Capítulo 48

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No dia seguinte, liguei para Jack pedindo para me encontrar em uma pracinha que tinha no bairro onde moravamos. Deixei Zoe na escola e fui ao seu encontro. Quando cheguei na praça, Jack já encontrava-se me esperando sentado em um dos banquinhos que havia no local. Ao me ver, abriu um enorme sorriso que fez com que meu coração se partisse ao meio. Queria chorar, queria correr daquele lugar e desistir de magoar alguém que eu amava tanto, mas não podia. Minha felicidade dependia disso e a dele também. Seria horrível para Jack viver com alguém que não amava-o como ele realmente merecia. Precisava liberta-lo.

- Oi, amor. - Ele disse levantando do banquinho. Aproximei-me e ele esticou-se para selar nossos lábios, virei meu rosto, desviando do seu beijo.

- Jack, precisamos conversar... - Disse piscando excessivamente para reter as lágrimas que insistiam em descer.

- Aconteceu alguma coisa? - Perguntou apreensivo.

- Sente-se. - Pedi sentando-me, ele logo acompanhou. - Michael me procurou e conheceu Zoe. - Falei sem rodeios. Jack franziu o cenho demonstrando sua surpresa no que acabará de ouvir. - De cara, ele soube que era pai dela. Tudo nela o lembra e eu não pude evitar isso. - Respirei fundo e prossegui. - Michael ficou abalado por eu ter escondido uma filha dele. Quem não ficaria? Saiu da minha casa muito triste e furioso. Eu tive que procura-lo para esclarecer as coisas, tentar ficar bem com o pai da minha filha, e...

- Vocês reataram. - Jack completou minha frase. Conseguia ver o pesar em seu rosto, a tristeza sendo totalmente nítida em seu rosto.

- Sim. - Falei quase que em um sussurro. - Me perdoe, mas eu o amo. Não posso continuar com você fingindo não sentir nada por ele, isso seria um erro. Você merece alguém que te ame, Jack, que vai poder corresponder seus sentimentos. Eu amo você, mas sempre foi como uma amiga ama um amigo. - As lágrimas desceram sobre minhas bochechas fazendo com que eu soluçasse ao falar. Uma lágria silenciosa escorreu pelo rosto de Jack. Aproximei-me dele abraçando-o forte. Pela minha surpresa, ele pareceu frio ao meu toque. Não correspondeu.

- No fundo, eu sabia que você o amava, mas achei que poderia conquistar seu coração, não consegui. - Sua voz saia melancólica.

- Eu amo você. - Falei com o rosto apoiado em seu ombro. Apertava-o entre meus braços.

- Não como ama ele. - Jack me afastou. - É a segunda vez que você me deixa. Segunda vez que eu fui trouxa em acreditar que poderia concorrer com o homem que você ama desde que se entende por gente. Não vou te culpar, porque como eu disse, sabia que você o amava. Espero que você não se arrependa, porque não vai ter terceira chance. - Jack levantou-se do banco. Seu olhar tinha raiva e dor.
- Jack...
- Adeus, Maitê. Diga para a Zoe que sempre amarei ela. - Jack disse com a voz fraca, ele chorava. Virou-se de costa e partiu.
Eu fiquei um tempo sentada no banquinho chorando, lamentando por ter magoado alguém que eu amava tanto. Tudo era triste, mas me sentia livre e tenho certeza que ele encontraria alguém que o merecia.

No dia seguinte, fui ao meu serviço e pedi conta. Eu queria resolver tudo o mais rápido possível para partir para Neverland e começar uma vida nova.

Na noite anterior da minha partida e de Zoe, tive uma conversa seria com ela. Expliquei para que estávamos nos mudando da casa da minha mãe, que iriamos agora para um lugar que seria nosso lar. Ela explodiu em perguntas, infelizmente, não poderia responder todas. Michael e eu decidimos fazer com que ele conquistasse a confiança de Zoe primeiro, para depois contarmos que ele era seu pai. Teríamos uma boa jornada pela frente, mas passaríamos tudo juntos.

Michael on:

Eu encarava na cabeceira ao lado da cama minha foto e de Maitê. Ainda era um pouco surreal o fato de termos tido uma filha. E ainda era espantoso ela ter escondido isso de mim, mas ficar guardar raiva adiantaria algo? Eu ainda amava-a, nunca havia deixado de ama-la e tínhamos uma filha juntos, porque perder tempo guardando raiva se eu podia ter uma vida ao lado da pessoa que tem meu coração? Claro que eu ainda sentia uma mágoa por ela ter escondido esse segredo tão importante, mas tinha que relevar, tinha que conhecer minha filha, de estar com ela, não tinha tempo para mágoas.
Virei para o lado e fechei meus olhos, tentava dormir mas a ansiedade me corroía. Queria tê-las logo aqui comigo. Mal podia esperar para que elas chegassem.

A fãOnde histórias criam vida. Descubra agora