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19 de dezembro de 2042, sexta-feira.

A partir de agora, as frases destacadas com itálico são ditas em português e frases destacadas normalmente em inglês.

— Sim, eu sei, eu sei. Já estou indo, calma caralho. – ouvi enquanto acordava, sentado na cadeira com o notebook aberto estava Nícolas, segurando o celular com o ombro enquanto digitava algo rapidamente em seu notebook. – Chego aí em 1 hora. – não se despediu da pessoa no telefone, jogou o celular de qualquer jeito na mesa, retirou o notebook da tomada e o pegou nos braços. Eu estava encostado na cabeceira da cama, ainda retirando a sujeira dos meus olhos, assim que bocejei, Nícolas estava olhando pra mim então bocejou também.

— Bom dia. – falei.

— Bom dia. – respondeu seco. — Temos que sair em alguns minutos, se arrume rápido. Te espero no meu quarto. – disse e saiu sem fechar a porta.

Levantei e tomei um banho rápido na água fria mesmo. De roupa eu peguei uma touca vermelha do Nícolas, um moletom cinza, uma calça jeans também cinza, e o único tênis que trouxe para a viagem.

Fui em direção ao quarto de Nícolas, chegando lá ele estava gritando com alguém no telefone de novo, não prestei atenção na conversa. Havia um homem limpando seu quarto que estava uma zona total, estaria ainda mais bagunçado se o homem não estivesse arrumando. Tinha roupa espalhada em todo o lugar, suas meias jogadas em uma cadeira, sua jaqueta que por sinal era igual a do meu irmão estava pendurada na janela, podendo voar para fora a qualquer momento. Nícolas estava saindo do banheiro apenas de toalha. Começou a trocar de roupa na frente de nós dois, colocou a sua cueca roxa por cima da toalha, assim terminando de se arrumar. Ainda estava no telefone quando passou por mim e me chamou, saímos de seu quarto, não fechou a porta, deixou o homem lá dentro para que terminasse de arrumar seu quarto. Retirou o celular do ouvido por alguns segundos e disse:

— Temos 10 minutos para tomar café, então se apresse. – Continuava com seu notebook aberto no braço esquerdo, enquanto o direito segurava o celular.

...

Chegamos onde iríamos tomar café, Nicolas só pegou um café gelado expresso, eu peguei um pão de forma com queijo, presunto e molhos. Paramos na mesa por cinco minutos, ele não parava de olhar o relógio que tinha na entrada do salão nem por um minuto. Digitava algo freneticamente em seu notebook. Tomou seu café em dois goles.

Termina isso aí, porra. Estou com pressa. – disse um pouco alto demais. Alguns funcionários olhou para nós, assustados. Eu não respondi, fiz o que pediu, terminando o sanduíche em três rápidas mordidas. 

Saímos do hotel, Nícolas correu desesperado para a calçada para pedir um taxi, entramos e Nícolas entregou um papel com um endereço.

A neve estava caindo intensamente, as calçadas estavam totalmente brancas, as pistas estavam deslizando fazendo com que os motoristas tivessem que dirigir com mais cuidado para não causar acidentes, a perna de Nícolas estavam agitadas.

Essa merda de trânsito essa hora da manhã, vai se foder. – disse Nícolas, o motorista olhou para trás, já que só entendeu a parte do xingamento em inglês. – Não foi com você. – completou. O motorista voltou a olhar para frente para seguir viagem.

Chegamos onde Nícolas estava tão apressado para chegar, entregou umas notas para o motorista, não esperou o troco. Saiu do carro e acenou para mim sair também.

Nícolas e eu começamos a abrir caminho pela neve, fora da estrada que daria para a porta de um dos prédios que chegamos. Notei que estavamos entrando em um dos vários prédios que existiam. Se por fora já era grande, por dentro era maior ainda, logo no centro havia escadas cor de vinho que levava as pessoas ao primeiro andar, embaixo da escada havia estantes de livros gigantes, com vários tipos de livros. As janelas eram de vidro, que dava a vista para o lado de fora. As pessoas andavam para cima e para baixo com seus cadernos, celulares e notebooks. Nícolas me puxava pelo pulso, entrávamos cada vez mais dentro do prédio, eu já estava cansado de tentar acompanhar o ritmo de Nícolas, que finalmente entrou em uma sala.
Todas as pessoas estavam sentadas em suas cadeiras com seus notebooks abertos, fazendo anotações que o professor passava através do slide, ninguém notou quando entramos, acompanhei Nícolas até chegar ao seu circulo de amigos.

