Capítulo 51

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Batia as unhas das mãos freneticamente sobre a mesa que eu estava aguardando em uma lanchonete popular em Los Angeles. Era começo de tarde e minha barriga rolava de fome. Aguardava ansiosa por Agnes. Para minha sorte, Michael manteve contato com ela. Liguei para ela e marquei um encontro.
De longe, vi os cachos castanhos de Agnes e sua pele mais bronzeada do que nunca entre as pessoas que andavam. Ela estava linda, como sempre fora. Abriu um enorme sorriso ao me ver, sorriso que também estava estampado no meu rosto. Levantei da cadeira e fui ao seu encontro com passos largos.
- Não acredito! — Ela gritou, me envolvendo em um abraço apertado e longo.
- Quantas saudades. — Falei, podendo sentir o cheiro do seu creme de cabelo enquanto minha cabeça estava apoiada em seu ombro.
- Nem me fala. — Ela afastou-me.— Você não mudou nada. — Agnes olhou-me de cima a baixo. — Achei que poderia pelo menos crescer. — Brincou rindo, acompanhei ela com as risadas.
— Eu nem sou tão baixa assim. — Arqueei as sobrancelhas.
- Michael com certeza usa um banquinho para te beijar.
- Para! — Exclamei entre risadas. — Vamos comer algo porque estou morrendo de fome.

Agnes e eu sentamos à mesa que eu havia reservado. Pedimos um hambúrguer e enquanto esperamos, ela contou as novidades de sua vida. Terminou com Samuel e isso a fez voltar para Los Angeles. Começou a fazer faculdade de advocacia e formou-se a pouco tempo. Agora morava em um apartamento no centro da cidade com sua irmã, Hanna. Por falar em Hanna, Agnes contou-me algo que me deixo surpresa.  Hanna estava namorando com Wesley. Depois que fui embora sem dar explicações, Agnes, Hanna e Wesley saíram algumas vezes e foi assim que surgiu o romance. Eu queria muito ver o Wesley, matar a saudade que sentia dele, Hanna namorar com ele facilitou tudo.
Após ouvi-la, chegou a minha vez de falar. Contei toda a confusão com Michael. Agnes ficou furiosa por eu não ter lhe contado na época, segundo ela, teria me impedido de fazer algo tão estupido que foi deixar Michael e não contar da gravidez. Ela poderia estar certa, talvez conseguiria fazer minha cabeça e abandonar na época aquele plano louco, mas o importante é que felizmente, tudo no final deu certo.

Alguns meses se passaram desde que chegamos a Neverland. As coisas iam caminhando perfeitamente, assim como eu esperava. Michael e Zoe eram inseparáveis agora, ela também se dava muito bem com seus irmãos mais novos, Prince e Paris. Viver em Neverland era como sempre estar em um parque de diversão e isso facilitou com que ela se acostumasse rapidamente com o local. Ainda sentia falta de meus pais, assim como eu sentia, mas com o tempo, fomos nos acostumando.

A família de Michael já estava ciente de tudo que havia acontecido. Vieram em um jantar organizado por Michael para conhecer Zoe. Foi maravilhoso. Zoe era uma garota encantadora, alegre e muito brincalhona. Todos a amaram, isso alegrava-me profundamente e enchia meu coração de orgulho. Ainda não havíamos contato para ela sobre Michael ser seu pai, mas ela já sabia que tínhamos algo graças a um pequeno flagrante que ela deu enquanto nos beijávamos. Sua reação foi apenas rir e sair cantando pelos corredores ''Mamãe e o cabeça de maçã estão namorando''

Zoe tinha aulas com um professor particular desde que viemos para Neverland, mas eu havia convencido a Michael deixa-la ir á uma escola, queria que ela tivesse algo normal de sua vida passada. Antes, conversamos com ela pedindo para que não contasse nada sobre nossa vida e onde morávamos para ninguém. Ela prometeu segredo, cruzando o dedinho comigo e Michael.

Mesmo com os compromissos que Michael tinha com sua carreira, fez questão de tirar um tempo para levar Zoe junto a mim em seu primeiro dia de aula. Colocou um disfarce e fomos leva-la. Zoe sentia-se levemente ansiosa, mas não ficou nervosa pelo fato de estar indo a um lugar totalmente desconhecido, admirava isso nela.

- Tchau, mamãe. — Zoe depositou um beijo quente em minha bochecha.

- Tchau, cabeça de maçã. — Disse beijando Michael agora. Ficamos observando-a até sumir de nossas vistas em meio á multidão entrando na escola.

