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5 de janeiro de 2043, segunda-feira.

Noah.

       As últimas aulas do dia já estavam chegando ao fim e nessas 5 horas de aula eu não vejo Alan. Pra falar a verdade, não o vejo desde o acontecimento de sexta-feira. Sua melhor amiga Aisha estava ao lado de uma garota em uma das primeiras cadeiras. Quando o professor finalmente nos liberou, andei até ela.

— Quanto mais eu rezo, mais assombração me aparece. – disse ela, assim que cheguei próximo.

— Aisha, vou te esperar lá fora. – disse a garota que estava a acompanhando, Aisha assentiu com a cabeça, a garota saiu da sala e só sobrou eu, ela e meus amigos que estavam me esperando na porta da sala.

— O quê você quer? – disse, terminando se guardar seu notebook na mochila.

— Bom dia para você também. – pus minhas mãos no bolso da calça.

— Não sabia que gente como você dava bom dia. – riu. Minha feição continuava séria.

— Você sabe onde está Alan? – perguntei de vez. Sem enrolação.

— Quando você vai deixar ele em paz, Noah? Ele já está de saco cheio de você.

Não foi isso que a boca dele estava querendo dizer na sexta a noite. Pensei.

Ri.

— Está rindo de quê? – sua cabeça fez uma leve curvatura, suas sobrancelhas se juntaram por um segundo, avaliando a situação.

Ignorei sua pergunta.

— Se eu não quiser deixá-lo em paz, você vai fazer o quê? – minhas mãos que estavam no bolso da calça agora estavam mexendo no meu colar, estava tentando deixa-la irritada, estava funcionando.

— Só quero que o deixe em paz, não queremos arrumar problemas. – respondeu. Eu ri novamente, dessa vez, colocando a mão na boca.

— JÁ DESENROLOU, NOAH? – gritou um de meus amigos, ao fundo. Não respondi, levantei o dedo do meio, ainda de costas. Não ouvi mais nada deles.

— Eu estou falando sério, Noah. Sei que seus pais já querem o tirar daqui. Não preciso me mexer muito para que convencer eles que você só trás problemas pra cá. – dito isso, sorriu e saiu. Batendo seus ombros no meu braço. Continuei estático, ouvi o barulho da porta sendo batida, meus amigos ainda me esperavam. Virei-me e andei até eles. Para conquistar Alan eu teria que conquistar sua melhor amiga primeiro.


...


Nesses últimos três dias, estava dormindo no dormitório que é ocupado por Aisha, Alan e eu. Mas mesmo passando boa parte do meu dia e noite lá, não via nem a sombra de Alan. Deixei de dormir na casa da minha namorada para dormir naquele quarto minúsculo só por sua causa.

Caminhei até o dormitório do tal do Jordan, ao bater três vezes em sua porta, finalmente estava ouvindo-a ser destrancada. Ao me ver, ficou branco no mesmo instante.

— O-oque faz aqui? – disse, fechando a porta novamente, deixando apenas seu rosto a mostra.

— Só vim conversar, sem socos dessa vez. – respondi, levantando as mãos. O corte em seu rosto não estava mais visível, só uma pequena cicatriz que já estava sumindo. Jordan abriu a porta completamente, estava vestindo o moletom da universidade com uma calça moletom cinza, estava descalço.

O meu vizinho parecia gostar de livros, de bons livros. De clássicos. As suas prateleiras tinham vários livros, e, na pequena mesa ao meu lado estavam dois livros: o primeiro era Tess de D'urbevilles e o segundo estava aberto como se sua leitura estivesse sido interrompida. Não consegui ver o nome do segundo livro. Sentei-me a sua cama. Percebi que era o único quarto solo de todo o campus, sortudo.

— Não tem nada para me oferecer? – perguntei.

— Não sei, acho que só chá. – respondeu. Estava ainda em pé, ao lado da porta.

— Uma xícara de chá serve. – falei e observei Jordan ir até a geladeira que ali havia. Vi na porta da geladeira um café gelado de caixinha, eu amava esse café mas me trazia más lembranças, mas estava com saudades de tomar esse café. – Me dá esse café – apontei para a caixa. Ele me trouxe.

— O que quer aqui? – finalmente perguntou, sem gaguejar. Dei meu último gole no café.

— Vou ser direto. – respondi e joguei a caixa em um lixeiro próximo, não acertei. A caixa caiu ao chão, não me levantei para pegar. – Você sabe onde Alan está?

— Não. – respondeu imediatamente. – Fiz o que você pediu, dei um fora nele e não falo mais com ele.

— Bom. – falei sorrindo. – Eu não mandei você se afastar dele e sim se afastar do meu caminho, não bati em você por conta dele. E eu só queria saber onde ele está.

— Eu não sei. – cruzou os braços, encolhido.

— Tudo bem, confio em você. Espero que não esteja mentindo. – sorri, levantei-me e saí de seu dormitório sem fechar a porta.




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