Capítulo 18 - Deixar-te-ei? Jamais...

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Narrado por Bakugou Katsuki – Mesmo dia

 Vejo Kirishima cair no chão e tirar o blazer como se o mesmo estivesse pegando fogo, fico ainda mais puto da vida ao ver com mais clareza os hematomas que tomam seus braços e seguro a respiração ao notar que o mesmo está sangrando. Deixo o impasse da minha hesitação de lado e me aproximo agachando-me à sua frente, me agarro no ódio que sinto pela pessoa que o deixou dessa maneira e começo a desabotoar sua camisa sem me importar com sua rejeição, não permitirei que me afaste agora, não há outra forma de me deixar mais puto do que já estou.

 Termino de desabotoar o tecido e olho para ele com convicção, sua expressão é de dor e meu coração se aperta ao lembrar-me do seu sorriso enquanto tocava aquela melodia suave com um instrumento que eu nunca pensei que iria vê-lo manusear.

- Tire a camisa, eu já to puto para um caralho e sei que você está todo fudido, não adianta esconder mais – falo controlando meu impulso em trata-lo como uma criança e tirar sua camisa eu mesmo. Ele se levanta apoiando-se na parede e retira a camisa, arregalo os olhos ao analisar seu tronco e retiro o que disse anteriormente, realmente tem como minha raiva se tornar ainda maior. Fecho as mãos em punhos quando o vejo se afastar para entrar no banheiro.

- Eu posso lidar com isso sozinho, você vai passar mal – ele murmura sem olhar para o meu rosto em momento algum, fico realmente irritado com sua falta de atenção e seco as palmas das mãos na bermuda ao olhar para as costas de Ejirou cheias de cortes, uns menores e outros parecendo bem profundos, como é o caso do que está na altura de sua cintura, que o mesmo inutilmente ainda tenta estancar com a camiseta manchada de vermelho. Me aproximo do moreno e pego em sua mão para coloca-lo sentado na cama.

- Não se atreva a dizer o que eu devo ou não fazer – faço com que ele fique sentado de costas para mim sobre a cama e tiro a caixa de primeiros socorros que deixo sob o móvel, coloco-a ao meu lado e antes de realmente buscar o algodão e os esparadrapos, coloco meus dedos sobre seu ombro direito e percorro sua pele, sentindo o calor que seu corpo emana ainda mais ao redor dos ferimentos irregulares. Sinto meu peito apertado e respiro fundo ao afastar minha mão e pegar um algodão molhado em álcool, começo a limpar um dos cortes que jazia com sangue seco ao redor e não deixo de notar quando Kirishima crava seus dedos endurecidos no colchão.

 Fico completamente atordoado e tenho que continuar respirando profundamente para aguentar essa visão, quem seria capaz de fazer algo com Ejirou? Ainda mais no estado em que ele está... Eu não consigo achar motivos para que alguém chegasse ao ponto de machuca-lo tanto, ainda mais quando eu não estava por perto para protege-lo como eu prezo por fazer. Eu sei que não é algo que está sobre o meu controle, assim como a tristeza que o moreno vem sentindo em uma proporção desesperadora. Nada está sob o meu controle e isso me deixa puto, extremamente furioso, porém o que mais eu sinto no momento, é a culpa.

 Continuo a cuidar dos ferimentos de Kirishima até que faço o último curativo no corte em sua cintura que aparentava ser o mais grave, suas costas estão tensas e sei que mesmo com toda a dor que ele está sentindo, seus pensamentos estão mais contra si mesmos do que contra

aqueles que merecem a real repreensão.

 Deixo a caixa de primeiros socorros de lado e coloco minhas mãos na lateral de seu corpo, tomando o máximo de cuidado possível ao levar meus dedos para seu peitoral, puxo-o para perto de mim sendo cauteloso para não encostar em suas costas, por mais que eu queira abraça-lo com toda a força que tenho, deixo um beijo em seu ombro sem me importar com o quão sentimental pareço estar no momento. Afundo meu rosto em seu pescoço inspirando profundamente sentindo o aroma doce que perdura em seus fios negros, cerro os dentes e sou incapaz de segurar as lágrimas que pensei que poderia esconder por mais tempo. Ele que está machucado, mas ter essa visão do espectro ferido por dentro e por fora da pessoa que mais importa para mim é demais para suportar, eu sinto a sua dor como se fosse a minha própria e tudo isso me deixa cada vez mais impotente.

Depressed || KiriBakuOnde histórias criam vida. Descubra agora