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15 de dezembro de 2042, segunda-feira

     Entrei no meu quarto, peguei meus fones de ouvidos e me joguei na cama, eu não via a hora de acabar o ensino médio, mas ficar em casa o dia inteiro sem fazer nada estava sendo um saco.  Ainda nesse dia pesquisei mais sobre a universidade que o Nícolas estuda, a faculdade Yale era perfeita para mim, as matérias razoavelmente fáceis, nenhum bicho de 7 cabeças, acho que conseguiria me manter por lá tranquilamente.

Ouvi o barulho do motor do carro de Carlos, sinal que meu pai havia chegado. Esse era o momento de falar com ele. Retirei os fones de ouvidos, joguei o celular de qualquer jeito na cama, caindo de cabeça para baixo, retirei as meias brancas que usava, sempre tinha que tirar antes de descer as escadas, já perdi as contas de quantas vezes eu já escorreguei usando as meias.

Assim que chego no início da escada, vejo meu pai conversando com minha irmã que por sinal estava se preparando para sair, cumprimentaram-se e então a mais velha saiu de casa. Meu pai retirou seu blazer, deixando nas costas do sofá, assim que fez isso apareceu um dos nossos mordomos, que costuma atender as visitas, pegando seu blazer e pondo em um cabide que ficava próximo a cortina.

Não me mexi, sabia que ele ia para o quarto nesse exato momento, então resolvi esperá-lo onde estava. O meu pai entrou na cozinha, falando com algumas das empregadas, dizendo o que queria para o jantar. Não demorou para que ele aparecesse no inicio da escada, meu pai me viu no topo, olhou-me de cima para baixo e começou a subir as escadas, quando parou ao meu lado, vi que estava com aparência cansada, seus ombros que costumam ser largos e firmes, estavam cabisbaixos, suas pálpebras estavam quase se fechando, tampando seus olhos negros, a maleta que ele tinha trazido, ainda estava no sofá, sua calça preta estava totalmente amarrotada assim como sua blusa de botões, seu cabelo grisalho ainda estava impecável.

— Então? – iniciou a conversa.

— Ahm.. – não sei porque eu travei, talvez porquê ele esteja cansado demais, e procurará uma resposta rápida para minha pergunta, tipo um ''não'' curto. Ficamos mais ou menos 5 segundos em silêncio, quando meu pai o quebrou:

— Jean, estou cansado, se não tem nada a me dizer, eu preciso descansar. – disse e saiu, o vi andar lentamente, carregando o peso que suas costas faziam e entrou em seu quarto, batendo a porta.

— Certo. – respondi baixo, para mim mesmo.


...


     Nova notificação, 4 mensagens, número desconhecido.

(11) XXXX-XXXX: Eaí? Se inscreveu para fazer a prova?

(11) XXXX-XXXX: As matriculas começaram agora.

(11) XXXX-XXXX: Estou voltando para New Haven em..

(11) XXXX-XXXX: 3 dias.

Abri a foto, Nícolas. Estava do lado do meu irmão, na festa que aconteceu dias atrás, em uma boia dentro da piscina. 

Jean S.: Como conseguiu meu número?

Nícolas: Sou melhor amigo do seu irmão, esqueceu?

Nícolas: Então, fez a inscrição ou não?

Jean S.: Não, ainda não.

Nícolas: Ué? Porque? Você sabe que Yale é super disputada e as matrículas esgotam rápido não é?

Jean S.: Digamos que eu ainda sou de menor e preciso da permissão dos meus pais para sair do país?

Nícolas: Ah, isso é besteira, deixa que eu resolvo isso.

Jean S.: Que? espera, você mal me conhece, não faz nada, NÃO FAZ.

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