capítulo 39.

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Os dias seguintes foram extremamente duros. Michael já sofria de insônia antes da acusação, mas depois dela as coisas pioraram. Ele mal dormia e quando dormia, acordava pela madrugada e não conseguia dormir mais. Fiquei do lado dele todas as noites confortando-o em silêncio, apenas com o amor que tinha para lhe oferecer. Conseguia sentir todas suas dores e angústias, era como se eu fosse algum tipo de esponja e sugasse todos sentimentos que ele sentia.

A maioria dos familiares de Michael ligavam ou iriam visitá-los tentando dar algum tipo de conforto, alguns amigos também. Ficaram sabendo do nosso noivado só depois da confusão. A mãe de Michael era a que parecia estar mais abalada. Se eu sofria por ele, imagina a mulher que dera a vida. Ocorriam varias reuniões sempre envolvendo os advogados do Michael e da família do garoto que estava acusando-o. Michael falava que o pai do garoto que estava por trás disso, que o menino jamais faria isso. A mídia já taxava Michael como culpado e isso deixa-o furioso é triste. Ele gravou um vídeo defendendo-se, mostrando seu lado da história. Tudo parecia um pesadelo.

...

Uma certa tarde, sai para comprar algumas coisas para tentar alegrar um pouco o dia de Michael. Comprei alguns doces e cartas para jogarmos.
Quando retornei para a mansão, não o encontrei nos cômodos que ultimamente costumava ficar, então o procurei em uma sala que ele costumava fazer algumas reuniões, ele havia comentado comigo que seu empresário viria para conversarem.

Fui até o local da sala e quando cheguei próximo a porta, escutei a voz de Michael e de dois homens desconhecidos. Aproximei-me devagar para não me escutarem e fiquei atrás da porta escutando a conversa. Mesmo não conhecendo os empresários de Michael, eu não confiava neles, para mim eram parasitas só querendo aproveitar-se dele.

- Michael, isso está se transformando em um caos, precisamos fazer alguma coisa. - Um deles disse, sua voz carregada de indignação.

- Eu sei, mas o que posso fazer? - A voz de Michael saiu desanimada.

- Vamos nos livrar desta família. Ofereça dinheiro a eles, com toda certeza eles desistirão da acusação. - Uma voz diferente da primeira sugeriu.

- Também acho o melhor a se fazer. - A primeira voz concordou.

- Vai ser melhor para sua carreira. Assim, tudo voltará ao normal.

- Para a carreira dele ou para vocês. - Sai de trás da porta e disse, não aguentei escutar aquela proposta ridícula sendo feita.

- Quem é você? - Um deles perguntou olhando-me dos pés a cabeça.

- Sou Maitê, noiva do Michael. - Falei encarando-os. Eles ficaram um pouco surpresos com minha resposta, Michael apenas respirou fundo. - Isso que vocês querem fazer é ridículo. Michael não vai dar dinheiro a ninguém, ele é inocente e precisa provar isso. Se derem o dinheiro, vai parecer que ele é culpado. - Minha voz estava carregada de raiva.

- Não vai se a acusação for retirada. E também iremos colocar uma documentação afirmando que Michael queria ir se defender, mas nós achamos melhor pagar a família. - Um dos homens disse.

- Isso que você está falando é ridículo. A mídia já está sabendo, todo mundo está sabendo. Se Michael pagar a família, vai ser como se ele estivesse feito o que dizem e está pagando para não ser denunciado. Ele tem que ir provar sua inocência. - Minhas sobrancelhas estavam juntas e eu sentia-me indignada por eles estarem dando esse tipo de conselho a Michael. Os dois homens olharam para Michael como se quisessem algum tipo de intervenção.

- Maitê, depois conversamos, sim? - Disse Michael docilmente.

- Ok. - Olhei bem para os dois homens antes de sair da sala.

Mais tarde, estava saindo do banho e deparei-me com Michael sentado na cama a minha espera. Ele olhou-me e sua feição era seria.

- Como foi o resto da reunião? - Perguntei sentando ao seu lado. - Desistiram daquela proposta idiota, né?

- Vou aceitar dar o dinheiro para a família. - Disse ele calmamente.

- Está de brincadeira? - Dei uma curta risada de nervoso.

- Não, Maitê.

- Michael, porque está pensando em fazer isso, não ouviu o que eu disse lá? - Levantei da cama passando as mãos sobre o rosto.

- Estou cansado com toda essa situação, essa família só está querendo dinheiro, darei o que eles querem para que me deixem em paz. E como disseram, vão colocar no contrato que eu quero lutar pela minha inocência.

- Acha que a mídia irá colocar essa parte nos jornais? Se você fizer isso, todos vão pensar que você realmente abusou daquela criança.

- Vão acreditar em mim, eu não fiz isso.

- Eu sei! Mas olha como você quer provar isso, dando dinheiro a família. Meu Deus! - Alterei meu tom de voz. Sentia-me tão nervosa que era capaz de bater naqueles empresários. - Esses homens só estão pensando neles, não faça isso Mike, por favor. - Aproximei-me de Michael e acariciei seu rosto.

- Vou fazer Maitê, está decidido. Tente entender a minha decisão. Estou sofrendo.

- E você acha que eu não estou? Sofro vendo você assim, mas vai por mim, essa não é a melhor escolha.

- Eu acho que sim. - Michael me deu um beijo na bochecha, levantou-se da cama e saiu do quarto. Comecei a sentir desespero e ódio. Ódio dele ter escutado aqueles caras e não a mim. Sentei no chão e comecei a chorar.

Naquele mesmo dia, eu havia comprado alguns teste de gravidez na farmácia. Minha menstruação estava atrasada a mais de um mês e eu tinha certeza que esperava um filho. Fui ao banheiro e fiz o teste, eu estava certa. Esperava um filho de Michael..

A fãOnde histórias criam vida. Descubra agora