Quinta-feira, 15 de Agosto de 2019
Acordo extremamente cedo e ergo meu corpo da cama de forma automática, caminho até o banheiro e faço todo o processo habitual antes de sair e vestir uma roupa de treino confortável. Antes minha mente estava constantemente rodando em torno de aleatoriedades insignificantes, mas agora, depois da fala de Bakugou ontem, me vejo constantemente pensando em minha mãe e a falta que ela me faz, mesmo em momentos que eu não estaria com ela de qualquer forma. Saber que ela não está mais presente nesse mundo me atormenta, mas não consigo exprimir sentimento algum além de raiva, o que me deixa frustrado.
Até quando essa névoa densa e caótica vai me acompanhar? Talvez eu deva perguntar se um dia irá realmente embora, mas no momento, não me importo muito. Saio do quarto fechando a porta atrás de mim e faço o caminho até a academia interna do colégio. Começo correndo um pouco na esteira para aquecer e depois de 10 minutos já me sinto preparado para a musculação. Minha cabeça segue cheia de reflexões profundamente perturbadoras. Viver é tudo isso mesmo? Estudar, trabalhar, superar a morte de pessoas queridas, casar, ter filhos, suportar as adversidades e por fim morrer, pensando sobre tudo o que fez até então.
Balanço a cabeça decidido a espantar as divagações e deito sobre um dos bancos depois de pegar halteres de 10kg cada. Abro os braços segurando os pesos para começar o “crucifixo” e faço o movimento lentamente, juntando os pesos acima do corpo e voltando a abrir os braços, focando bem na exaustão do peitoral, a dor começa a irradiar em meus braços e peito a partir da décima quinta repetição e aproveito esta sensação de queimação para sobrepor minha confusão psicológica. Continuo a buscar exercícios exaustivos que me deem um pouco de paz por meio da dor e me pego pensando nesse fato. Sentir dor nunca fora algo agradável, mas quando se sente um aperto tão grande por dentro, o que mais chega perto de estancar essa ferida intangível são feridas reais.
Sento-me em um dos bancos inclinados para fazer abdominais e faço as repetições com vontade, procurando levar meu corpo ao limite. Quando me dou por satisfeito, volto a vestir a camisa por cima do corpo suado e saio da academia, voltando para os dormitórios. Assim que estou em frente a entrada do prédio da 1-A vejo alguns garotos estranhos conversando em um grupo um pouco afastado, perto da entrada do prédio da turma comum. Desvio o olhar ao notar que os mesmos falam alguma coisa me observando e me apresso em chegar ao meu quarto. Sigo em direção ao chuveiro tentando inutilmente ignorar as diversas vozes e questionamentos que rodeiam minha consciência me fazendo duvidar do valor da vida. Vamos lá Kirishima, mais um dia cheio pela frente.
-_-_-_-_-_-_-_-_-_-_-_-_-_-_-_-_-_-_-
Olho para o caderno tentando ler as questões passadas pelo professor, mas não consigo me concentrar em nada. Ao meu redor todos parecem extremamente concentrados em suas tarefas, mas eu mal consigo ler o enunciado das perguntas sem embaralhar todas as palavras em minha mente. Coloco as mãos nos ouvidos e fecho os olhos por alguns instantes, tentando extinguir as sensações que continuam a me tirar o foco. Já não basta ter que sorrir e fingir que continuo igual, tenho que ser um miserável nos estudos também?
Esfrego o rosto com as mãos e volto a pegar o lápis entre os dedos, batendo a ponta na folha do caderno, deixando diversos pontos aleatórios. Continuo com dificuldade, mas evito a todo custo pedir ajuda para Bakugou como eu faria normalmente quando surgisse alguma dificuldade em matérias teóricas. Mesmo que eu saiba que o loiro me ajudaria, por mais estressado e chato que seja, eu não consigo mais olhar direito para ele desde que ouvi aquelas palavras de sua boca.
“Eu não vou ficar bancando sua mãe”
Aquilo mexeu comigo, por mais que seja difícil admitir e agora tudo que eu queria era ser capaz de desligar minha mente, sentir paz e tranquilidade para resolver essas perguntas que no final, não devem estar tão complicadas como parecem para mim.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Depressed || KiriBaku
FanfictionSeus cabelos estavam negros e escorridos, assim como a áurea que lhe acompanhava. Seu sorriso de dentes afiados há muito não surgia. O que houve com Ejirou? ______________ Kirishima sempre foi o amigo que iluminava o ambiente, contagiando a todos c...