Capítulo 17 - Eu Mereço a Dor

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Eai pessoal, tudo bem?

Se possível, gostaria que vocês escutassem a música que colocarei na mídia antes de ler, ela surgirá no meio do capítulo e seria legal se vocês tivessem ela na mente para sentir um pouco mais a emoção do Kiri.

Boa leitura!

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Segunda-feira, 2 de Setembro de 2019 – 2 dias depois

Suspiro olhando-me no espelho do banheiro uma última vez antes de ir até a sala de aula, o professor já deve estar lá passando matéria, sei que estou bem atrasado e não me orgulho disso, porém requer certa coragem da minha parte aparecer por lá com um olho roxo. O uniforme me ajuda nessa parte, escondendo as marcas arroxeadas e escuras adornando minha pele pelos braços e tronco, só terei que fugir da aula prática se for o caso de hoje.

 Respiro fundo sentindo um pouco de dor nas costelas, mesmo depois de um dia inteiro para me recuperar ainda me sinto dolorido em muitas partes, inclusive por dentro. Meu peito se aperta com a recordação das duras palavras que acabei conquistando com minha tentativa inútil de me aproximar um pouco mais do meu pai, creio que tudo o que sofri foi merecido, portanto não sinto raiva de sua explosão em torno de mim.

Seguro a alça da mochila com mais firmeza e finalmente saio do banheiro olhando para o corredor com certa apreensão, caminho com passos lentos e hesitantes até estar de frente para a enorme porta da classe 1-A, ergo o punho para bater e fico pensativo por alguns segundos antes de realmente apontar a minha presença aqui fora. Ouço a voz do professor parar e os passos latentes aproximando-se do outro lado, Aizawa abre a porta e me olha de cima a baixo com uma expressão não muito boa.

- Está atrasado, entre – ele diz entonando uma grande quantidade de repreensão em apenas duas palavras, abaixo a cabeça e murmuro um pedido de desculpas antes de entrar na sala e ir direto para o meu lugar. Os olhares me seguem até ali e fico extremamente desconfortável com a observação, a aula prossegue normalmente e sinto o cheiro doce de baunilha um pouco mais intenso que o normal, olho para a frente e vejo Bakugou com as mãos fechadas em punho e uma fumaça quase nula se esvaindo das mesmas. Seus ombros estão tensos e mesmo que eu não veja seu rosto, tenho certeza de sua expressão furiosa.

 Me encolho no meu lugar e busco meus materiais dentro da mochila, olho para a foto amassada de minha mãe que havia conseguido manter comigo no sábado e respiro fundo buscando forças para continuar, não posso continuar sendo fraco dessa forma, tenho que mostrar ao mundo que estou bem, mesmo que não esteja.

- Bom, essas questões da página 39 serão para entrega na próxima semana, por questões de grade curricular teremos que incluir nas atividades de vocês a matéria de artes cênicas, portanto vou apresentar a nova professora – Aizawa comenta indo até a porta e fico curioso quanto a isso, nunca fui muito talentoso para desenhar, cantar ou dançar, mas já tive alguma experiência com música e me pergunto por que abandonei algo tão valioso para mim.

- Bom dia alunos, eu sou Fuguya Hashirama, serei a professora de artes de vocês e é um prazer estar aqui com... Eji?! – ouço uma voz conhecida me chamar pelo apelido e então me dou conta de quem está na frente da turma se apresentando. Aqueles cabelos loiros e olhos verdes eu reconheceria em qualquer lugar, fico boquiaberto assim como ela e tento achar palavras para lhe responder. Não sei o que estou sentindo em reencontrar minha antiga professora de música, é um misto de alegria, nostalgia e remorso, por não ser mais aquele aluno feliz e animado de suas aulas.

- O... oi, senhorita Hashi – digo ainda meio constrangido, ainda mais pela atenção novamente vir até a mim, tento me esconder um pouco na mesa e evito olhar para ela diretamente a fim de não mostrar meu estado deplorável.

Depressed || KiriBakuOnde histórias criam vida. Descubra agora