Eu percebo o quanto eu machuquei Esmeralda quando vejo ela no chão, chorando. E isso me faz sentir uma dor que não dá para explicar. Eu errei e continuo errando com ela, mas não quero que seja mais assim. Eu quero mudar, quero acabar com isso, quero que ela fique bem.
Olhar para ela desse jeito só me faz ter a certeza do quão ruim eu sou. Eu sou a pessoa que fez isso com ela, que machucou seu coração, que acabou com tudo. Ainda não sei como vou concertar isso, mas eu vou concertar. A minha mãe diz que nunca é tarde para pedir perdão. Eu vou dar o melhor de mim.
Eu ajoelho ao seu lado lentamente e e acaricio o seu cabelo e suas costas, aproximando ela até mim para que possa abraçá-la. Eu sei que ficou assustada, não era o que eu queria. Eu só fiquei irritado quando ela começou a dizer que eu tinha várias mulheres, porque eu gosto dela, mas ela não sabe disso. E eu não posso dizer, não assim.
Faço o que eu devia ter feito há imenso tempo. Eu a abraço e tenho uma vontade enorme de poder dizer o que eu sinto, mas eu sei que ela não vai acreditar em mim. Se eu soubesse disso naquele dia, eu não teria ido embora, teria ficado com ela naquele hotel até amanhecer e hoje a gente estaria juntos. Eu queria voltar no tempo e concertar isso, mas infelizmente eu não posso.
— Me perdoa! Por favor, me perdoa! Eu não quis te assustar! Eu nunca ia bater em você. Nunca!
Mas ela continua chorando e nem levanta o rosto. O que foi que eu fiz? Será que algum dia ela vai me perdoar?
— Não chore, por favor!
Passo a mão nos seus cabelos negros sedosos. Pelo menos, ela não está me afastando, mas não olha para mim e nem pára de chorar. Não sei o que fazer nesse tipo de situação porque quando eu namorava com Madeleine, ela não era assim, a gente dificilmente tinha essas coisas ou brigas, devia ter notado que nenhum relacionamento de verdade por mais amor que haja, nunca tem brigas.
— Esmeralda, eu nunca ia machucar você. — Apoio o rosto na sua cabeça. — Depois que eu fui embora naquele dia, eu me sinto como um pedaço de merda! Eu sei que não vai acreditar em mim, mas é verdade. Eu estou muito arrependido e... naquele dia na Tales Tec, eu quis pedir desculpas, mas não consegui porque eu acho que estava com medo. E ainda tenho medo porque eu estou vendo o quanto eu fui egoísta e cruel.
Ela pára de chorar, eu acho, mas não dá para saber porque ainda cobre seu rosto. As pessoas vão notar a nossa ausência, principalmente de Esmeralda que está servindo os convidados. Não sei o que vou fazer.
— Oiça, eu vou descer e dizer para Sofia que você não está bem. — Beijo o seu cabelo e levanto, mas ela segura a minha mão e olha para mim com seus olhos tristes e completamente vermelhos.
— Por favor, não diga nada para minha mãe. — Seus lábios estão tremendo e lágrimas enchem seus olhos.
— Calma! — Ajudo ela a levantar. — Você está melhor? Eu não ia bater em você. Eu peço desculpa por ter gritado com você...
— Me deixa sozinha, por favor!
— Está bem. — Olho para ela, meus pés sem vontade de se mover. Minha boca diz uma coisa, mas eu quero ficar aqui e consolá-la. — Mas se você quiser que eu fique...
— Saia! — Ela me dá às costas.
Eu sei que é o meu banheiro, meu quarto, mas eu não quero brigar ou expulsar ela daqui. Eu só quero fazer o que ela diz e talvez assim consiga caminhar até o seu perdão. Então, eu saio e fecho a porta. Saio do quarto também e me arrependo porque vejo a minha mãe.
Tento passar despercebido e voltar para o quarto, mas ela me chama.
— Peter! — Ela sobe os degraus, e eu fecho a porta do meu quarto imediatamente.
— Mãe.
— O que aconteceu com a sua mão? Você está bem? — Segura a minha mão.
— Eu estou bem, mãe. Foi um incidente com uma taça. — Digo.
— Está bem. — Olha para mim. — E você sabe da Esmeralda? Sofia perguntou por ela.
— Porquê eu iria saber sobre a Esmeralda?
— Eu conheço você, Peter! Mas depois a gente conversa. Você não vai escapar desse assunto. — Ela sorri e vai para o seu quarto.
Eu desço também, e vou para a cozinha ver se o caminho está livre, mas não está. Aquele loiro, uma das irmãs de Esmeralda que não é a Jade está aqui também, duas outras garçonetes e Sofia. O chão está limpo nem parece que quebrei nada aqui. Nem tem vestígios de sangue. Quem limpou deve estar preocupado com Esmeralda.
— Senhor Peter! — Sofia olha para a minha mão. — O senhor está bem?
A filha ruiva da Sofia olha para minha mão também. Eu escondo. — Eu estou bem. Não foi nada. Podem continuar ao trabalho. Minha mãe disse que precisam de vocês lá fora. — Minto.
