Capítulo 15

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O sol entrava pela pequena janela do quarto batendo em meu rosto me fazendo acordar, abri os olhos lentamente para poder me acostumar com a luz e me sentei na cama. Olhei para o relógio em cima da mesinha ao lado da cama e marcava 15horas da tarde, ainda vestia a mesma roupa da noite passada. Coloquei minhas pernas para fora da cama e levantei. Me sentia tonta e uma grande fraqueza nas pernas, minha boca estava seca, minha cabeça latejava de dor. Como se não bastasse, sentia um mal estar terrível e uma náusea que só não me provocou vômito porque meu estômago estava completamente vazio. Caminhei lentamente até o banheiro do quarto e acendi a luz para olhar meu reflexo, acho que nunca tinha me visto tão horrível como aquele dia. Meus olhos estavam fundos e completamente sujos da maquiagem preta, meu cabelo parecia um ninho de pássaros. Minha mente parecia um nevoeiro e os detalhes da noite passada eram apenas flashes. Meu Deus! Como eu cheguei a esse estado? Pensei enquanto passava a mão sobre meu rosto. Retirei minhas roupas lentamente, caminhei até o box entrando nele no mesmo, liguei o chuveiro no quente e entrei de baixo da água.

Durante eu banho, fui tentando lembrar das coisas que aconteceram, fiz passo a passo na noite na minha cabeça. Lembrei que dancei igual uma louca e de relance eu chegando em Neverland, lembrei que havia me encontrado com o Michael, mas não o que tínhamos conversado. Eu balançava a cabeça em modo de negação toda hora, não sabia de quase nada do que havia acontecido.

Desliguei o chuveiro, peguei a toalha e me enrolei saindo do banheiro. O único jeito de saber tudo era conversando com quem estava comigo, no caso Wesley, também precisava encarar Michael. Não posso fugir das coisas, não posso simplesmente evitar o meu chefe, hoje eu resolvo as coisas com ele.

Vesti uma calça moletom cinza, uma blusa branca e calcei meu chinelo. Voltei para o banheiro, escovei meus dentes e olhei para o meu reflexo no espelho. Meu rosto agora estava limpo e não parecia mais uma louca que acabara de sair do hospício. Respirei fundo e deixei o ar sair dos meus pulmões lentamente, vamos lá Maitê, vamos conversar com Michael.

Abri a porta do quarto e fui andando pelo corredor que dividia os quartos. Passei pelo pequeno cômodo da entrada da casa e sai da mesma. A luz do sol estava mais forte lá fora fazendo meus olhos arderem, coloquei minha mão sobre minha testa em formato de aba de um boné e caminhei pela calçada. Não fazia menor ideia de onde Michael poderia estar naquele enorme lugar, mas precisava encontra-lo. Uma hora ele iria ter que voltar para a mansão, então simplesmente caminhei até algumas mesas que tinha perto da piscina e sentei em uma cadeira de frente a mansão. Ainda me sentia péssima, minha cabeça latejava e graças a Deus, Neverland era um lugar calmo sem barulhos. Fiquei uma hora esperando Michael e quando ele apareceu, estava acompanhado por Alana, os dois caminhavam de mãos dadas como um casal feliz. Tenho que admitir que fiquei triste, mas não admiti para mim mesmo, ele sempre ficava com ela, eu era apenas uma mulher invisível para ele, estava tentando colocar isso na minha cabeça. Levantei da cadeira em que sentava e fui caminhando na direção dos dois, Michael ficou com o semblante sério quando me aproximei, Alana permaneceu sorridente.

- Boa tarde, Michael. – Disse ao me aproximar olhando fixamente para ele ignorando totalmente Alana.

- Boa tarde, Maitê. – Ele disse acenando com a cabeça.

- Será que podemos conversar em particular? – Direcionei meu olhar para Alana indicando que não queria ela ali.

- Claro. – Ele disse tirando sua mão da de Alana, ela deu um beijo em sua bochecha e saiu de perto. Meu coração batia rápido e minhas mãos suavam de nervosismo, Michael acompanhou Alana com o olhar até ela sumir de vista, depois olhou para mim com aquele olhar sereno de sempre. – Então...

- Ontem você disse que queria conversar comigo sobre o acontecido na piscina e sinto muito pelo incidente. Eu... Eu achei que ninguém apareceria ali e não achei necessário pegar meu biquíni, não quero que você pense que sou uma louca que fica nadando de roupas intimas na piscina das pessoas, eu sou uma pessoa boa.

