Capítulo 25 - Empatia e Compreensão

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Sábado, 14 de Setembro de 2019 – Dia seguinte

Narrado por Bakugou Katsuki

Levanto-me e olho ao redor notando uma aura pesada e mórbida dentro do meu quarto. Mas que diabos aconteceu aqui? Noto que estou sozinho na cama e que o calor de Kirishima não se faz presente há um certo tempo. Vou até a janela e me surpreendo com o dia chuvoso e escuro que não fora previsto pela meteorologia. Sinto uma apreensão incomum me tomar e saio do quarto ignorando o fato de estar sujando as meias no chão. Abro a porta ao lado e encontro apenas um cômodo vazio e sem quaisquer indícios de que tenha sido visitado nas últimas horas. Me aproximo da cama e noto uma carta destinada à minha mãe. Não... Isso não pode estar acontecendo.

Saio do quarto sem me importar em fechar a porta e chego na área comum no exato momento em que Ashido está sendo amparada pelas garotas da turma, Kaminari está agachado em um canto chorando descontroladamente e Aizawa encara a todos com uma expressão pesarosa que eu juro nunca ter visto passar por seu rosto.

- Que merda que está acontecendo aqui? – questiono sentindo meu peito acelerar. Eu o salvei, ele não pode ter feito isso. Ele estava comigo esse tempo todo, como pude permitir? Onde está o Kirishima, ele deve estar em algum lugar, ele...

- Bakugou, eu sinto muito, mas... Kirishima Ejirou foi encontrado e... – sua sentença nem precisa ser finalizada para que eu entenda e isso me deixa extremamente furioso e magoado ao mesmo tempo. Grito para que ele pare de falar e levo minhas mãos ao cabelo ajoelhando no chão pela dor que se instaura em meu peito, isso não pode estar acontecendo, eu o salvei. Ele estava aqui, por que isso está acontecendo?

Acordo sobressaltado e sinto meu coração extremamente acelerado, como se a qualquer momento fosse quebrar minhas costelas com as batidas fortes e descompassadas. Olho para o lado e não consigo evitar que meus olhos fiquem marejados ao notar que tudo não passou de um pesadelo. Levanto-me a cama com cuidado para evitar acordar Kirishima e fico olhando-o por alguns instantes antes de me aproximar da janela, olho por entre as cortinas e vejo que realmente está chovendo, como no meu sonho. Suspiro esfregando o rosto com as mãos e vou ao banheiro, fico pensativo sobre tudo o que houve e ainda sinto resquícios da ansiedade que esteve presente até que a exaustão me levasse ao sono profundo no meio da madrugada.

Se eu não estivesse tão abalado, claramente teria ficado acordado durante toda a noite para ter certeza que Kirishima ainda estaria ao meu lado quando acordasse. Termino de escovar os dentes e pego meu celular para verificar as notificações, minha mãe perguntou se irei para casa e decido que o melhor a se fazer é dize-la sobre o que houve. Creio que ela nunca seria indelicada com Ejirou e ter o apoio dela nesse momento é o que preciso, mesmo que seja difícil admitir.

Eu não sei se vou pra casa, o Kirishima tentou se matar ontem a noite e eu o impedi. Vou ficar com ele

Digito a mensagem e mando sem rodeios, ficar contornando a situação para falar não vai mudar o fato concreto que jaz sobre o ar. Meu celular começa a vibrar e seco o rosto antes de atender a ligação que eu já esperava que fosse acontecer.

Filho? Ele está bem? Isso é muito sério, Katsuki, não o deixe sozinho – ela fala atropelando as palavras e sua voz está levemente embargada. Sei que ela deve estar querendo se controlar diante tudo isso e compreendo, eu também estou tentando demonstrar menos do que realmente sinto.

- Ele está dormindo agora, eu ainda não sei o que vamos fazer hoje – declaro olhando para as roupas jogadas no chão do meu quarto na tentativa de me distrair um pouco. Eu queria poder ao menos sentir raiva da situação, esse sentimento já me é característico e estou acostumado a usá-lo, mas o momento se mostra inoportuno para isso e minha fúria se encontra adormecida, dando lugar a outras sensações menos ardentes e um tanto desconhecidas, porém igualmente intensas e avassaladoras.

Depressed || KiriBakuOnde histórias criam vida. Descubra agora