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8 de março de 2043, domingo.

                 Abro os olhos devagar, a luz que entrava pela janela estava praticamente me cegando. Tento respirar fundo mas não consigo, há um corpo pesado em cima de mim. Eu estava com o cobertor, Joseph estava encima de mim nu, tomei um susto tentando lembrar do que havia acontecido na madrugada, fiquei tranquilo quando os flashs da noite passada vieram atona. Olhei para o rosto de Joseph, sua pele negra estava brilhando, seu rosto não tinha um defeito sequer. Única coisa que havia ali era o roxo perto de seu olho, deixado por Noah. Tento pegar meu celular no outro lado da cama mas estava longe demais, tive que me estirar um pouco, fiz sem movimentos bruscos pois não queria acordar Joseph. Ao ligar o celular, me deparo com uma foto minha e de Noah de plano de fundo. Pisquei freneticamente enquanto as mensagens que tinha recebido nas ultimas horas começaram a chegar. Já eram 1PM. As mensagens não paravam de chegar, era uma atrás da outra do Noah. Havia uma ou duas mensagens de Aisha e Nícolas, mas Noah não parava de me mandar mensagens nem um minuto sequer. Fiquei surpreso ao ver a quantidade de mensagens dele, 5.892 mensagens. Não abri a conversa, respondi somente Aisha. Falei que estava tudo bem e que tinha dormido em um lugar seguro. Após ficar pensando um bom tempo se devia responder Noah ou não, o meu braço que estava aguentando o peso de Joseph começou a formigar. Eu tinha que sair dali, fora que eu estava morrendo de fome.

Sem fazer muito movimento brusco, levantei. Joseph ainda dormia, sorri ao vê-lo procurando almofadas para colocar de apoio em sua cabeça. Andei até a porta do quarto, conseguia ouvir a televisão ligada e passos pela casa. Finalmente a abri, não vi ninguém de imediato, mas ouvi duas pessoas conversando. Em português. Fui em direção a cozinha, havia dois meninos sentados no sofá, ao me verem, sorriram e continuaram a assistir ao jogo que passava na televisão.

- Bom dia? – falei.

- Bom dia. – responderam ao mesmo tempo.

- Você conhece? – falou o menino negro em português, para seu amigo.

- Eu não, deve ser mais algum que o Joseph trouxe da noitada

Franzi a testa.

- Eu não transei com o Joseph. – respondi, irritado.

- Ih, azedou. – disse o menino negro novamente.

- Opa, foi mal. – respondeu seu amigo, sem tirar os olhos da televisão. Bufei e escutei a porta do quarto abrindo atrás de mim. Dei uma olhada rápida, Joseph coçava seus olhos na tentativa de espantar o sono, vestia apenas uma cueca preta.

- O que está acontecendo? – andou e parou ao meu lado, bocejando.

- Nada. – respondemos nós três.

Joseph deu de ombros, andou em direção a cozinha, o cachorro salsicha o seguiu, resolvi segui-lo também. Pegou um leite na geladeira e bebeu direto na boca da garrafa. Ofereceu pra mim, esticando o braço, balancei a cabeça, negando.

- Quer comer o que? – perguntou, ainda com a geladeira aberta.

- Quais são as opções? – tentei olhar dentro da geladeira, mas Joseph estava na frente.

- Hum, deixa eu ver. – abaixou um pouco – Lasanha, lasanha e lasanha.

- Acho que não tenho muita opção.

Joseph riu e tirou duas lasanhas congeladas da geladeira. Colocou para esquentar no microondas.

- Acho melhor você passar pomada nisso aí. – falei para ele. – Está doendo?

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