Romeo encarou o cunhado furiosamente. "Será que você é incapaz de controlar sua mulher?", ele quis dizer. Mas no momento era melhor ficar calado, afinal sua situação com Helena não era das melhores.
Antonella continuou a gritar, chamando desesperadamente por seu nome. A raiva começou a incomodá-lo e Romeo se levantou bruscamente da poltrona.
- Cazzo! Será que ninguém é capaz de ver o que ela quer? - Ele bateu o copo de whisky na mesa e saiu do escritório.
A medida que se aproximava do hall de entrada, Romeo pôde ouvir o choramingar de Antonella. A mulher não gritava mais pelo seu nome e um mau presságio percorreu a sua espinha.
- Helena, acorda... Per favore, carissima! Non faz isso comigo. - Romeo ouviu Antonella dizer.
Um misto de desespero e agonia subiu por seu corpo e ele atravessou o último cômodo, antes do hall, correndo desesperadamente. Assim que parou na soleira da porta, foi como se levasse um soco no estômago e Romeo teve que se apoiar nas paredes para não cair. Antonella estava caída no chão, segurando o corpo de Helena.
A cabeça de sua esposa estava encostada no peito da amiga, que dava leve batidinhas em seu rosto. Romeo lançou-se sobre ela, caindo de joelhos ao lado das mulheres. Ele puxou Helena para o seu colo e encarou Antonella.
- O que aconteceu?
- Eu non sei. - Antonella fungou, limpando as lágrimas do rosto. - Ela estava bem e de repente apagou.
- Precisamos ir para um hospital. Agora! - Gritou.
***
O caminho de casa ao hospital pareceu interminável, era como se estivessem indo para outro país. Mas a espera de notícias sobre sua mulher era ainda pior. Romeo não tinha a menor ideia de quanto tempo havia se passado desde que chegaram e os médico levaram Helena. Pareciam horas, mas poderiam ter se passado apenas alguns minutos.
O senhor e senhora DiFontana chegaram ao hospital pouco depois dele e estavam tão aflitos quanto. Ninguém sabia direito o que tinha acontecido e a ausência de informações criava um monstro em seu peito.
- Fulminar os médicos e enfermeiras com o olhar, non vai adiantar nada. - Dante sussurrou e lhe ofereceu um copo com uma bebida escura.
- Por quê está demorando tanto? - Ele remexeu o copo em sua mão, criando ondinhas no líquido. Deu uma golada e fez uma careta. - Esse café está horrível.
Dante deu de ombros e sorriu. Romeo entendeu o que o amigo estava fazendo e apreciou o gesto. Ele olhou em volta e viu a preocupação estampada no rosto de todos. Antonella estava sentada com os pés em cima da cadeira, os braços segurando suas pernas e a cabeça apoiada em Enrico. Seu cunhado abraçava a mulher fortemente, enquanto beijava o topo de sua cabeça. Eleonora e Maurizio tentavam conseguir informações com alguns funcionários.
Todos estavam ali por ela. Todas as pessoas presentes estavam preocupadas com Helena. Um sorriso escapuliu por seus lábios ao perceber o quanto sua esposa era amada. Ela não era mimada, só cativava os outros de tal forma, que todos tinham vontade de ficar perto dela. Seu jeito doce e meigo não mudou com o tempo, e isso sempre foi o que mais o encantou.
"- Helena, o que está fazendo? - Perguntou, observando a menina sujar seu vestido azul de lama.
A menina virou-se bruscamente, demonstrando que foi pega de surpresa. Seus olhos pretos se arregalaram e ela ficou estática, o encarando. Mas, assim que ela percebeu que Romeo estava sozinho, seus ombros relaxaram e ela suspirou.
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Despedaçados [COMPLETO] - (Série Vespri Siciliani - LIVRO UM)
ChickLitÉ fato que as pessoas mudam ao decorrer da vida. Mudam de aparência, de gostos, de estilos, de modos. Mudam por fora e por dentro. Mas nem sempre as mudanças são boas. Muitas vezes elas despertam o que há de pior dentro de alguém. Helena DiFontana s...