Depressed || KiriBaku

Capítulo 42 - Suposições Descabidas

Sábado, 19 de Outubro de 2019 – Dois dias depois

Narrado por Bakugou Katsuki

Corro cada vez mais rápido sentindo meu corpo esquentar e suar por debaixo do moletom cinza. O Sol já está se pondo e o clima está fresco, sinto meus pés batendo no chão com violência e inspiro profundamente pelo nariz, soltando o ar pela boca em seguida para conseguir manter meu ritmo de corrida.

Decidi não ir muito longe dessa vez, correndo apenas de um lado a outro do quarteirão enquanto Kirishima está no quintal, sentado de pernas cruzadas sobre a grama enquanto toca algumas músicas que não conheço com seu violino. Eu havia o chamado para correr comigo, mas o mesmo se diz muito atrasado com os ensaios para a formatura então decidiu passar dessa vez.

Não vejo mal nisso, já que dessa forma o possível diálogo rotineiro que teríamos durante o treino dá lugar aos meus pensamentos sobre nós. Eu ainda sinto que estou me acostumando com essa rotina que estabelecemos, também estou começando a entender as profundezas de um relacionamento e fico feliz para um caralho que esteja fazendo isso com Eijirou.

Claro que... algumas coisas ainda são um tanto incertas e me causam uma ansiedade que... posso definir como algo bom. Não sei ao certo quando eu fiquei tão viado desse jeito, mas a conversa com Ashido no dia anterior realmente tinha me deixado preso nesse mesmo assunto.

“A professora da aula de artes finalmente anuncia uma pausa e eu suspiro deixando as baquetas de lado sobre a mesa. Sero e Kaminari estavam conversando com Shoji sobre a apresentação dele de Beatbox e não demora para que Kirishima se junte a eles, ainda mantendo o violino em suas mãos enquanto se senta ao lado dos garotos para discutir coisas de ritmo e essas merdas.

Bufo frustrado por sentir um ciúmes me corroendo, ainda que eu saiba que isso é irracional da minha parte. Eu sei que muito do que eu faço e falo muitas vezes é irracional, ao menos agora venho aprendendo a reconhecer isso para evitar coisas que me afetarão negativamente depois.

A alien chega perto de mim e puxa uma cadeira para sentar ao meu lado, ela apoia um dos cotovelos sobre a mesa e deixa seu rosto descansando sobre a mão, me olhando com uma expressão sarcástica que me dá um ódio do caralho.

- Perdeu o cu na minha cara? – questiono irritado por sua observação propositalmente indiscreta e ela sorri com a língua entre os dentes, me lançando um olhar ainda mais venenoso.

- Não, bombinha. Eu só to me afastando para ver de qual distância eu paro de ver os chupões no pescoço do Kiri – ela diz olhando para o ruivo e colocando a mão estendida sobre os olhos, como se tentasse enxergar algo longe de si. Fico instantaneamente puto e envergonhado com sua constatação e por um breve momento fico sem ter o que responder, dando a ela a chance de me provocar ainda mais – Agora eu entendi o por quê de você ter aceitado tão fácil fazer uma festa na sua casa.

- Cala a boca, Ashido – Resmungo colocando a mão no rosto rosnando como advertência, tentando ao menos esconder o rubor que sobe por minha face deixando bem claro a minha situação com sua descoberta. Vejo por entre os dedos a rosada rindo da minha cara, ela coloca as mãos nas bochechas e me olha com aquelas escleras negras com irises douradas brilhantes me encarando com curiosidade.

- Quem é o Uke e quem é o Seme? – Ela questiona com um tom entusiasmado e eu fico confuso com sua pergunta tosca. Que diabos é isso, cacete?

- E eu vou lá saber que porra é essa? – Retruco mal humorado por sua encheção de saco chata pra caralho e ela suspira revirando os olhos antes de ajeitar a postura.

- Uke, passivo. – Ela ergue a mão unindo o indicador e o polegar, deixando os outros dedos erguidos. – Seme, ativo. – Ela continua a falar agora erguendo o outro indicador, fazendo movimentos de vai e vem com o dedo no círculo que sua outra mão formava. Eu fico boquiaberto quando a compreensão vem a tona e meu rosto provavelmente está pegando fogo agora.