- Mas... – Ele levantou o dedo como se fosse um aluno dentro de uma sala de aula pedindo permissão para falar ao professor, mas eu o interrompi.

- E sobre a madrugada de hoje é que ontem a Agnes teve a péssima ideia de me embebedar já que eu nunca tinha ficado bêbada, não lembro exatamente das coisas que aconteceram só sei que me encontrei com você quando cheguei. Me desculpa por ter ficado bêbada e ter trazido um estranho para cá, eu sinto muito por tudo e se você quiser me demitir, tudo bem, vou entender. – Enquanto falava tudo isso, eu mexia em meus dedos desesperadamente e não consegui olhar para Michael até acabar de falar. Quando finalmente acabei, olhei para ele, Michael tinhas as sobrancelhas arqueadas.

- Posso falar? – Ele perguntou com um sorriso nos lábios.

- Claro.

- Olha... Eu não sou como você está pensando, jamais iria te demitir por nadar de roupas intimas em minha piscina. Era madrugada, seria estranho se você fizesse isso durante o dia pois uma criança poderia te ver e como você falou, não pensou que alguém poderia chegar ali. Sobre você ter ficado bêbada, não posso interferir nisso, você tem uma vida fora daqui e ficar beba é algo que acontece na vida de uma pessoa jovem. A respeito do Wesley, creio que ele seja seu amigo, se é seu amigo é uma pessoa de confiança e você também não tinha condições de vir para cá sozinha no estado que estava. – Ele colocou a mão sobre os lábios e deu uma risadinha baixa. – Não me importei dele ter trazido você aqui, foi uma atitude nobre da parte dele. Você não estava nada bem. – Michael olhou para o lado como se lembrasse das cenas da madrugada passada e deu mais uma risada, dessa vez sem tampar os lábios. – Enfim Maitê, eu só queria te dizer no sábado que não precisava se envergonhar ou ter algum pensamento negativo sobre o acontecido na piscina, percebi que você ficou bastante incomodada consigo mesmo quando te vi lá, então só queria esclarecer que não me incomodei com isso, certo? – Michael encerrou a frase fazendo um gesto com as mãos, eu olhei bem para ele e queria me matar por ter me atormentado atoa. Ele realmente não tinha se importado com nada, eu que era paranoica. Coloquei uma mecha do meu cabelo atrás da orelha e dei um grande sorriso bobo misturado com alivio, Michael retribuiu o sorriso. Fquei sem palavras, ele foi tão doce e gentil que me deixou sem palavras.

- Certo. – Só consegui dizer isso.

- Aquela foi a primeira vez que você ficou bêbada? – Ele perguntou entre risos.

- Sim. – Ri junto com ele.

- Oh céus! Você ficou muito engraçada. ''Aqui de baixo não tem nada que você não tenha visto, Michael. – Ele disse tentando imitar minha voz e imitando meus gestos.

- Eu disse isso? – Franzi o cenho.

- Hurum. – Ele disse balançando a cabeça positivamente.

- Me desculpa.

- Está tudo bem, afinal você disse a verdade. A propósito, você tem o corpo lindo. – Ele disse me olhando, agora não tinha o olhar sereno e sim um que eu não consegui compreender, ele era muito misterioso e muitas das vezes eu não sabia desvendar seus gestos ou olhares.

- Obrigada. – Olhei para baixo dando um sorriso tímido, voltei meu olhar para Michael e ele mordeu o canto do lábio inferior e sorrio também timidamente. – Agora que as coisas estão resolvidas, vou comer algo, estou morrendo de fome. – cortei o clima já que reparei que ambos estavam envergonhados.

- Me deu uma grande vontade de comer bolo de chocolate. – Ele disse.

- Vamos fazer? – Eu queria fazer algo com ele e mesmo com medo de levar um fora, tive que perguntar.

- Claro! Mas acho que não temos os ingredientes, vou pedir Brian para buscar. – Ele disse e em seguida começou a andar.

- Não! – Falei um pouco alto e segurei seu braço o impedindo de prosseguir. – Nós vamos buscar.

- Como? – Ele franziu o cenho me encarando.

- Eu tenho um plano. – Falei com um sorriso nos lábios enquanto olhava ele, Michael me olhou de lado e sorriu, mal podia esperar para fazer o que tinha em mente.

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