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1 de março de 2043, domingo.

        Finalmente acordei na cama que tinha na enfermaria. Infelizmente com um pouco de dor nas costas. Olhei por cima do ombro, procurando por Nícolas. Talvez não tivesse sido uma boa ideia de ter o empurrado. Mas eu não era vidente, tenho duas bolas mas nenhuma é de cristal para adivinhar que ele ia bater a cabeça e desmaiar. Também ninguém mandou ele fazer aquela cena toda depois que assumi meu relacionamento com Noah para ele. Por mais que ele tenha gritado em português e ninguém tenha entendido nada. Em minha defesa eu empurrei totalmente por impulso. Tinha medo das pessoas descobrirem meu relacionamento com Noah. Não estava afim de ter toneladas de olharem em cima de mim enquanto eu andasse pelos corredores da universidade.

Escuto o barulho da descarga, e logo após sai Nícolas do banheiro. Ele vestia um vestido típico de hospital. A cor era azul. Também usava uma faixa branca na cabeça. A pancada não teve nada grave. Só atingiu um nervo que fez ele desmaiar. Mas não teve corte nem nada do tipo, porém eu tinha decidido que iria ficar com ele na enfermaria até se recuperar 100%.

— Bom dia. – falei. Em cima de sua cama havia café da manhã. Parecia ser uma sopa de legumes. Na minha infelizmente não tinha nada. Teria que ir no refeitório pegar algo para comer mais tarde.

Nícolas não me respondeu. Caminhou até sua cama e sentou-se. Colocando o prato em seu colo e começando a comer a sua sopa.

— Você já pode ir embora. – falou.

— Não até você ficar 100% – respondi.

— Seu namorado está te esperando.

— Ele pode esperar mais um pouco.

A sala ficou em silêncio depois desse nosso diálogo. Só se ouvia o barulho de Nícolas sugando sua sopa e de minha respiração pesada pela noite mal dormida. Olhei em meu celular, havia trocentas mensagens de Noah perguntando onde eu estava. O ignorei, não era momento de falar com ele. Seu visto por último era de duas horas atrás. Acho que ele finalmente dormiu. Havia também mais de 50 ligações perdidas. Não vi nenhuma, tinha deixado o celular no silencioso antes de dormir.

Nícolas terminou sua sopa, colocou ao lado da cama, em uma mesa. Apertou um botão. Dois minutos de silêncio depois aparece uma mulher vestida com algum uniforme da área de enfermagem. Devia ser alguma aluna fazendo estágio. Ela trocou o curativo de Nícolas e recolheu o prato que tinha ainda um pouco de sopa. Antes de sair, disse que Nícolas poderia sair em duas horas, antes disso, o médico da universidade viria passar alguns medicamentos para Nícolas, que estava com fortes dores de cabeça.

Por favor, tira esse chapéu. – Nícolas disse. Toquei minha cabeça e percebi que eu estava com um chapéu de Noah, peguei ontem a noite por motivos aleatórios, antes de vir para a enfermaria para ficar com Nícolas. – Você está parecendo um cogumelo.

É vintage. – respondi, defendendo-me. Nunca ninguém tinha criticado o chapéu na cabeça de Noah. Exeto Aisha, mas Aisha criticava tudo de Noah. Nícolas levou uma garrafa de água na boca, tomando alguns goles.

Você está com sotaque. – riu.

É a falta de prática. – respondi, também rindo.

Ficamos em silêncio novamente. Nesse meio tempo, o doutor chegou na sala para passar os medicamentos para ele.

Saí da sala para ligar para Noah. Eu me sentia um namorado ruim não dando satisfação de onde eu estava quando Noah se importava tanto comigo.

Iniciei a ligação, no segundo toque Noah atendeu.

— Alô? Alan? Onde você está? – ouvi sua voz. Claramente tinha acabado de acordar.

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