Uma preocupação irritante tamborilava em sua mente, deixando Romeo impaciente. Ele não devia tê-la deixado sozinha quando viu que Helena não estava bem. Devia ter ido atrás de sua esposa e a ajudado. "Grande porcaria de marito, você é", pensou consigo mesmo.
Assim que uma garçonete passou pela mesa, ele a chamou e pediu para ir até o banheiro conferir se Helena não precisava de ajuda. A mulher lhe deu as costas e entrou no restaurante. Enquanto isso, ele pegou o celular e ligou para a esposa, apenas para se frustrar ao ouvir o aparelho tocar dentro da bolsa apoiada na cadeira.
- Cazzo, Helena. - Resmungou. - Cadê você?
Antes que pudesse guardar o telefone no bolso, o aparelho vibrou em suas mãos e Romeo verificou a notificação.
"Ele voltou a Palermo", dizia a mensagem de Dante. Apressadamente ele retornou, perguntando quando. "Há duas semanas, mais ou menos. Próximo de quando Helena esteve no hospital".
- Cazzo, cazzo, cazzo! - A raiva subiu por seu corpo e Romeo socou a mesa.
"Consegue a última localização dele?", Romeo enviou ao amigo. Enquanto esperava a resposta, ele observou a garçonete se aproximar novamente. Pela expressão dela, a mulher não havia encontrado Helena.
- Senhor, non havia ninguém no banheiro.
Romeo apenas acenou com a cabeça e dispensou a mulher. Em seu peito, o coração martelava ferozmente e ele precisou respirar profundamente para não perder a calma. Rapidamente ele se levantou, jogou algumas notas sobre a mesa para pagar a conta e pegou a bolsa de Helena.
Com os dedos trêmulos de nervosismo, pegou o celular e ligou para Dante enquanto ia até o carro. "Per favore, piccola. Esteja no carro", se pegou desejando mesmo sabendo que era impossível.
- Pronto. - Dante atendeu do outro lado.
- Qual a última localização dele? - Rosnou.
- Ainda estamos rastreando, non temos certeza...
- Ela su-sumiu. - Sua voz falhou enquanto interrompia o amigo.
- Figlio di puttana! - Dante se exaltou. - Você non acha que ele... - as palavras ficaram suspensa no ar.
- Non quero acreditar, mas também non duvido.
- Cazzo! O desgraçado cumpriu a ameaça.
- Dante... - A voz de Romeo falhou de novo. - É um menino.
Seu amigo ficou mudo. Romeo sabia o que significa. O temor de ter um filho não era apenas por ter que introduzí-lo na máfia, era porque seria seu herdeiro. Se algo acontecesse consigo, seu filho herdaria seu posto mesmo antes ter nascido e isso intimidava muita gente. Algumas pessoas já haviam deixado claro o que pensavam de Romeo ter um herdeiro.
- Onde você está? - Dante perguntou, com a voz baixa. Romeo, que já conhecia esse tom, imaginou a raiva pintando de vermelho o rosto do amigo.
- Saindo do White.
O burburinho de vozes do outro lado indicava que estavam trabalhando em descobrir a localização daquele que poderia ter levado Helena.
- Quem tem a informação sobre seu bambino?
- Apenas nós dois, acho. E você agora. - Romeo respondeu pensativo. - Iríamos contar juntos.
- Alguém seguiu vocês? - Seu amigo questionou.
- Non. Acho que non.
- Acha? - Dante bradou. - Como você acha?
Ele sabia que o amigo tinha razão em estar furioso. Romeo dispensou os seguranças para poder ter um momento privado com sua mulher e acabou relaxando demais. Ele se distraiu com a notícia e deixou a felicidade tomar conta de si, mesmo estando sob ameaça. Helena passou mal e ele a deixou sozinha, a desamparou quando ela precisava de sua atenção. A deixou desprotegida depois de ser alertado do que seus inimigos planejavam.
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Despedaçados [COMPLETO] - (Série Vespri Siciliani - LIVRO UM)
ChickLitÉ fato que as pessoas mudam ao decorrer da vida. Mudam de aparência, de gostos, de estilos, de modos. Mudam por fora e por dentro. Mas nem sempre as mudanças são boas. Muitas vezes elas despertam o que há de pior dentro de alguém. Helena DiFontana s...