A fã

capítulo 36.

- Amei as surpresas desta noite. - Falei quando adentrei no quarto de Michael, ele estava acabando de vestir uma regata branca, tinha acabado de tomar banho.

- Achei que amaria, fico feliz em te fazer feliz. - Sentou-se na cama me fitando. Usava a regata e uma calça moletom preta, seu cabelo preso em um rabo de cavalo bagunçado.

- Você é demais, Mike. - Corri em sua direção e pulei em cima dele fazendo-o cair na cama, apoiei meus braços na cama para não jogar o peso do meu corpo sobre ele. - Estou vivendo em um sonho no qual não quero acordar. - Falei depois de selar seus lábios. Michael apenas deu um sorriso torto. Logo percebi que tinha alguma coisa errada. - O que você tem? - Perguntei o olhando no fundo dos olhos.

- O Natal, não sei se é o certo comemora-lo. - Michael desviou seu olhar do meu.

- Porque está pensando isso? - Sai de cima dele e sentei sobre a cama, minhas sobrancelhas franzidas. Michael também sentou-se.

- Fui criado assim, Maitê. Essa data é uma data qualquer que alguém veio e disse que foi o dia que Jesus Cristo nasceu. Uma data pagã.

- Amor, eu te entendo, mas o importante é o que está no seu coração, o que você comemora. Todos sabem que não foi no dia 25/12 que Jesus nasceu, mas deixamos essa data para comemorar algo que foi tão importante para nós. Isso que importa. - Falei tentando ser a mais compreensiva possível. - Não quero te ver assim, se não estiver sentindo-se bem, podemos cancelar.

- Não, não precisa. - Ele balanço a cabeça reprovando a ideia.

- Certeza?

- Sim, você está certa. O importante é o que está em nosso coração. - Disse ele com um sorriso nos lábios, em seguida me abraçou. Posicionei meu rosto sobre o vão entre seu ombro e pescoço sentindo o suave cheiro que ele exalava. - Durma comigo hoje? - Pediu ele comigo ainda envolvida em seu braços.

- Claro. - Respondi com o rosto afundado em seu pescoço. O melhor lugar do mundo para mim era ali, em seus braços. Nada poderia me entristecer, nada poderia dar errado enquanto ele estivesse do meu lado, essa era a sensação que sentia quando estava com ele.

Naquela noite, ficamos horas conversando antes de dormir. Contei para ele coisas de infância e como sempre, ele ficava surpreso com as histórias como se fosse a coisa mais extraordinária do mundo. Acho que era porque nunca fora criança de verdade, nunca viveu as coisas que pessoas normais vivem, eu achava sua reação fofo, dava prazer em contar tudo para ele. Dormimos abraçados enrolados na coberta.

(...)

No dia seguinte, Sulen e eu saímos bem cedo para comprar algumas coisas para o Natal. Ainda não havia comprado os presentes e nenhuma roupa para a ceia, não poderia passar um Natal tão especial como este de qualquer jeito. Aproveitei e mostrei para Sulen a cidade e alguns pontos que Wesley me apresentou.

- Sulen, como está Jack? - Perguntei para ela, estávamos em uma loja de um shopping no centro de Los Angeles, Sulen olhava uma saia preta que tinha nas mãos.

- Ah amiga... Jack está na dele, mas não acredita mais em vocês dois. - Respondeu sem tirar sua atenção da saia virando ela de um lado para outro.

- Eu deveria ter terminado com ele a muito tempo.

- Sim, concordo. O que está fazendo é muito errado. O que Michael sente em relação a isso?

- Brigamos feio quando ele soube que eu namorava, mas falei que iria terminar, e até hoje nada.

- Bom... Termine logo, é o melhor a se fazer. - Sulen finalmente olhou para mim. - Vou experimentar essa saia. - Deu um sorriso torto e começou a caminhar na direção do provador.

- O que vai me dar de presente? - Perguntei quando chegamos nos lugares onde ficavam os provadores.

- Já lhe dei, minha ótima presença. - Sulen deu um sorriso convencido e fechou a porta do provador.

- há-há.

- O que vai comprar para Michael? - Gritou lá de dentro, caminhei até uns banquinhos por perto e sentei-me.

- Já comprei o presente dele, é bem simples, mas ele vai amar. - E realmente iria, arrancaria risadas, com certeza. - Falta só os dos meus pais e Agnes.

- Agnes? Espero que tenha em mente um presente para mim também. - Respondeu em um tom ciumado.

- Claro que sim. - Ri com o jeito que ela disse.

- Bom mesmo. - Sulen abriu a porta do provador e saiu de dentro dele dando uma rodada em volta de si. - Como ficou? - Perguntou fitando-me.

- Ficou muito bom. - Respondi analisando a saia em seu corpo.

- Também achei, vou levar. - Deu um largo sorriso e voltou para dentro do provador.

Saímos dos provadores e passamos a saia no caixa para pagar, em seguida nos retiramos da loja.

Visitamos todas as lojas do shopping atrás dos presentes. Foram fáceis achar uma lembrancinha para a maioria das pessoas, o difícil mesmo fora para Elizabeth. O que uma mulher como ela gostaria de ganhar? Uma mulher que tinha tudo.

- Porque não dá um porta retrato com uma foto do Michael e ela? Acho que vai gostar. - Sugeriu Sulen, e não era uma má ideia.

- Ótimo, ela vai amar. - Sorri entusiasmada. Dentro do shopping não tinha nenhum tipo de loja que vendesse porta retrato, então procuramos em algumas lojas por fora.

Comprei um porta retrato lindo para Liz com recadinhos de amizade sobre o vidro, agora só faltava a foto que eu esperava que pudesse encontrar em Neverland. Voltamos para casa ao pôr do sol, precisávamos nos arrumar para a ceia.

Michael on:

A música ia se formando enquanto eu ia escrevendo pequenas estrofes em um papel sobre a mesa do estúdio. Com a presença de Maitê em minha vida, quase não pensava em escrever. Ou quando pensava, não conseguia me concentrar com ela em cima de mim querendo dar umas de suas saídas travessas ou fazer amor. Aquela garota chegou em minha vida e mudou tudo, o meu jeito de ser e de pensar, agir. Foram poucas as vezes que me apaixonei na vida e nada fora igual o sentimento que sentia por ela.

Coloquei o lápis ao lado da folha e levantei da confortável cadeira que sentava. Hoje era véspera de Natal, geralmente as pessoas começam os comemorativos as 00:00, e nós iriamos ser uma dessas pessoas. Ainda me sentia um pouco mal por estar comemorando está data, mas ao mesmo tempo sentia-me ansioso. Queria participar logo da troca de presente, queria logo ver o rosto de Maitê quando eu desse para ela o que tinha em mente. Em cima da mesinha, peguei a pequena caixinha dourada de joias que havia comprado a alguns dias atrás. Abri e observei o anel de noivado que havia comprado. Lindo igual a ela com um pequeno diamante em sua parte exterior. Ela iria amar, com toda certeza.