— Eaí? Atrasei? – perguntou Nícolas.

— Somos os próximos a apresentar, o professor estava só esperando você. – respondeu uma garota loira, que aparentava ter o mesmo tamanho de Nícolas. Seus olhos eram verdes claros, sua bochecha era rosada e seus lábios cheio de gloss brilhante. Nícolas olhou para o seu relógio de pulso.

— Só atrasei 5 minutos. – resmungou.

— Você sabe que aqui não é tolerado atraso, Nícolas.

— Mas eu estava em outro país, merda. Eles não podem dar um desconto? – respondeu. A garota balançou os ombros. Os outros amigos de Nícolas estavam terminando de organizar algumas folhas. O rapaz negro com cabelo crespo estava mexendo no celular, tentando organizar alguma coisa. O outro menino de cabelo castanho claro estava em pé aguardando.

— Rapazes? Podemos começar? – ouvi a voz do professor lá na frente, todo o mundo da turma olhou pra trás, senti que todos os olhares foram para mim.

Merda, me reconheceram? Pensei.

— Sim professor, só um minuto. – disse Nícolas. – Não ligue para os olhares que você receber daqui em diante, não te reconheceram, só estão assim porque nunca te viram aqui na universidade.

Os amigos de Nícolas e ele desceram as escadas com o notebook na mão, eu sentei na cadeira onde estava sua amiga e observei-os apresentar o trabalho. Era sobre algum tipo de cálculo que os mesmos fizeram usando o número Pi.

Foram 30 longos minutos de apresentação, alguns alunos ainda ficaram olhando para mim, os outros prestava atenção na explicação e até anotavam o que eles falavam. Ao terminar a apresentação, as pessoas que olhavam pra mim finalmente viraram-se e começaram as palmas. Nícolas e seus amigos voltaram a suas cadeiras. A menina suspirou de alívio.

— Não achei que você fosse chegar a tempo. – disse o garoto negro relaxando totalmente seu corpo na cadeira. – Se não conseguíssemos apresentar eu te matava. – Nícolas revirou os olhos, sentando-se na cadeira ao meu lado, a garota sentou na cadeira do outro amigo de Nícolas. Já esse garoto que teve sua cadeira roubada, ficou em pé.

Foi mal por mais cedo, estava agoniado para apresentar isso. – disse.

Sem problemas. – respondi.

— Ele não fala inglês? – perguntou o rapaz negro.

— Sim, eu falo. – respondi para ele.

— Agora que percebi que ele está aqui. – disse a garota loira com os lábios brilhantes – Me chamo Brianna, mas todos me chamam de Bry. – curvou seu corpo e estendeu sua mão pra mim. A cumprimentei pegando em sua mão e acenando com a cabeça. Percebi que o rapaz de cabelos castanhos estava colocando seus fones de ouvidos quando Nícolas deu uma cotovelada nele.

— Cumprimente meu colega, seu sem noção.

— Opa, foi mal. – retirou seus fones e me estendeu a mão, fiz a mesma coisa com ele. – Meu nome é Ethan. E aquele ali é Jacob – apontou para o rapaz negro, ele apenas deu um aceno de mão, retribuí.

— Eu me chamo Je.. – quando fui interrompido.

— Ele se chama Alan. – disse Nícolas. – As vezes é meio esquecido. – sorriu para os amigos. – Ele vai ter uma entrevista para entrar aqui em Yale.

— Sério? Espere que consiga entrar. Os calouros estão entrando aos poucos, só hoje eu já vi uns 8 andando pelo campus. – Disse Brianna.

— Estou faminto, não tomei café ainda. Vamos no refeitório? – sugeriu Ethan, levantando-se. A aula já havia acabado e todas as pessoas já tinham saído de lá, estavam somente nós.

— Você leu meus pensamentos. – respondeu Nícolas. Todos concordaram, inclusive eu. Aquele sanduíche de mais cedo não matou nem a fome das minhas lombrigas.

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