Capítulo 42.

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O choro de Paris despertou-me naquela manhã. Levantei-me rapidamente e a peguei no colo. Fiquei balançando ela gentilmente de um lado para o outro. Demorou um pouco até que ela parasse de chorar.

Sai do quarto e fui para a cozinha. Chegando, vejo Grace que já estava preparando a mamadeira de Paris, Prince estava comendo cereal em sua cadeirinha de alimentação.

- Ela acordou agora. – Entreguei Paris para Grace após ela terminar de arrumar a mamadeira.

- Prince também acordou quase agora. – Comentou Grace aconchegante Paris em seus braços, ela tinha quase dois anos de idade.

- Irei para meu quarto trocar de roupa e já volto. – Passei a mão em meu cabelo e me direcionei para a escada.

- Ok.

Meu pensamento voltou para o mesmo de ontem antes de dormir, Maitê. Tanto tempo se passou, tantas coisas aconteceram. Eu desejava desesperadamente ter alguma notícia dela, mas depois que saiu de Neverland, nunca mais trocamos uma palavra se quer.

Cheguei em meu quarto e sentei-me na cama. Encarei por alguns instantes o telefone no criado mudo. Poderia ligar? Não seria estranho, tivemos uma história e além disse, eu gostava da família de Maite. Talvez sua casa ainda tinha o mesmo número. Respirei fundo e peguei o telefone. Procurei por seu número em uma agenda que peguei dentro de uma gaveta e quando achei, o disquei. Não demorou muito para que alguém atendesse a chamada.

- Alô? – Uma voz doce atendeu o telefone, uma voz de criança.

- Olá, bom dia.

- Bom dia. – Ela respondeu, tinha a fala perfeita, mas não era irmã da Maitê, pois a voz era de uma criança mais nova.

- Com quem eu falo? – Perguntei.

- Meu nome é Zoe. – Ela respondeu gentilmente.

- Oh, olá, Zoe. Sua voz é tão meiga... Quantos anos você tem?

- Vou fazer 6 anos daqui 1 mês.

- 6 anos? Uau... Já está bem velhinha.

- Não estou não. – O tom de sua voz era de indignação. – A vovó e o vovô que são velhos.

- Quem são sua vovó e vovô?

- Papai e mamãe da minha mamãe. – Respondeu. Não contive a uma leve risada com sua resposta.

- E quem é sua mamãe?

- O nome dela é Maitê. – Ela respondeu, eu me assustei com sua resposta. Maitê ter uma filha com quase 6 anos? Como assim? Isso não fazia sentido.

- Conheço a Maitê e a propósito, é com ela que gostaria de falar, não que não tenha gostado de falar com você. – Falei, escutei ela dar um leve riso. – Você poderia chama-la por favor?

- Qual é seu nome? – Ela perguntou com o tom da voz curioso.

- Diga a ela que é um amigo, sim?. – Respondi. Não queria dizer meu nome, todas as vezes que liguei antes e disse quem era, ela não atendeu. ''Zoe, com quem está falando ao telefone?'' Escutei uma voz e logo reconheci que era de Maitê.

- Com um amigo seu, mamãe. – Ela respondeu.

- Alô? Quem é? – Agora era Maitê ao telefone. Sua bela voz fez meu coração se aquecer, o mesmo começou a bater mais rápido. – Alô? Quem está falando? – Ela repetiu a pergunta.

- Olá, você está bem, Maitê? Sou eu, Michael. – Respondi depois de alguns segundos. Ela ficou calada por um tempo, pensei até que desligaria o telefone na minha cara, mas escutei sua voz.

- Zoe, vai lá para a cozinha tomar café com a vovó. – Ela disse com a criança.

- Alias, sua filha é uma graça. – Comentei.

- Obrigada, Michael. – O tom de sua voz era indiferente.

- Quanto tempo, hum?

- Não é? Muito tempo.

- Como você está?

- Muito bem e você, como estão as coisas? Soube dos seus... dois filhos?

- Isso, dois. Oh, eles são tudo para mim. São minha vida. – soltei uma leve risada ao pensar em Paris e Prince.

- Sei bem esse sentimento.

- A sua vai fazer 6 anos daqui um mês, não é mesmo? – Perguntei. Estava um pouco intrigado com isso ainda.

- Isso mesmo. – Ela pareceu hesitante ao falar. Era mais ou menos o tempo que tinha deixado Neverland.

- Já está grandinha. Deve ser encantadora, gostaria muito de conhece-la.

- Ela é encantadora sim.

- Acho bom que você tenha tido um filho, eles mudam totalmente quem somos, mostram um amor que não se pode medir.

- Tenho que concordar com você. Me descobri quando me tornei mãe de Zoe. – Ela respondeu. Eu queria questiona-la sobre a criança, mas antes que eu pudesse ter chance, ela fugiu. – Er... Bem, preciso desligar. Tenho que arrumar Zoe para a escolinha.

- Oh, claro. Poderei ligar mais vezes?

- Claro... Até, Michael.

- Até.

Desligamos a chamada. Coloquei o telefone de volta no criado mudo e passei os dedos em meu queixo. Fiquei pensando a respeito da filha de Maitê. Bem, ela vai fazer 6 anos daqui um mês. Fui pensando a respeito e fazendo as contas em minha cabeça. Não há dúvidas, Maitê engravidou enquanto ainda estava em Neverland. Aquilo fez com que eu me sentisse entranho. Será que me traiu? Minha cabeça começou a doer. Eu precisava encontra-la, precisava saber mais sobre sua filha.

Maitê on:

Desliguei o telefone e encostei as costas sobre a parede. Aquela ligação abalou toda minhas estruturas. Ouvir sua doce voz, sua respiração. Ele ainda mexia comigo como antes, era até mais intenso. O que mais me deixava nervosa era o fato dele ter descoberto sobre nossa filha, se ele juntar as peças, perceberá que engravidei ainda estando com ele. Respirei fundo e desencostei da parede.

- Quem era no telefone? – Mamãe perguntou quando cheguei na cozinha. – Maitê? O que aconteceu? Você está pálida.

- Era o Michael, mãe. – Olhei para ela com meus olhos arregalados

- Zoe, acabe de tomar seu café. – Mamãe tocou o ombro de Zoe e veio ao meu encontro me puxando para a sala.

- Ele conversou com Zoe, sabe que é minha filha, sabe sua idade. Se ele juntar as datas, vai descobri tudo. – Meu coração estava apertado e um nó se instalou em minha garganta. Queria chorar, queria gritar, mas me segurei, não queria que Zoe me visse desse jeito.

- Filha, já passou da hora de você dizer a verdade para Michael.

- Não posso... Não tenho coragem de dizer. Depois de tudo... Ele não vai me perdoar por ter escondido uma filha dele. Hoje vejo o quanto ele precisava disso, eu poderia ter dado para ele e não fiz.

- Mas você precisa. – Mamãe passou seus dedos em minha bochecha. Eu precisava contar, mas não tinha coragem pra isso. Contando que Michael ficasse longe, tudo ficaria bem.

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