Sexta-feira, 30 de Agosto de 2019 – 2 dias depois
Saio da sala sendo acompanhado pela assistente que acena para mim de forma amigável, ainda sinto as frases complicadas e complexas ditas pela doutora rodando na minha mente. De certa forma, conversar com ela me faz pensar mais do que somente comigo mesmo, apesar de eu não saber se posso considerar isso bom ou ruim ainda.
Caminho lentamente para fora do local e olho para a rua extensa e com algumas árvores pela calçada, a U.A. pode ser vista daqui, já que o consultório é propriedade deles também justamente para auxiliar os heróis formados por tal colégio. Não era surpresa para mim que há um teste psicológico a ser feito para conseguir a licença de heróis, mas que muitos profissionais precisam estar sempre atentos á sua saúde mental para arcar com a profissão, isso é novidade. Claro que saber de tal coisa fez eu me sentir um pouco melhor quanto a isso, mas em comparação as pessoas mais próximas a mim, eu não consigo deixar de me sentir um louco.
Hoje fui capaz de me aprofundar um pouco mais sobre o que eu sinto, mas ainda não consigo entender perfeitamente. Uma coisa ficou clara, depois que minha mãe morreu conquistei uma aproximação ainda maior de Bakugou, o que eu já almejava desde sempre, na verdade, eu sabia que já éramos amigos, mesmo com toda aquela pose do loiro, só que as coisas agora estavam diferentes e percebi que preciso definir realmente o que estou fazendo, para determinar uma direção. Já há muitas coisas abstratas, creio que minha relação com Katsuki não pode ser uma delas.
Faço o caminho para casa e continuo pensando sobre a consulta de hoje, antes já havíamos discutido sobre como devo falar sobre as coisas que me atormentam, deixar que se tornem reais, para então lidar com elas. Isso não é nada fácil, mas até então eu entendi em partes o que significa, mas agora o próximo passo me parece loucura...
“- Seja sincero não só consigo mesmo, converse com as pessoas ao seu redor, o seu pai por exemplo, é uma das pessoas que mais pode te compreender nesse momento”
Ser sincero? Isso parece algo tão simples que me sinto ainda mais idiota por ter que escutar isso de terceiros. Eu sei que estou sofrendo mais do que deveria pela morte da minha mãe, sei que estou com raiva de mim por não conseguir lidar com tudo isso e sei que gosto do Bakugou mais do que como somente um amigo... Mas qual será a reação do meu pai ao escutar isso tudo vindo de mim? Nós mal conversamos nos últimos tempos, desde que minha mãe morreu ele procura estar no trabalho até quando não há necessidade, me pergunto até mesmo se ele está em casa hoje.
Paro em frente a porta de casa e respiro fundo procurando forças para encarar esse lugar, ainda é muito doloroso passar por aqui e não ter ninguém me perguntando como foi no colégio ou reclamando sobre minhas roupas jogadas sobre a cama, gostaria de saber se um dia irei superar isso ou terei que me mudar para arcar com essas lembranças insípidas e latentes em minha memória.
Entro em casa e deixo minha mochila sobre o sofá, olho ao redor e noto uma pequena melhora na organização, apesar de nada estar do jeito que me lembro, provavelmente meu pai deve ter pago alguém para arrumar, eu reconheço a mudança na forma de posicionar os objetos e até mesmo de manter os móveis. Esfrego o rosto com uma das mãos e tento não ficar olhando demais para todo lugar, pensando em como minha mãe faria tudo diferente se estivesse aqui para isso.
Ouço um barulho na cozinha e vou para lá a fim de verificar o que está acontecendo, vejo meu pai agachando-se para pegar alguns talheres que ele acabou derrubando no chão, noto as sacolas sobre a mesa e não me surpreendo com a comida comprada, ela era quem cozinhava, então nenhum de nós dois sabe lidar com essa parte também.
- Oi... pai – digo estranhando a sensação desconfortável que me toma ao interagir com ele. Nunca fomos muito próximos de fato, mas agora que somos os únicos nessa casa, a distância entre nós parece quilométrica, talvez tenha se tornado ainda maior sem alguém que nos mantenha unidos.
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Depressed || KiriBaku
FanfictionSeus cabelos estavam negros e escorridos, assim como a áurea que lhe acompanhava. Seu sorriso de dentes afiados há muito não surgia. O que houve com Ejirou? ______________ Kirishima sempre foi o amigo que iluminava o ambiente, contagiando a todos c...