- Ainda estou preocupado. — Disse Michael encarando-me. Seu bigode falso fez com que eu caísse na gargalhada. — Para de rir, Maitê. — Reclamou empurrando-me levemente.

- Não dá para te levar a sério com esse bigode. — O encarei, sua feição estava realmente preocupada. — Ei, calma. Vai ficar tudo bem. Ela já estudou em escolas antes, lembra-se? — Toquei o braço de Michael acariciando o local.

- Mas era totalmente diferente, Maitê.

- A mídia não sabe dela, não sabe de nós. Ela está segura. — Falei com minha voz firme para poder passar tranquilidade á ele. Michael respirou fundo e aproximou-se selando nossos lábios. O bigode dele fez cocegas fazendo-me cair na gargalhada novamente.

- Meu Deus. — Disse Michael com seus olhos levemente arregalados.

- Fez cocegas. — Falei entre risadas.

- Imagina se eu desejasse ter um bigode? — Michael começou a andar na direção do carro, o acompanhei.

- Iria me fazer rir toda hora.

- Oh céus. — Disse balançando sua cabeça. Abriu a porta do carro e esperou que eu entrasse para depois entrar.

...

Meus olhos percorriam de um lado para outro lendo as letras escrita sobre a folha do livro. O pequeno príncipe, um dos meus livros preferidos, já havia perdido as contas de quantas vezes o li. Minhas costas estavam encostadas no braço do sofá enquanto minhas pernas encontravam-se repousadas sobre o colo de Michael do outro lado do sofá, ele também lia um livro. Zoe, Prince e Paris tentavam montar um quebra-cabeça sobre o tapete da sala, de minuto em minuto, Michael e eu olhávamos em suas direções para averiguar se estava tudo bem.

- Maitê? — Chamou-me Michael fazendo com que meus olhos vidrados no livro ficassem sobre ele.

- Sim?

- Olha como nossa família é linda. — Ele disse com ternura em sua voz. Olhei para as crianças no chão em frente o sofá e um enorme sorriso formou-se em meus lábios.

- Sim, nossa família é linda. — Balancei a cabeça positivamente sem tirar meu olhar dos três. Prince e Paris não eram meus filhos biológicos, mas aprendi a ama-los como se fossem meus.

- Não íamos continuar de onde paramos? — Perguntou, agora olhando para mim com suas sobrancelhas juntas.

- Sim, por quê?

- Já faz quase um ano que você se mudou para cá e eu não estou vendo em seu dedo a aliança que havia lhe dado á anos atrás.

- Não estamos noivos mais. — Pensei por algum instante antes de responde-lo.

- Hum, vamos mudar isso. — Michael retirou minhas pernas de cima do seu colo e levantou-se do sofá. Arrumei-me no sofá enquanto observava-o. — Maitê Clarke, você quer se casar comigo? — Michael retirou um anel de dentro do seu bolso da calça moletom que usava, agachou-se em minha frente e estendeu a aliança para mim. Sorri feito uma boba e balancei a cabeça, incrédula. Olhei para a aliança em sua mão e era a mesma que ele havia me dado quando pedira-me em casamento pela primeira vez.

- Michael... — Tentei falar. Sentia-me tão feliz quanto á primeira vez que ele fez o pedido. Meus olhos se encheram de lágrimas e eu não me importei quando elas desceram por minhas bochechas. Nem estava pensando sobre esse assunto, realmente foi uma surpresa o pedido. — Claro que aceito casar com você. — Agachei-me ao seu lado e o abracei forte. Nós afastamos um pouco, Michael segurou minha mão e colocou o anel em meu dedo, um encaixe perfeito.

- Okay, futura senhora Jackson. — Ele levou sua mão por trás da minha nuca trazendo meu rosto para próximo ao dele fazendo com que nossos lábios selassem. Nos afastamos e olhamos para trás, Zoe, Paris e Prince encaravam-nos.

- Vamos nos casar. — Falei entusiasmada mostrando a aliança em meu dedo.

- Que legal, mamãe. — Disse Zoe, abrindo um enorme sorriso no rosto. Acho que ainda não sabia com clareza o conceito de se casar com alguém. — Vocês dois poderiam nos ajudar com o quebra cabeça? — Pediu olhando para Prince e Paris, depois novamente para nós.

Claro. — Michael e eu nos sentamos ao lado dos três e começamos a montar o quebra-cabeça com eles.

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