respondeu minha mãe, soltando sua bolsa em uma estante próxima.

Engoli seco. A vi retirar um tablet de sua bolsa. Meu pai nada falou, só seguiu para seu escritório, enquanto retirava seu blazer e gravata.

Minha mãe deslizava seus dedos rapidamente sobre o tablet, assim que achou o que desejava, a vi fazer um movimento de ampliar a imagem, e assim, jogando o tablet em nossa frente.

Ela ia passando as imagens, e só ia piorando. A primeira era de Noah e eu aos beijos, devo adivinhar, no primeiro dia, depois, nós despidos, eu estava em cima de Noah e ele segurava minha cintura. Depois eram imagens de nós dois fazendo sexo. E o não havia imagens e vídeos só meus, também havia vídeos da Talita transando com Chase e de Alexandre comprando drogas de um cara de capuz vermelho, em uma esquina de no mínimo 100 metros de nossa casa. 

- Vocês podem explicar isso? - falou minha mãe, cruzando os braços e batendo seu tamanco no chão de madeira, fazendo um som insuportável.

- E-eu.. - comecei a falar.

- Você não. - repreendeu minha mãe. - Que você era veado eu já sabia. Não quero ouvir suas desculpas. Já vocês dois. - apontou para Talita e Alexandre. - Você, Alexandre, que se droga não é nenhuma novidade. Mas precisava ser pego comprando? É um incompetente mesmo. - falou minha mãe. - E você. De novo, Talita? Quando você vai aprender a parar de transar na merda da varanda? Eu já te falei pra parar com isso, sua retardada!

Nenhum pio saia de nossas bocas. Eu estava pensando em tudo que tinha acabado de acontecer. O que eu mais temia NO MUNDO estava acontecendo. Acabei arruinando nossa família, nosso nome. 

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