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5 de dezembro de 2042, sexta-feira.

Chegando próximo a escola, a mesma cena de sempre: ex-alunos fumando e bebendo cerveja no galo da garrafa, se exibindo para as garotas e garotos. Evitei fazer contato visual, não estava nem afim de ter que conversar com algum desses garotos.

...

Ouço o toc toc dos sapatos da professora de física chegando próximo a porta, tiro meus fones de ouvidos, guardo o celular e a observo entrar na sala, colocar suas coisas na bancada e ligar o projetor.

— Bom dia. – falou e não esperou a resposta de ninguém. – Hoje iremos retomar ao nosso assunto que infelizmente foi interrompido semana passada pelos problemas que estavam acontecendo aqui na escola, como vocês já sabem.

Algum aluno de outra turma do terceiro ano desligou todas as luzes da escola, ficando um bréu total. O gênio ainda teve a idéia de queimar os geradores de energia. Boatos que ele fez isso para sair da aula com uma garota da sua turma, até agora ninguém descobriu quem fez isso.

Não vim para a escola de moto, então pedi para que um motorista viesse me buscar na escola. Aproveitei a viagem de carro até em casa para ler o inicio do livro que o professor de português pediu, após três páginas eu não me lembrava de absolutamente nada do que tinha se passado nas linhas anteriores. Desisti e resolvi procurar um resumo na internet, salvei o PDF e bloqueei o celular.


...


Deito na minha cama e agradeço que hoje é sexta-feira, o que significa dois dias de descanso de todo tédio que passo na escola. Embora a gente já esteja quase no período de provas finais. Nesse tempo ninguém faz a bagunça que faziam semanas atrás, é a semana que a sala finalmente não fica um inferno na terra já que se eles tirarem notas ruins os pais tiram os celulares dos mesmos.
Eu nunca gostei dessa escola, meu pai a deixou ''famosa'' após matricular meus irmãos lá e patrocinar vários dos eventos que aconteciam. Os professores nunca souberam dar aulas de verdade, a única coisa que fico fazendo na mesa é fingir que presto atenção na aula e em casa eu dou uma revisada nos assuntos.

8 de dezembro de 2042, segunda-feira.

Começou a semana de provas. Respiro fundo e observo as pessoas correndo com seus cadernos abertos nos braços para dentro da escola, a feição de pânico de cada aluno me dava uma pontinha de felicidade. Essa época do ano é a qual eu mais me divirto. Após terminar as provas eu arrumo minha mochila e saio calmamente da sala. Consigo sentir os olhares pesados das outras pessoas em cima de mim, por ter entrego a prova sem dar a resposta para ninguém.

12 de dezembro de 2042, sexta-feira.

       A semana de provas terminou, tirei notas ótimas na maioria das matérias, exceto matemática e física, óbvio, em química tirei uma nota ok pra o meu desempenho que foi horroroso. 8,9 na média. Saí da escola já com a notícia que estou de férias. Na realidade, chega de ensino médio! Estava pronto para por o plano que Carlos me indicou em prática, já tinha maioria dos objetivos que precisa para morar fora do Brasil: dinheiro, muito dinheiro e saber inglês. Só faltava convencer meus pais que isso era uma boa ideia.

Saio do carro de Carlos que sorri e me dá um aceno de cabeça, retribuí o gesto. Assim que pisei na calçada ouvi um barulho enorme na área da piscina, provavelmente meu irmão está dando outra festa.  Coloquei a cabeça pela brecha do portão e era realmente isso que estava acontecendo. Escolhi entrar pela porta dos fundos da cozinha, para não ter que cumprimenta-los.

Nunca agradeci tanto minha mãe por gostar tanto de plantas na casa inteira. Pensei

Aos lados da estrada de pedra que dava a entrada traseira da cozinha havia grandes arbustos, mais ou menos 10cm menores que eu, que tive que me abaixar um pouco para não conseguirem ver meu cabelo que por sinal estava enorme. Chegando próximo a entrada eu vi um caminhão estacionado e alguns funcionários carregando umas caixas de papelão para dentro. Assim que me viram, colocaram as caixas rapidamente no chão, com cuidado, óbvio, e arrumaram a postura.

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