Romeo realmente estava tentando manter a calma. Quando algo o desagradava, percebia que ele travava o maxilar, mordia as bochechas por dentro e respirava. Algumas vezes, ele apenas apertava minha mão ou ombros e me chamava, indicando que algo o desagradava. Nessas situações, eu segurava seu rosto e fazia com que ele me olhasse, demonstrando que estava tudo bem, que nada aconteceria. Em outras, eu apenas o beijava e sentia seu corpo relaxar.
Durante o dia, passeávamos pela cidade, conhecendo as vilas e enseadas com colinas cobertas por pinheiros. À noite, nos divertíamos nas festas de Sant Antoni. Dante ficava em nossa cola o tempo todo. O que acabou mostrando-se bom, pois nos momentos das crises de Romeo, ele me ajudava a controlar o gênio do meu marido.
- Helena. - Romeo chamou minha atenção, entrando no banheiro.
- Sì, amore?! - Olhei para ele, enquanto brincava com as bolhas de espuma na banheira.
Romeo vestia uma bermuda bege escura e uma camisa lisa, branca. Os olhos azuis estavam escondidos atrás dos óculos escuros e o cabelo úmido estava jogado todo para trás. Mordi o lábio inferior enquanto sentia um conhecido formigamento subir por entre minhas pernas.
- Que cara é essa? - Perguntou, tirando os óculos e me avaliando, divertindo-se. - Non é possível que você já quer mais?! Você é insaciável.
- Bem, que culpa tenho se me casei com um deus do sexo?! - Sorri de volta, levantando-me um pouco da banheira para que ele pudesse me beijar.
- Você é deliciosa, piccola. - Romeo balbuciou em meio aos meus lábios. - Mas preciso sair, vou ter que ir em Barcelona resolver algumas questões.
- Sério?! Mas é nossa lua de mel. - Tentei argumentar, indignada.
- É um assunto muito importante, amore mio. Prometo que voltarei hoje à noite ou amanhã bem cedo.
- Va bene! Dante ficará comigo?
- Non, preciso dele lá. - Romeo encarou-me. - Mas Giovanni está vindo e te fará companhia. Até ele chegar, per favore, non saia do quarto.
Sorri, confirmando com a cabeça.
- Antes de sair, pode pegar meu telefone per favore? - Romeo foi até o quarto e me entregou o aparelho. - Grazie. Buon viaggio, ti amo.
- Grazie, piccola. Ti amo. - Disse saindo do banheiro. - Te ligo mais tarde! - Gritou, batendo a porta do quarto.
Peguei o celular e liguei para Antonella. Desde o casamento eu não conversava com ela. O espaço que ela pediu já estava ultrapassando os limites, estava na hora de conversarmos.
- Ciao, carissima! - Minha melhor amiga berrou do outro lado, alegre.
- Ah non, non me venha com carissima! - Respondi séria. - Due settimane, Antonella! Due!
- Scusa, Helena. Eu non sabia como falar com você. - Sua voz soou triste.
- Ti perdono, mas me conte o que aconteceu. Quero te ajudar.
- Va bene. - Antonella respirou, tomando fôlego. - No seu casamento, logo depois que você e Romeo foram embora, Enrico veio conversar. E, por incrível que pareça, non brigamos. Nos divertimos a noite inteira.
A história de Enrico com Antonella era antiga, cheia de altos e baixos. Desde nossa adolescência os dois brincavam de gato e rato. Antonella jogava charme e provocava, deixando Enrico completamente louco, mas depois o dispensava. No aniversário de 21 anos dela, fomos a um bar e bebemos muito, sem nos preocuparmos com nada, afinal Enrico estava com a gente e nos protegeria. Em um ponto da festa, fui ao banheiro e quando voltei, os dois estavam se beijando.
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Despedaçados [COMPLETO] - (Série Vespri Siciliani - LIVRO UM)
ChickLitÉ fato que as pessoas mudam ao decorrer da vida. Mudam de aparência, de gostos, de estilos, de modos. Mudam por fora e por dentro. Mas nem sempre as mudanças são boas. Muitas vezes elas despertam o que há de pior dentro de alguém. Helena DiFontana s...