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18 de dezembro de 2042, quinta-feira.

— Você sabe que meu segundo nome é Alan, não é? – disse enquanto terminava de por minha terceira mala no porta-malas da van que iria nos levar ao aeroporto, iríamos embarcar em 1h30.

Chegaríamos ao aeroporto em exatos 30 minutos, se não pegarmos transito. Nícolas já estava dentro da van, apenas esperando eu entrar para permitir a partida ao motorista.

— Sim, mas quase ninguém o conhece por Alan, nem eu mesmo sabia. – falou, levantou-se do banco, ficando totalmente em pé, pegou um café gelado de caixinha e começou a tomar, voltando a se sentar no banco. – Lá fora que não irão te reconhecer mesmo.

Sentei-me ao seu lado, havia outras opções da banco para eu sentar, havia até um banco que se curvava para trás, virando uma cama, mas preferi sentar ao seu lado, para conversarmos durante a viagem. Nícolas acenou para que o motorista desse partida, minha irmã chorava no portão de nossa casa, mandando beijos para mim, fiquei triste por ela, mas não poderia desperdiçar essa chance. Também mandei beijos para ela, assim que a van chegou na curva da esquina, a vi entrar com seu cachorro.

— A viagem será longa, mais de 10 horas no avião, você consegue dormir? – perguntou.

— Não sei, vamos descobrir hoje. – sorri.

— Acho bom você conseguir, porque eu nos primeiros minutos já estarei roncando.

Não falei nada, apenas ri.

Chegamos ao aeroporto, houve um acidente na pista principal que nos fez atrasar alguns minutos, mas nada que atrapalhasse nossa entrada no vôo, ao passar pela porta do avião eu fiquei atrás de Nícolas que estava seguindo um homem alto de terno, ele nos deixou na quarta fileira de cadeiras, no meio do avião, já sabia que era primeira classe.

Olhei para a cadeira ao meu lado, onde estava Nícolas e ele realmente já estava dormindo, com sua poltrona totalmente inclinada para trás, dois travesseiros e um cobertor grosso, cobrindo seu corpo totalmente. Após comer tentei dormir, mas sem sucesso eu resolvi assistir um filme.

...

— Acorda, chegamos. – senti meu corpo chacoalhar, tirei as mascaras de dormir que a companhia aérea oferecia, olhei para Nícolas que já estava em pé em minha frente. O sol entrava com dificuldade pelas janelas, pela borda consegui ver que acumulava um pouco de neve.

Saímos do avião, a neve ao redor da pista do aeroporto se acumulava, as nuvens estavam cinzentas, pingos de chuva caiam lentamente, aos poucos. Nícolas estava atrás de mim coberto com pelo menos 3 camadas de roupa, já eu usando apenas uma regata azul, uma bermuda jeans e uma sandália, eu não estava sentindo muito frio. Os funcionários do aeroporto que vestiam amarelo estavam dirigindo automóveis que serviam para retirar a neve do caminho, mesmo sendo tão pouca. Os de verde neon, estavam segurando mini-lanternas vermelhas nas mãos, guiando os aviões para os estacionamento.

Eu e Nícolas fomos os últimos a sair do avião, apenas eu estava carregando duas bagagens de mão, as malas eram pequenas, carregava apenas alguns acessórios particulares, já que eu ia comprar a maioria das minhas coisas por aqui. Ele quase não trouxe bagagem, já que o mesmo iria ter que voltar em pouquíssimo tempo.

Ao entrar no aeroporto, passamos por uma grande fila que daria ao processo de imigração, alguns longos minutos depois, chegamos onde seriamos atendidos, pediram nossa documentação e nossos vistos, rapidamente fomos autorizados a entrar, não entendi porque demoramos tanto para chegar se esse era todo o processo.

Assim que chegamos já avistamos nossas malas, a minha era uma grande mala laranja, que tinha a maioria das minhas roupas. A de Nícolas era uma pequena de mão, acho que o mesmo deixou toda sua roupa no Brasil.

Passamos também pelos detectores de metais, novamente, sem problema algum.

Nícolas pediu um táxi, não demorou para que aparecesse, por mais que entendesse tudo que Nícolas falava, eu ficava parado, estético, apenas o observando. Eu parecia um robô ao seu lado. No caminho todo o motorista puxava assunto com Nícolas que pelo visto não estava com bom humor para responder, então comecei a responder em seu lugar, fiquei feliz que finalmente estava pondo em prática meu inglês, o motorista era bastante gentil, ficou muito interessados em o que nós faríamos ali em New Haven, respondi que Nícolas estudava em Yale e que eu iria tentar a vaga em poucos dias, ele me desejou boa sorte. Agradeci.

Chegamos ao nosso destino, Nícolas que havia reservado nossos quartos, eu não tinha planejado nada já que descobri literalmente em cima da hora que viria para cá. Passamos pela portaria, fomos muito bem atendidos, também tive que resolver as papelada do hotel. Subimos para nossos andares, o quarto de Nícolas era depois do meu, ele não se despediu de mim, apenas andou até a penúltima porta do corredor e entrou. Deveria estar cansado da viagem.

Ao entrar no meu quarto, vi no fundo uma janela grande, no lado de fora consegui ver uma igreja que estava bastante coberta pela neve, o ponteiro do relógio que ficava ao topo não conseguia se mover. A cama era de casal, havia dois grossos edredons marrom, dois travesseiros brancos e uma estante branca ao lado da cama, com alguns objetos de decoração e livros. No outro lado da cama havia um frigobar, também marrom. O abri e vi que havia água, refrigerantes que nunca havia visto na vida e alguns doces, peguei dois refrigerantes.

No quarto também tinha um sofá encostado. Preso a parede em cima do sofá havia um quadro com uma paisagem chinesa, devo adivinhar. Abajures de decoração estavam espalhados por todo quarto, ao canto do tinha uma mesa e uma cadeira, a mesa havia suporte para colocar o notebook.



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