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22 de dezembro de 2042, segunda-feira.

     Faltam dois dias para o natal. Eu particularmente não gosto de nenhuma data comemorativa, os aniversários são os piores. No Brasil, a cada dia que fosse, podia ser algo bem mínimo do mínimo, meus pais faziam uma festa que duravam dias. Mas não estou no Brasil, finalmente irei ter um natal que preste sem todas aquelas câmeras, paparazzi e flashs no meu rosto o dia inteiro.

Já são 4 PM, e nada da bendita ligação, eu já estava ficando nervoso. Se eu não entrasse na universidade eu teria duas opções: tentar a vaga em outra universidade, em outro estado. Ou voltar ao Brasil, que seria a minha última alternativa caso tivesse mais delas. Não poderia ficar nos Estados Unidos sem fazer nada, poderia arrumar um emprego, mas não tenho experiência alguma com trabalho, única coisa de útil que eu sei fazer é falar mal da vida dos outros e estudar. Minha vida está totalmente entregue ao homem que me fez a entrevista hoje.

Estou na banheira do hotel, de molho há mais ou menos duas horas. A água quente já tinha esfriado, o sabão que tampava minha visão já não existia mais. Resolvi começar me ensaboar, eu só tinha ligado a banheira e entrado, não tinha mexido um músculo sequer já fazia duas horas. O celular estava ao meu lado, intacto, sem mensagem ou ligação alguma. Comecei a passar o sabão pelas minhas pernas, os pelos estavam razoavelmente grandes. Não gostava de raspar ou aparar os pelos das pernas, é horrível e demorado.

Saí da banheira e me enxuguei, peguei meu celular e joguei em cima da cama. Prendi a toalha a cintura e comecei a passar a espuma no meu rosto para retirar o projeto de barba que crescia em meu queixo.

O celular começa a tocar, minha toalha cai e eu escorrego nela enquanto tentava correr para pegar-lo, minha batata dá uma cãibra enorme e não consigo levantar. Tive que me rastejar até a cama, 5 metros que pareciam 1 quilometro.

Número desconhecido, chamada de vídeo.

Meus dedos estavam melados com a espuma de barbear, sentei na cama ainda nú, joguei meus cabelos para o lado retirando do meu campo de visão. Tentei limpar enxugar a tela do celular na almofada e sem querer acabei recusando a ligação.

Merda, merda, merda, mil vezes merda!

Não deu um minuto e meu celular começou a chamar novamente, arrumei meu cabelo novamente e finalmente atendi. Uma mulher que aparentava ter seus 45 anos atendeu. Sua pele era negra, seu cabelo preto estava preso em um coque. Usava uma leve maquiagem.

— Boa tarde? – falou a mulher.

— B-boa tarde, senhora. – andei até o armário e peguei um cobertor limpo, cobrindo todo meu corpo. Não queria arriscar de meu celular cair e de alguma forma ela me ver nu, se bem que eu estou segurando meu celular mais forte que tudo na vida.

— Falo com Alan Salvatore? – A moça estava olhando para baixo, devia estar fazendo algo enquanto falava comigo.

— Sim, sim. O que devo sua ligação?

— Sou vice-coordenadora da universidade Yale. – assim que ela falou essas palavras, meu sorriso se abriu instantaneamente. – Queria dar a notícia que você foi aprovado para entrar em nossa universidade. Meus parabéns. – sorriu. Não consegui conter minha felicidade e comecei a pular feito um canguru no quarto. A mulher só conseguia rir.

— Obrigado, obrigado, obrigado. – beijei a tela do meu celular, a moça afastou o rosto da tela. – Você não sabe o quão eu estou feliz com essa notícia!

— Eu imagino. – riu – Então, você era o último da lista. Foi o que teve a reação mais inesperada também. Esteja no Old Campus amanhã as 7AM. Sem atrasos, por favor. – disse, eu confirmei freneticamente com a cabeça. – É só isso e obrigado, tenha uma boa tarde. – e desligou a ligação. 

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