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10 de março de 2043, terça-feira.

Chegamos finalmente no aeroporto, o processo foi rápido, nossas malas foi uma das primeiras a chegar. Não trouxe muita coisa, não achei necessário já que eu estava indo para minha própria casa.

Joseph pegou sua mala e andou na frente a procura de um táxi, porém todos estavam ocupados, por algum motivo o aeroporto estava muito cheio hoje. Não tendo resultado em achar um carro disponível ele chamou um de seus motoristas particulares. Demorou menos de 20 minutos. Quando seu motorista chegou, em uma limusine, todos olharam para nós.

- Não tinha algo mais discreto não? - sussurrei para Joseph enquanto esperava o motorista abrir a porta para nós. Eu ia tentar abrir para mim mas levei uma leve bronca do motorista. Joseph riu.

- Ele é ciumento com o carro. E não, nós não temos outros carros além de limusine, só do meu pai, mas ele não deixa ninguém usar os carros dele.

Dei de ombros e entrei no carro, não falei para minha irmã que estava a caminho. Joseph pegou um refrigerante no frigobar que tinha na nossa frente, tocava uma música na mini tv, Joseph estirou seu braço para mim, me oferecendo um refrigerante. Peguei e tomei alguns goles, deixando depois a latinha em cima da mesa.

- Vou te deixar em casa primeiro, depois eu vou pra minha.

- Ok - respondi concordando com a cabeça, sorri para ele, recebi outro sorriso em resposta. Joseph sentou mais próximo de mim, segurando minha mão direita. Senti meu rosto corar, ao mesmo tempo senti uma sensação estranha, como se tivesse mais alguém me observando além do Joseph que agora olhava firme em meus olhos, eu tentei disfarçar, bebendo goles do refrigerante, ele não soltava minha mão, eu já estava começando a suar frio, quando a limusine passa em uma lombada, nos fazendo pular.

Joseph soltou minha mão para se segurar melhor, eu fiz o mesmo porém ainda estava com o refrigerante na mão, conclusão: o derrubei inteiro no banco, a sorte é que era de couro. Joseph não parava de rir.

- Me desculpa, eu não vi a lombada. - falou o motorista de Joseph, pelo rádio.

- Sem problemas - respondeu Joseph, ainda rindo.

Eu tentava me enxugar das gotas que tinha caído em minha camisa branca, mas já tinha manchado, não importava o que eu fizesse agora, não ia conseguir limpar totalmente. Joseph foi parando de rir aos poucos, pegou um guardanapo em uma mini gaveta que tinha embaixo do banco e estirou pra mim. Eu sussurrei um obrigado e comecei a limpar o banco.

- Eu te dei isso pra você se limpar, não limpar o banco.

- É que você disse que o motorista é ciumento com a limusine, e eu quero voltar pra casa intacto.

- Relaxa, eu não deixo ele e mais ninguém tocar em você.

Suspirei e comecei a passar o guardanapo onde estava manchado de refrigerante. Ao terminar de limpar, senti a limusine parando, olhei para o lado e lá estava minha casa. Ela estava totalmente diferente de antes, agora não era mais da cor branca e sim um rosa bebê bem fraco, parecendo um salmão, escutava barulho de água na área da piscina, e óbvio, a voz do meu irmão. Revirei os olhos assim que lembrei que ele ainda morava ali. A porta abriu automaticamente assim que o porteiro me viu quando eu abaixei o vidro da limusine.

- Senhor Alan, não imaginei que você iria retornar. - disse Carlos, outro Carlos.

- Se eu te disser que eu também não achei que iria voltar nem tão cedo você acreditaria? - falei enquanto entrava na garagem que agora estava 2 vezes maior que antes, os arbustos que acompanhava a trilha para as portas do fundos não existiam mais, meu irmão estava na piscina com dois de seus amigos, não reparou em nós, continuou afogando um de seus amigos, o seu outro amigo estava nadando em direção a borda da piscina para subir no tobogã.

