04 de janeiro de 2043, domingo.
Alan.
Nícolas tinha acabado de chegar do seu treino. Se não fosse pelos pequenos pingos de suor escorrendo pela sua testa até diria que não tinha ido correr.
— Eaí – disse, jogando seu moletom no cesto de roupa suja.
— Oi. – respondi. Estava tentando falar com minha irmã via chamada de vídeo, para desejar os parabéns.
— Tá fazendo o quê? – perguntou.
— Tentando ligar pra Talita. Hoje é aniversário dela. – respondi, ainda insistindo.
— Você também tem um irmão que faz aniversário hoje, sabia?
— Quem se importa com ele é você, não eu.
— Dei parabéns pra eles assim que deu 00:00 hoje. Fala aí se não sou um ótimo amigo?
— Grande bosta.
— Que merda tu tem hoje? Vai se foder. – disse e entrou ao banheiro, batendo na porta. Vi na internet que a transmissão ao vivo da festa dos meus irmãos já havia começado. Minha antiga casa estava totalmente decorada com flores. certeza absoluta que isso foi ideia da minha mãe.
As flores não eram coloridas, as pétalas eram brancas e as folhas eram pretas. Provavelmente foi ideia de meu irmão. Ele não curtia festas cheia de cores.
Depois de tanto insistir, minha irmã finalmente atendeu a chamada de vídeo. Ela estava linda como sempre. Seu cabelo rosa estava brilhante, usava um vestido preto, cheio de brilho. Seus lábios estavam cobertos por um gloss brilhante.
— Oi, oi, oi! – falei, sorrindo.
— Oi, Jean! – sorriu de volta.
— Meus parabéns! Já pedi para entregarem o seu presente aí em casa.
— Ah, não precisava. – ainda estava sorrindo.
— Que isso, não poderia esquecer do aniversário da melhor irmã do mundo.
— O seu está longe mas eu ainda lembro a data.
Ri.
— Como está as coisas em Yale? – perguntou – Não, não coloca essas coisas ali – apontou para algum lugar do cômodo que estava.
— Estão indo bem. – sorri. – Estou fazendo física, nesse primeiro ano.
— Uau, nunca achei que você fosse cursar isso. Esperava sei lá, Design de moda.
— Você quer parar de tentar me colocar no mesmo mundo que o de vocês?
— Tá bom, tá bom. Parei. Mas design de modas é um ótimo curso.
Revirei os olhos como resposta.
A câmera tremeu, ela deu pequenos pulos, como sempre fazia quando estava feliz demais, a escutei falar que estava a espera disso há muito tempo. Eu ri. Nícolas sai do banheiro enrolado em uma toalha, seus cabelos que agora estavam amarelos, estavam molhados. Tampando boa parte do seu rosto.
— Tá falando com quem? – perguntou.
— Minha irmã.
Nícolas correu em minha direção, quase escorregou no piso molhado. Eu ri.
— Tá rindo de quê?
— O... Nícolas.. Quase caiu. – disse, ainda gargalhando e enxugando as lágrimas.
— Imbecil. – disse e sentou-se ao meu lado, me empurrando para caber na câmera do celular. – Eaí, gatinha.
— Oi, Nícolas. Você está muito feio, como sempre. – respondeu minha irmã.
— Que isso? Ninguém abala minha autoestima hoje. – eu ainda estava rindo, até receber um beliscão de Nícolas, no meu braço. O celular foi ao chão. – Bem feito. – agora era ele que estava rindo.
Peguei o celular do chão. Não fez nenhum arranhão.
— Você é do mesmo quarto que essa praga do egito aí? – Talita fez careta.
— Felizmente não. – respondi – Vim aqui pra ninguém me reconhecer, vai que, sei lá.
— Ninguém vai te reconhecer, Jean. Até a aparência você mudou, tá bem mais bonito agora, inclusive. Gostei que seguiu minhas dicas.
— Melhor não arriscar. E não fui eu que segui, minha colega de quarto que é obcecada por você. Ela quase pulou no meu pescoço quando disse que não te conhecia.
— Você disse que não conhecia a própria irmã? – fez cara de ofendida, colocando a mão que estava desocupada em seu peito.
— Sem dramas, Talita. – revirei os olhos.
— Ok, Jean. O papo tá ótimo mas preciso desligar aqui para organizar os últimos detalhes.
— Certo. – respondi. – Um beijo!
— Outro! – sorriu. Antes de desligar, Talita ainda conseguiu ouvir o ''gostosa'' que Nícolas gritou. Ela revirou os olhos e então desligou a ligação.
Logo após, consegui ver pela transmissão na TV que Talita gritava com alguns funcionários que colocaram a decoração no lugar errado. Nícolas e eu rimos.
...
05 de janeiro de 2043, segunda-feira.
Cheguei ao dormitório de Nícolas depois de ter ido ao refeitório pegar meu café da manhã. Já eram 8h30 AM. Nícolas e Jacob já tinham ido para a aula. Tinha deixado sua cama feita e o pijama cuidadosamente dobrado. Havia uma nota colada em cima da almofada da cama que eu dormi durante esses dias.
''Não transe com ninguém em minha cama, por gentileza.
- Hiro.''
Ri. Até parece que eu ia transar com alguém logo aqui. Amarrotei o papel e o atirei na lixeira que tinha no banheiro. Me dirigi até o mesmo para tomar um banho longo e relaxante. Havia duas novas toalhas penduradas na porta que pertenciam a Nícolas. Como eu sabia disso? Havia seu nome costurado na toalha. Decidi comer metade do meu café da manhã e guardar o resto para o almoço, para não ter que ir até o refeitório novamente.
Não fui para a aula hoje. Mas iria amanhã. Tinha que esperar a festa dos meus irmãos acabarem, que ainda estava acontecendo. Para voltar a rotina.
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Impopular (Romance Gay)
RomanceJean se acha insuficiente. Com seus irmãos atuando em filmes, séries e novelas e seus pais já com a vida feita, o jovem ainda está concluindo o ensino médio. Sua família é rica e poderosa, mas Jean não gostaria de ter tudo isso em seu domínio.