Capítulo 46

416 41 9
                                    

Michael virou-se para mim juntamente com o carrinho possibilitando que olhasse em minha direção. Ele usava uma calça moletom cinza e uma blusa de manga curta branca. Seu cabelo desdenhado estava amarrado na altura da nuca.

- Podemos conversar, por favor? – Perguntei enquanto caminhava com passos curtos em sua direção.

- Que cena mais nostálgica. – Ele comentou olhando para o chão, em seu rosto surgiu um sutil sorriso. Voltou seu olhar para mim após o momento de recordação, seu rosto agora tinha a feição seria, não tão seria como estava quando fora em minha casa mais cedo.

- Não podemos ficar dessa forma. Te magoei e quero arrumar a bagunça que causei. – Já me encontrava frente a frente com ele com apenas o carrinho entre nós. Michael fechou seus olhos e respirou fundo. Olhei para o carrinho podendo ver seus dois filhos. Eram totalmente diferentes de Zoe, eles não haviam puxado tanto o pai quanto ela. Ambos tinham os fios de seus cabelos loiros e tinha a pela bem clara.

- Tudo bem. – Voltei meu olhar para Michael quando escutei sua voz. – Deixe-me apenas entregar Prince e Paris para a baba que me aguarda no restaurante do hotel.

- Ok.

- Pode me esperar no quarto, por favor, o número é 37. – Ele retirou de dentro do bolso da calça uma chave e entregou para mim. Virou-se de costas voltando a empurrar o carrinho pelo corredor. O observei até sumir de minha vista. O quarto dele estava um pouco atrás de onde estávamos, enfiei a chave na fechadura destrancando-a, em seguida, entrei e fechei a porta. Caminhei até uma poltrona que estava ao canto do quarto e sentei-me.

Olhei em volta do quarto e era muito parecido com o que ele ficou á anos atrás. Estar naquele lugar fez com que eu me recordasse do nosso encontro. Todos os sentimentos que senti naquele dia invadiram-me, conseguia sentir o desespero, adrenalina a emoção. Meu coração estava tão sedento por Michael e apesar do tempo ter passado, isso não mudou. Ainda precisava dele, ele era minha droga, sempre fui viciada naquele homem, ao lado dele era meu lugar e isso jamais iria mudar.

Despertei de meus devaneios quando ouvi a porta abrir-se. Levantei imediatamente arrumando o uniforme que usava em meu corpo.

- Oi. – Falei de um jeito que transparecia meu nervosismo.

- Olá. – Michael fechou a porta atrás de si e caminhou até uma outra poltrona que havia no quarto sentando-se, o acompanhei e sentei novamente. - Então... - Ele arqueou suas sobrancelhas.

- Michael... Preciso que me perdoe. Eu errei, sei disso, mas todos estamos propicio ao erro. Me perdoe, por favor. - Falei enquanto mexia descontroladamente em meus dedos, olhei para Michael e o mesmo ficou me fitando por um longo tempo com seus belos pares de olhos fixo aos meus, meus estômago embrulhava de nervosismo. Parecia que a qualquer momento eu vomitaria.

- Está perdoada. – Ele cruzou suas pernas posicionando as mãos sobre o joelho. Fiquei um pouco espantada com sua resposta. – Não posso carregar ódio de você. Vivemos um momento lindo e desse momento teve um fruto. Zoe é nossa filha, você carregou por nove meses um pedaço de mim dentro de si e criou da melhor forma possível com toda certeza. Não posso perder tempo sentindo ódio de você. – Michael tinha seu olhar fixo ao meu. Aquelas palavras aqueceram meu coração. Sentia-me tão feliz e aliviada por ter seu perdão, que comecei a chorar, aquelas malditas gotas de água salgada desceram por minhas bochechas.

- Obrigada, Mike. – Balbuciei em meio ao choro, enquanto tinha a cabeça abaixada.

- Ei, não chore. – Michael levantou-se e agachou-se em minha frente. – Por favor, não chore. – Pediu novamente, levou seu dedo indicador até meu queixou levantando-o fazendo com que eu pudesse olha-lo.

- Eu magoei você, o homem que mais amo depois do meu pai e mesmo assim, você me perdoou. Deixa-me chorar de alívio. – Falei abaixando a cabeça novamente. Escutei Michael soltar um risinho.

- Você não mudou nada. – Ele levantou meu queixo novamente. Seus olhos estavam fixos aos meus, ele parecia ler minha alma. Michael passou a mão em meu rosto colocando uma mecha do meu cabelo atrás da orelha.
- Me perdoe.
- Nossa filha é tão linda... - Ele disse, parecendo ter o rosto de Zoe em sua mente. - Você foi tão forte criando ela sozinha. Eu não queria isso. Queria ter criado junto com você. - Disse Michael com a voz doce.
- Eu sei. - Afirmei com a cabeça. - Eu ainda amo você, Michael. Ainda sou completamente apaixonada. – Engoli em seco após admitir isso para mim mesmo em voz alta. Sempre mantive esse sentimento trancado em mim, mas precisa liberta-lo.

- Eu também. – Disse Michael, conseguia perceber tristeza em suas palavras. Como se me amar fosse uma dor para ele. – Você e meus filhos foram as melhores coisas que me aconteceu. Infelizmente, deixei você parti, fui tolo o bastante para isso. – Seus dedos percorriam em meu rosto carinhosamente.

- E eu fui tola o bastante para partir. – Enxuguei as lágrimas do meu rosto.

Michael deslizou sua mão até encaixar seus dedos entre os fios do meu cabelo e pulsou meu rosto contra o dele fazendo com que nossos lábios se tocassem. Sentir seus lábios sobre os meus fez com que lágrimas silenciosas percorressem meu rosto. Lágrimas que demonstravam a felicidade de ter novamente seus lábios aos meus. O beijo foi calmo e doce. Era como se fosse o nosso primeiro beijo. Levantei da poltrona e trouxe o corpo de Michael junto comigo. Entrelacei meus braços em volta do seu pescoço e o beijei como se aquele fosse o último dia da minha vida. Explorei cada canto de sua boca com minha língua, as mãos de Michael desceram pelo meu corpo preenchendo cada vão sobre ele. Nem pensei em Jack e no quanto aquilo o magoaria, só queria matar a saudade de ter o homem da minha vida em meus braços novamente.

A fãOnde histórias criam vida. Descubra agora