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7 de março de 2043, sábado.

         A semana passou normalmente. Como sempre, trabalhos, mais trabalhos, trabalhos e trabalhos, felizmente conseguia entregar tudo no prazo e Noah também. Sentia que seu antigo grupo de amigos estavam com um pouco de inveja do novo Noah. Uma vez ou outra eu saia com meu namorado para comermos fora da universidade. Eu já estava de saco cheio de tanta pizza e calabresa frita. Pela primeira vez desde que cheguei até aqui eu estava usando o dinheiro que guardei durante minha vida inteira. Pedia comida três vezes ao dia. Na maioria das vezes era comida japonesa ou brasileira. De vez em quando batia saudades do arroz com feijão.

Sentia um pouco de saudades da minha irmã e de seus conselhos, mas nenhum pouco de saudades do meu irmão e de meus pais. Aposto que eles estão tendo uma boa vida sem o caçula para atrapalhar tudo, como meu pai dizia. Estou feliz aqui, mas a saudade da minha irmã não pode desaparecer como um passe de mágica. Estava decidido, eu iria marcar um final de semana para ir visitá-la.

Estava no início da festa com Chase, Aisha e Noah. Já estava anoitecendo e o frio estava chegando. Ainda bem que vim de moletom, Aisha brigou comigo por só usar moletom nas festas, mas eu não podia mandar no clima. Antes curtir uma festa quentinho que batendo os dentes de tanto frio.

— Amor, vou pegar algumas bebidas com o Chase, volto ja, já. – disse Noah. Antes de sair, tocou seu dedo indicador em seus lábios e dirigiu o mesmo até os meus lábios.

Antes dele entrar no carro eu notei um olhar breve dele para trás. Mais especificamente para o que tinha atrás de mim. E fiquei meio ''o que houve?'' Mas com certeza foi algum delírio de sua parte.

Depois que ele entrou no carro e finalmente se foi, voltei a prestar atenção na conversa de Aisha, que falava alegremente com uma garota de nossa turma. Aisha insistiu para irmos fazer algo antes de Noah e Chase chegar.

Fomos então para uma mesa meio afastada de todo o pessoal, era o lugar onde tinha copos, refrigerante e comida. Conversamos todos por alguns minutos. Todo o mundo que estava lá estava visivelmente bêbado.

Sai de lá pois o assunto chegou em uma parte delicada para mim: relacionamentos. Do jeito que Aisha estava, ia acabar assumindo meu namoro para a rodinha inteira então resolvi sair de fininho. Fui me afastando de costas até bater em alguém.

— Opa – escutei uma voz. Era familiar para mim. Quando me virei, era Nícolas. Seu cabelo estava totalmente branco novamente, segurava um copo transparente com um líquido vermelho. Derrubou um pouco de bebida em mim por conta do esbarro. As pessoas que estavam com ele eu não reconhecia nem de vista.

— Foi mal. – falei.

— Não foi nada. – riu. – Ei galera, esse aqui é meu amigo, Alan. É brasileiro também, Camila.

— Oi!  – disse a Camila, eu acenei com a cabeça a cumprimentando. Nícolas me deu um abraço de lado e foi me levando para frente de cada pessoa presente naquele mini-círculo.

— Pode ir tirando o olho, Joseph. Esse aqui tem dono já. – Nícolas disse, enquanto ria. Sua bebida caiu um pouco ao chão.

— Que pena. Mas eu não tenho ciúmes. – disse Joseph. Ele tinha mais ou menos minha altura, era o único da roda que não estava segurando um copo. Suas mãos estavam mantidas no bolso da calça. Ele mordia seu lábio inferior direito enquanto eu era apresentado para as outras pessoas do grupo. Brianna era a única presente ali. Como sempre, estava acompanhada por uma garota. Ela era a versão feminina do Jacob, então? Ri ao pensar isso. No final depois de ser apresentado a todas pessoas, fiquei ao lado de Nícolas, que infelizmente, estava ao lado de Joseph.

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