Desci do carro com Joseph, ele foi conversar com seu motorista enquanto eu terminava de fechar a porta do carro. Assim que eu bati a porta, recebi o olhar pesado de meu irmão, que soltou seu amigo imediatamente e bateu seus braços desesperadamente para sair da piscina, assim que saiu correu em minha direção, porém escorregou na grama. Eu ri. E ele também.

- VOCÊ VOLTOU? - Alexandre me deu um abraço, fazia anos que tinha recebido um abraço de meu irmão, seu corpo aparentava estar maior, percebi que seus amigos também saíram da piscina.

- Você. Está. Me. Esmagando. - falei, ele me soltou, respirei fundo, tentando recuperar o ritmo da respiração.

- Você vai ficar de vez né? Porque essa mala tão pequena? Você vai voltar pra lá? - Falou Alexandre, olhando para mim, dei uma rápida olhada para trás, o motorista de Joseph estava dando a ré, Joseph estava parado ao lado da minha mala, olhando para nós dois, suas mãos estavam escondidas atrás da suas costas. - Espera aí - meu irmão deu uns passos para frente, ficando há menos de um metro de Joseph. - Eu conheço você.

- E ai. - respondeu Joseph. - Acho que não.

- Tenho certeza que conheço.

- Então tá. - Joseph deu de ombros e riu. Alexandre voltou para ao meu lado.

- Vamos entrar, nossa irmã vai surtar quando te ver. - Alexandre saiu me puxando pelos braços, em direção a sala. Eu virei um pouco meu corpo, chamando Joseph para vir conosco, ele deu uma corrida e segurou em meu pulso, agora eu tinha meu irmão me puxando pelos braços e Joseph agarrado em meu pulso.

- Talia, Talia, TALIA - gritou meu irmão, no pé da escada.

- O que é, inferno? - ouvi a voz de minha irmã e seus passos, se aproximando da escada. Assim que ela me viu, abriu sua boca, formando um ''O'' e deu gritos agudos um segundo depois, desceu as escadas freneticamente e me deu um abraço, o impacto foi tão grande que eu caí de bunda no chão, tentava esquivar dos beijos que minha irmã estava deixando no meu rosto, e o pior, ela estava de batom vermelho.

- Então você voltou? - escutei a voz de Arthur, meu pai, na porta de seu escritório, seu olhar estava sério como sempre, bebia algo em seu copo de vidro, chuto que é whisky.

- Sim - respondi, levantando do chão. Meu pai não respondeu mais nada, só o vi entrar novamente em seu escritório e fechando a porta. Ouvi trancando-a também.

- Não liga pra ele, ele só está estressado. - minha irmã falou, segurando meus braços. Finalmente parei para observar direito sua beleza, ela estava impecável como sempre, seus cabelos estavam um pouco maiores porém ainda estava colorido na cor bebê. O meu estava um pouco também, mas muito desbotado, o seu não, parecia que ela retocava a cor todos os dias. Sorri, enquanto olhava para ela. - Quem é seu amigo? - perguntou Aisha, olhando para Joseph.

- Meu nome é Joseph. Sou amigo do Alan, o conheci na faculdade. - disse Joseph, apertando a mão da minha irmã e logo após a do meu irmão, vi que ele fez uma careta ao cumprimentar o meu irmão.

De novo meu irmão apertando as mãos dos meus amigos? Pensei.

Sempre ouvia reclamações dos poucos amigos que eu tinha, das apertadas que meu irmão dava neles sempre que o cumprimentava. Nunca entendi isso. Também não estou entendendo porque Joseph está falando que nós nos conhecemos em Yale quando na verdade nós somos amigos de infância. Deixei de lado, tinha coisa melhor para fazer.

- Desculpem interromper - ouvi a voz de Carlos na porta - Mas tem duas pessoas lá no portão gritando pelo seu nome, Jean, e tem um muito esquentadinho tentando pular o portão, ele está sendo detido por três seguranças.

Nesse momento meu rosto gelou, será que...? Não, não pode ser. Corri em direção a porta, de longe vi os três seguranças segurando Noah.

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