27 de dezembro de 2042, sábado.
— Ele estava louco, só pode. – suspirei ao ouvir a voz de Aiden que estava olhando pra mim, ao seu lado estava Nícolas. Meus olhos arderam quando abri-os totalmente para observar o que estava acontecendo. Minha garganta estava seca, estava com um incômodo na cabeça e com dores espalhadas pelo corpo inteiro. Sentia uma ardência no lado esquerdo do meu rosto.
— O que você estava pensando em? – gritou Nícolas ao ver que eu estava acordado.
— Fala baixo, merda. Você tá pior que os passarinhos da manhã. – falei ao me sentar na cama, apoiando devagar as costas na parede.
— Você brigou, cara, essa é sua primeira semana e você já arrumou briga e bêbado. Sua sorte é que foi rápido e não deu tempo de chegar a coordenadora para te dar advertência. – falou Aiden. Jacob estava dormindo na cama de Aisha. Não vi sinal dela pelo quarto.
Passei a mão pelo rosto, bebi a água que Nícolas me entregou.
— Com quem eu briguei? E porquê? – eu não lembrava de absolutamente nada de ontem a noite.
— Com Noah, óbvio. – despertei totalmente quando Aiden falou o nome de Noah.
— Puta merda – disse.
— Puta merda mesmo. – completou Nícolas. – Você foi arrumar briga logo com aquele arrombado e eu não posso fazer nada para te defender, já tive muitas brigas com ele aqui, se eu brigar mais uma vez e for pego eu serei expulso.
— Sua sorte que Jacob tirou você de lá antes que apanhasse mais, só levou alguns socos de leve no rosto.
— Se isso foi de leve, imagina com força? – respondi tocando a região que estava machucada. Ao redor estava sensível, mal conseguia passar a mão.
— Minhas brigas com ele sempre saia alguém com alguma parte do corpo quebrada.
— Nícolas?? – falei.
— Pra você ver. Nossas brigas não eram leves.
— Minha vida já era um inferno antes de brigar com ele, agora que eu estou fodido.
— Boa sorte. – desejou Aiden, levantou-se e foi até a porta do meu dormitório. – Preciso dormir, boa sorte novamente. – Então saiu e fechou a porta.
Nícolas andou até a cama de Aisha, balançando o corpo de Jacob que ainda estava dormindo.
— Acorda, mané. – falou, mas nada de dar sinal de vida. – ACORDA!
Jacob deu um pulo da cama, tinha uma ereção matinal, ao perceber, pegou uma almofada e tampou seu membro. Estava com olheiras embaixo de seus olhos, profundas. Devia ter dormido tarde demais. Minha dor de cabeça não passava, nem o enjoo, pelo menos a sede e a garganta seca não existia mais.
— Obrigado – falei para Jacob, ele fez um sinal de beleza com as mãos, colocou sua camisa e saiu do quarto.
— Bom, estou indo. Qualquer coisa você me liga, só não vou poder ajudar em questão do Noah, se vira nessa parte. – rimos.
— Obrigado pela ajuda então. – ainda estava rindo.
Após saírem do dormitório, resolvi tomar um banho. O banheiro era um só dividido para nós três do quarto. Ao menos ele estava limpo. Nosso parceiro de quarto não apareceu até agora. Seu quarto ainda estava do mesmo jeito desde que chegamos. Ainda bem que suas meias não tinham chulé se não estávamos ferrados. Continuei me enxugando quando ouvi barulhos na porta do dormitório, provavelmente vinha de Aisha, então não fui conferir até ouvir que os barulhos foram para o quarto que estava totalmente bagunçado, Aisha não entraria ali nem que a pagassem, então a pessoa que estava em nosso dormitório não era ela. Vesti minha roupa rapidamente, coloquei meu rosto para fora do banheiro para observar, mas meu quarto e de Aisha estava totalmente vazio. Saí do banheiro e vi Noah de costas, usando uma regata branca e uma calça de moletom, ele procurava algo em meio a bagunça que havia ali.
— Merda, cadê meu celular? – perguntou a si mesmo. Noah percebeu que tinha alguém o observando na porta de seu quarto. – Você por um acaso viu um celular azul, mais ou menos desse tamanho? – fez o gesto com as mãos, virando-se. Ao me ver, sua feição ficou séria, seu nariz possuía um curativo.
Pelo menos não foi só ele que fez um estrago. Pensei.
– O quê você faz aqui, seu merda? – esbravejou, ele estava bravo, muito bravo. Eu sorri, não era um bom momento para eu sorrir mas fiquei feliz em ver que eu não fui o único a apanhar.
— Ué, aqui é meu quarto. – respondi ainda sorrindo. Encostei meu ombro na porta.
— Então você é meu colega de quarto? Ótimo. – sorriu e estalou seus dedos. Meu sorriso sumiu no mesmo instante.
— É.. Mas acho que não por muito tempo. – falei, e saí da porta de seu quarto. Ele poderia querer se vingar a qualquer momento.
...
— Me fala que você está brincando – falei para Emma, a vice-diretora da universidade. – Não tem jeito nenhum de você me trocar de dormitório?
— Infelizmente não, Alan. Se tivesse algum outro aluno querendo mudar, nós poderíamos fazer a troca, mas no momento ninguém quer. Todos os quartos dos outros colleges estão vagos. – respondeu – Porque você está tão desesperado para mudar de quarto? Está tendo briga com algum de seus colegas?
— Não, não. – respondi imediatamente, não queria levar punição pela briga. Não na minha primeira semana de aula. – É que meu quarto faz muito frio, sabe, e eu tenho rinite.
— Ah sim. Mas não tem vaga em outro hall, desculpe. E o que foi isso no seu rosto? – perguntou. Eu saí tão desesperado do quarto que nem reparei que eu tinha um pequeno corte no meio do rosto.
— Ah, isso aqui? – ri, mas de nervoso. – É que eu caí da escada e meti o rosto em uma quina, mas já está tudo bem. Foi ontem a noite quando estava voltando da festa.
— Ah, tudo bem. Então faça um curativo, para não inflamar. E se me dá licença, tenho outros alunos para atender.
— Claro, sem problemas. – me levantei e saí de sua sala, ao lado de fora tinha duas meninas e um menino esperando eu sair para serem atendidos pela Emma.

VOCÊ ESTÁ LENDO
Impopular (Romance Gay)
RomantizmJean se acha insuficiente. Com seus irmãos atuando em filmes, séries e novelas e seus pais já com a vida feita, o jovem ainda está concluindo o ensino médio. Sua família é rica e poderosa, mas Jean não gostaria de ter tudo isso em seu domínio.