Capítulo 10

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Mesas e cadeiras estavam dispostas pelo jardim. Uma enorme tenda, decorada com panos e flores, estava montada de forma a proteger os convidados do sol. Em um canto, a banda tocava entretendo os convidados e garçons serviam taças de champanhe e copos com whisky. No centro, uma pista de dança.

- Cazzo! - Balbuciei.

- O que foi? - Romeo perguntou.

- A pista de dança. - Respondi, apontando. - Eu sou péssima nisso.

Romeo soltou uma risada gostosa, aproximando-me de seu corpo. Levantou meu rosto, com a ponta dos dedos e selou nossos lábios.

- Non tem graça. - Disse em meio ao beijo. - Vou acabar triturando seu pé com esses saltos.

- Non se preocupe, piccola. Eu te guio. - Inclinou-se um pouco, até os lábios estarem na altura de meu ouvido. - E quanto aos saltos, você pode tirar. Non conto a ninguém.

Seguimos em direção à mesa destinada para os noivos e sua família. Romeo puxou a minha cadeira e sentou-se ao meu lado, pegando dois copos de whisky quando o garçom serviu.

- Uma dose de coragem pra você. - Disse, oferecendo-me um copo. - Assim você relaxa um pouco antes da dança.

Sorri em agradecimento e tomei uma grande golada, sentindo o líquido adocicado queimar minha garganta. Os convidados começaram a ocupar seus lugares, distraídos pelas músicas da banda. Observei mama e papa conversando com os Sartori, Alessa e Dante rindo de Antonella brigando com Enrico. Giovanni estava em um canto afastado, observando tudo. Percebi que sua postura mudou bruscamente e ele ficou tenso, indo na direção de um homem que eu não conhecia.

- Romeo, - chamei a atenção dele - quem é aquele conversando com Giovanni? - Apontei na direção dele.

- É Leonel Bertiolli, capo da Catania. - Romeo fixou o olhar no homem e se levantou. - Mi scusi, piccola. Eu já volto.

Mas antes que pudesse contornar a mesa, a banda nos chamou para o centro da pista. Era hora da primeira dança.

Antes de levantar, tirei os saltos e joguei-os debaixo da mesa. Graças a Dio meu vestido era longo o suficiente para tampar meus pés. Romeo balançou a cabeça, rindo por eu ter seguido seu conselho e estendeu-me a mão, guiando-nos até o centro da pista. A música começou, sendo tocada apenas por instrumentos e Romeo nos girou pelo salão.

Após algumas voltas eu já não precisava mais olhar para meus pés, era fácil seguir os passos de Romeo. Pude apreciar o momento, sentindo-me segura em seus braços. A música ressoava calma através dos violinos e violoncelos. Minha cabeça repousava sobre o peito de Romeo e meus braços estavam em volta de seu pescoço, enquanto suas mãos rodeavam a minha cintura. Balançava-mos ao ritmo lento da música, acompanhados de vários casais à nossa volta.

Mas algo me incomodava. Eu estava ansiosa pela noite de núpcias, seria a minha primeira vez e eu não tinha a menor ideia do que fazer. Claro que Antonella e eu conversávamos sobre sexo. Ela me contava suas experiências e tentava me ensinar coisas, mas eu não tinha conhecimento prático nenhum.

Na famiglia é comum que muitas garotas, talvez a maioria, se casem virgem. Algumas não ligam muito e criam soluções criativas para resolver a questão na noite de núpcias. Eu sempre soube que me casaria com Romeo, então optei por não me envolver com nenhum outro homem. Afinal, pra que me apaixonar por outro se no final seria Romeo? Não fazia sentido. Então, como diria Antonella, eu me guardei. E agora, em meio ao nervosismo, percebi que não foi uma de minhas melhores ideias.

- Romeo... - Chamei sua atenção, sem tirar a cabeça de seu peito.

- Sì, piccola?

- Ahn, bem... Eu, ahn... Eu estou preocupada, digo pensando... - As palavras embolavam-se em minha boca.

Despedaçados [COMPLETO] - (Série Vespri Siciliani - LIVRO UM)Onde histórias criam vida. Descubra agora