É fato que as pessoas mudam ao decorrer da vida. Mudam de aparência, de gostos, de estilos, de modos. Mudam por fora e por dentro. Mas nem sempre as mudanças são boas. Muitas vezes elas despertam o que há de pior dentro de alguém.
Helena DiFontana s...
Acordei e rolei pela cama, espreguiçando-me. O sol da manhã entrava pela janela da varanda e o vento fazia as cortinas voarem, criando uma dança com o tecido. Lembrei-me da noite passada e pulei da cama. Onde estava Romeo? Corri até o banheiro e nada. Olhei no closet e nada. Até debaixo da cama olhei. Começava a acreditar que tinha sido um sonho, até reparar no pequeno pedaço de papel em cima do criado mudo.
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- Romeu e Julieta. - Suspirei.
Não, esse não era um livro que líamos quando crianças. Mas eu adoro o livro, as peças e os filmes. Mamãe não me deixava ver os filmes quando pequena, mas todos conhecem a história de amor mais trágica do mundo. Tia Angela nos contava meio por cima, sem muitos detalhes, apenas para dizer de onde havia tirado o nome de Romeo.
"- Mama disse que meu nome significa reluzente. Que por isso sou brilhante igual ao sol.
- Que legal, Helena. Eu non sabia disso. - Tia Angela me respondeu.
- O que significa o nome de Romeo? - Perguntei. - De onde você tirou?
- Bom, existe uma história muito antiga, de dois jovens apaixonados que non podiam ficar juntos. - Angela contou. - Suas famílias eram brigadas e non se gostavam. Mas o casal non ligou para isso e mesmo assim fizeram de tudo para ficar juntos.
- Como eles se chamavam?
- Romeu e Julieta.
- Ohh...! - Exclamei animada. - E eles ficaram juntos pra sempre?
- Ah, sim. Ficaram. - Ela me respondeu, dando uma piscadinha.
- Romeo, posso ser sua Julieta? - Perguntei animada.
- Claro, principessa. - Romeo me respondeu, sorrindo. - Pra sempre."
Guardei o bilhete em uma caixinha e coloquei dentro da gaveta.
Talvez as coisas pudessem melhorar. Talvez ele pudesse ser bom comigo de novo, é só uma questão de tempo. Nós dois crescemos e mudamos muito, ficamos distantes por anos. Por mais cúmplices que fossemos quando crianças, hoje éramos outros e precisávamos nos acostumar com essas novas versões.
Sorri para meu reflexo no espelho e terminei de me arrumar. Peguei o celular e mandei uma mensagem para Alessa, convidando-a para almoçar na cidade. Eu precisava conhecer esse outro Romeo e ela seria a melhor pessoa para me dar informações sobre. Alguns minutos depois ela respondeu, concordando animadamente.
Ouvi batidas na porta e gritei para quem quer que fosse entrar.
- Helena, buongiorno. - Enrico me cumprimentou, entrando no quarto e fechando a porta. - Preciso conversar com você.
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