Coloquei um vestido canelado todo preto, não tão justinho ao corpo, afinal não queria minha protuberância ficasse tão marcada. Prendi o cabelo em um coque frouxo e fiz uma maquiagem bem leve, apenas uma base, rímel e um gloss rosinha nos lábios. Calcei meu all star preto e peguei minha bolsa.
Assim que chegamos na casa de show/bar, Antonella apresentou nosso cartão vip e fomos liberadas de enfrentar uma fila gigantesca. A iluminação fraca do local dava ao ambiente um ar aconchegante e misterioso ao mesmo tempo. O palco ainda estava escuro e as poucas pessoas que já tinham entrado ocupavam as mesas ao fundo ou estavam sentadas na área do bar.
Enquanto Antonella se acomodava em uma mesa, fui até o bar pedir nossas bebidas.
- Uma água com gás e uma dose de campari com laranja, per favore. - Pedi ao barman enquanto tamborilava os dedos no balcão e varria o ambiente com os olhos.
- Um bom jeito de se evitar uma ressaca. - O homem que estava ao meu lado falou.
Me virei e, por um momento, perdi o fôlego. O homem ao meu lado era enorme, parecia um urso. Seus braços musculosos eram cobertos por tatuagens. Os cabelos loiros eram meio ondulados e iam até a altura dos ombros. A barba por fazer agregava um ar despojado e jovem ao visual. Mas o que chamava mesmo a atenção eram seus olhos verdes, duas esmeraldas hipnotizantes. Ele vestia uma blusa azul lisa, um cordão um pouco longo no pescoço e uma calça jeans, apertada na medida certa, com rasgos no joelho.
- Um pra mim e um pra minha amiga. - Sorri.
O homem sorriu de volta e meu corpo fraquejou ao admirar aquele sorriso. Senti meu coração disparar e minha garganta secou. Mordisquei o canudo da minha água enquanto a bebia. Ele me observou e parecia divertir-se às minhas custas.
- Cory. - Ele estendeu a mão, ainda sorrindo.
- Helena.
Seu aperto foi firme, combinando com a aspereza de sua mão.
- Mãos de músico. - Disse como se lesse minha mente, levantando as mãos e me mostrando as palmas.
- Está com a banda que vai tocar aqui hoje?
- É, tipo isso. - Um dos cantos de seus lábios se repuxou para cima e ele bebeu sua cerveja.
- Bem, minha amiga está esperando sua bebida. - Levantei o copo com o líquido avermelhado. - Ciao, Cory.
Mais uma vez ele sorriu pra mim e lançou uma piscadinha. Senti borboletas voando no estômago e segui até onde Antonela estava. Entreguei seu copo e me sentei. Por cima do ombro, olhei em direção ao bar. Cory ainda estava lá, conversando animadamente com o barman. O assunto parecia divertido, pois ele gargalhava tanto que até se inclinava para trás.
A risada dele era tão contagiante que, mesmo de longe, fazia com que eu risse também. Ele se virou para trás e seus olhos percorreram o ambiente, analisando cada canto. Assim que aquelas duas esmeraldas pousaram em mim, meu corpo se arrepiou inteiro. Cory riu largamente e ergueu o copo, me oferecendo um brinde. Sorri, imitei seu movimento e bebi minha água.
Assim que me virei, dei de cara com Antonella me encarando. Uma sobrancelha erguida e os lábios repuxados em um meio sorriso.
- Quer me dizer do que se trata esse sorriso?
- Non... - Mordisquei o canudo tentando conter o riso.
- Helena, você estava flertando com aquela montanha de músculos? - Antonella questionou enquanto encarava Cory.
Controlar meu rosto mostrou-se um desafio gigantesco, pois eu queria ficar séria e dizer que não. Mas meus lábios insistiam em se manter erguidos, mostrando todos os meus dentes.
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Despedaçados [COMPLETO] - (Série Vespri Siciliani - LIVRO UM)
Chick-LitÉ fato que as pessoas mudam ao decorrer da vida. Mudam de aparência, de gostos, de estilos, de modos. Mudam por fora e por dentro. Mas nem sempre as mudanças são boas. Muitas vezes elas despertam o que há de pior dentro de alguém. Helena DiFontana s...