A casa de verão continuava exatamente igual. Os portões de ferro altos e a grande entrada, com uma estrada circulando a fonte e o pequeno jardim na frente. No primeiro andar, o hall de entrada, a sala de estar e a de jantar, a biblioteca, o escritório e a cozinha. Os quartos ficavam no segundo andar.
Nos fundos, a piscina com área para festas e churrasco, cercada pelo enorme jardim. O pé de cerejeira ainda estava lá, grande e majestoso. Certa vez papa contou-me que seu bisavô foi até o Japão e trouxe a muda da árvore, de presente para a esposa. As pequenas flores rosas sempre me encantaram. A sombra da cerejeira, rodeada pelas flores que caíam, tornou-se meu porto seguro. Era o lugar para onde eu fugia quando estava triste, pois as cores e o aroma me transmitiam uma sensação de tranquilidade.
- Qual será nosso quarto? - Perguntei a Romeo assim que entramos.
- Aquele que você escolher.
- Podemos ficar com o que tem vista para o jardim?
- Se essa é sua vontade. - Beijou-me a bochecha.
Subi as escadas correndo e segui em direção ao quarto que costuma ser o de meus pais.
A grande cama de casal ficava no meio do cômodo, com dois criados mudos, um de cada lado. A minha penteadeira estava em um canto, diagonal a cama, de modo que eu conseguia ver o jardim através da grande janela, que dava para a sacada. Todos os meu pertences, roupas, sapatos e joias, estavam guardados no closet, junto com os de Romeo. No banheiro, meus produtos estavam organizados sobre uma das pias e, provavelmente, encontraria mais coisas se abrisse os armários.
Voltei para o quarto e encontrei Romeo, apoiado no batente da porta.
- Você mandou trazer minha penteadeira e todas as minhas coisas? - Questionei.
- Sì.
- E como sabia que eu escolheria esse quarto?
- Bem, - ele entrou no quarto, vindo em minha direção - você sempre gostou dessa vista. Nos dias de chuva, sentava na varanda e ficava lamentando que non podia sair e ficar com sua cerejeira. - Firmou as mãos em minha cintura, pressionando levemente. - Imaginei que gostaria de ver sua árvore favorita todos os dias pela manhã.
- Grazie. - Beijei seus lábios, segurando seu rosto com as mãos. - Eu adorei. Grazie, por se preocupar com isso.
- Non precisa agradecer. Só quero que fique bem. - Sorriu, colocando uma mecha do meu cabelo atrás de minha orelha. - Nossa governanta será a senhora Mancini. Tudo o que precisar, é só pedir a ela. Vou tomar uma ducha e ir trabalhar. - Beijou-me nos lábios e seguiu até o banheiro.
Pouco depois de ouvir o chuveiro ligar, entrei no banheiro e comecei a me despir. Romeo virou-se de frente ao ouvir o barulho da porta e me encarou. A água escorria por seu corpo de uma forma convidativa.
- O que está fazendo? - Romeo me olhou intrigado e vi seu membro endurecer a medida que tirava minha roupa.
- Estreando a nossa casa, oras. - Segui até o box do chuveiro, encostando meu corpo no seu. - Ou melhor, nosso banheiro. Ainda temos muitos cômodos para estrear.
Romeo atacou minha boca com vontade, apertando cada pedaço do meu corpo.
Batizamos o banheiro com um sexo cheio desejo e paixão, misturando carinhos com toques mais brutos. Intenso e delicado ao mesmo tempo.
***
Passei a tarde na cozinha, conversando com a senhora Mancini. Rosa era uma pessoa calma e falante, mas um tanto quanto ágil. Enquanto fazíamos um bolo, ela me contou que sua mãe era a governanta dos Sartori, mas desde que ela morreu Rosa assumiu seu lugar. Ela não quis me dar muitos detalhes sobre o assunto, então preferi não insistir.
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Despedaçados [COMPLETO] - (Série Vespri Siciliani - LIVRO UM)
ChickLitÉ fato que as pessoas mudam ao decorrer da vida. Mudam de aparência, de gostos, de estilos, de modos. Mudam por fora e por dentro. Mas nem sempre as mudanças são boas. Muitas vezes elas despertam o que há de pior dentro de alguém. Helena DiFontana s...