capítulo 2.

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Meu coração acelerou assim que coloquei meus olhos no pedaço de papel na mão do meu pai. Um papel nunca me fez tão feliz até aquele momento (terá outro papel que me deixará tão feliz quanto, mas não vou adiantar a história) Minha mãe chegou atrás de meu pai com um sorriso enorme nos lábios. Sai rapidamente do chiqueirinho e corri na direção de ambos abrando-os.

- Meu Deus! Eu amo vocês. - Falei com a voz trêmula de choro. Comecei a distribuir beijos nos rostos de ambos.

- Calma, assim você vai nos matar. - Minha mãe disse entre risos.

- Você sabe que não sou a favor desse seu fanatismo, mas você é uma excelente filha. Merece isso e muito mais.

- Obrigada pai, obrigada mãe. Amo muito vocês.

Após mais alguns minutos de choro e gratidão, corri até o telefone para comunicar a Sulen, não demorou para que ela atendesse.

- Alô?

- Sulen.

- Falaaa! – Ela disse animada.

- Sou eu, Maitê. Meu pai comprou o ingresso para mim, nem pediu minha ajuda.

- Sério? Não acredito.

- Sério, você conseguiu pegar o dinheiro no banco?

- Vou ir lá segunda depois da faculdade.

- Eu estava pensando, o nosso salário apenas não da para comprar um ingresso, mas os de nós duas sim. Eu vou te dar meu salário para você comprar.

- Não, não é certo.

- Amiga, quero você lá comigo. E isso é bem melhor do que se endividar com o banco. Aceite, por favor.

- Ah, não sei...

- Por favoooor! - Insisti.

- Tudo bem, mas eu vou te pagando aos poucos. - Ela disse.

- Tudo bem, tudo bem. Deixa eu te falar uma coisa, acho que vou pedir umas férias. Estava pensando, precisamos acampar na fila para ser uma das primeiras.

- Sim, sim. Você tem razão. Mas, aqui, minha mãe está me chamando, depois conversamos melhor.

- Tudo bem, até mais. - Desliguei o telefone.

Na hora do jantar, fomos para a mesa comermos as panquecas que minha mãe havia preparado. Fiquei conversando igual uma louca, contando sobre algumas notícias que eu havia visto na TV e principalmente contando os meus planos para o show.

- Tenho que comprar uma roupa nova, fazer uma faixa enorme com o nome do Michael. Vou acampar na fila do show para ser uma das primeiras.

- Ei! Espere um momento, não quero que você fique acampada em lugar nenhum.

- Mas mãe, se eu não fizer isso, ficarei distante do palco.

- Não me importo. Você não vai ficar dormindo na rua. Alguém pode te machucar, roubar ou até abusar de você.

- Mãe a fila vai estar cheia, ninguém vai fazer isso.

- Já disse que não.

- Eu concordo com sua mãe, é perigoso e isso poderia te atrapalhar nos estudos. Como você vai trabalhar e estudar ficando dormindo na rua?

  Respirei fundo e fiquei calada. Eles já tinham me dado o ingresso, e mesmo sabendo que eu precisava acampar na fila, deixei para resolver esse problema depois, estava feliz demais para estragar com coisas simples.

Naquele dia, fui deitar radiante. Deixei o disco Dangerous do Michael tocando até pegar no sono. Queria aprender todas as músicas do álbum para não ficar sem saber cantar no show. Lembro-me que adormeci  durando a música Heal The World que também era uma das minhas preferidas, na verdade, todas eram. Não era fácil escolher apenas uma.

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