— Vamos, meninos! — Eles saem em fila, juntamente com Sofia, menos a ruiva.
— Eu sei que foi você! — Ela diz.
— Primeiro, é senhor Tales. Segundo, não sei do que está falando.
— Foi você que quebrou as taças e viu Esmeralda pela última vez. — Cruza os braços.
— Como você sabe?
— Fui eu que limpei o que você fez antes que minha mãe notasse. Eu só quero saber onde está a minha irmã.
— Ela está no meu quarto.
— O quê? Porquê? Ela se machucou? Vocês voltaram?
Era tão bom se a gente tivesse voltado. Provavelmente, já teríamos fugido dessa festa e iríamos para outro lugar, e iria beijá-la, abraçá-la, dizer que não voltaria a quebrar o seu coração e que ela seria feliz do meu lado, porque dessa vez, eu tentaria de verdade e com alguém por quem estou apaixonado.
— Ela não se machucou. — Não fisicamente. — Ela está bem. E a gente não voltou.
— Eu vou falar com ela. — A ruivinha tenta passar por mim, mas não deixo.
— Não! Ela quer estar sozinha. Além disso, você está trabalhando. Devia encobrir a sua irmã.
— Está bem. Mas isso não significa que vai me conquistar, para eu ajudar você a reconquistar a minha irmã. Eu não gosto de você! — Ela pega na sua bandeja e sai.
Sinceramente, eu não acho que seja uma má ideia. Mas não pode ser assim tão fácil. Não depois de tudo o que eu fiz. Sei que Jade seria a última a me ajudar, a loira eu não sei, mas parece ser uma boa pessoa. Só que eu acho que a ruiva é mais fácil de convencer.
Eu saio da cozinha e volto para o meu quarto, para ver se Esmeralda está mais calma. Fecho a porta do quarto e fico na porta do banheiro. O quarto é meu, mas não quero entrar e fazer ela ficar com raiva de mim.
Eu bato a porta. — Esmeralda!
Ela abre a porta. Seu cabelo está mais arrumado, sua roupa, até seu rosto está melhor. Se ela consegue disfarçar assim, quem me garante que não ficou o dia todo chorando?
— Você está bem?
Ela olha para mim. — Não. Você sabe que eu não estou bem.
— Você vai conseguir trabalhar?
— Porquê parece tão preocupado comigo? — Ela passa por mim.
— Você não ouviu nada do que eu disse no banheiro? Eu... eu estou arrependido pelo que eu fiz.
— Eu não acredito!
— Está bem. — Me aproximo dela. — Talvez, você consiga perceber uma coisa.
— O quê?
Não deixo ela pensar em mais nada e beijo seus lábios, mostrando para ela como o beijo de um homem apaixonado pode ser diferente do beijo de um homem que só quer se divertir com você. Mas eu acho que essa é a pior coisa que podia ter feito porque eu vou passar a noite toda pensando nesse beijo.
Esmeralda me afasta e me dá um tapa. — Eu percebo que você não presta! E não se preocupe que eu vou pagar o seu relógio.
— Não. Não precisa fazer isso. Eu perdoo o que você fez.
Ela olha para mim de um jeito estranho, como se por um segundo, ela acreditasse em mim. Eu realmente não me importo. Eu só quero que ela acredite em mim e perceba que eu estou voltando a ser o que eu era por ela. Apenas por ela.
— Está bem.
Ela caminha até a porta, mas eu seguro a sua mão. — Me perdoa!
Esmeralda solta sua mão e sai do meu quarto. Eu sei que não devia, mas vou atrás dela e quando faço isso, vejo o meu pai. Acho que hoje não é o meu dia de sorte. Eu desço rapidamente e vou até ele, fazendo ele se virar para Esmeralda poder passar.
— Eu estou muito orgulhoso, pai! — Digo.
— Eu é que estou orgulhoso. Onde você estava quando eu estava fazendo um discurso?
— Eu sinto muito, mas eu estava com uma dor de barriga do inferno. — Olho para trás, para Esmeralda que está entrando na cozinha silenciosamente.
— Devia controlar o que come. E o que ouve com a sua mão?
— Quebrei uma taça. Não foi nada.
Eu me afasto dele e volto para a festa. Quanto tempo será que eu estive ausente? Eu não faço ideia de quanto tempo se passou, mas me pareceram horas.
Renner está flertando com uma loira, e Harris está com Maise, então eu vou atrás do único irmão que não é viciado em mulheres. Sento na mesma mesa que Nicholas e pego o seu champanhe.
— O que aconteceu com a sua mão? — Pergunta. Acho que vou ter de responder essa pergunta um milhão de vezes. Mas vale pegar um microfone e contar para todo mundo antes que mais alguém pergunte.
— É uma longa história!
— Esmeralda ficou com tanta raiva de você que pegou numa faca...
— Não! — Digo antes que ele termine. — Esmeralda seria incapaz de me machucar. Não de propósito.
— Então, o que aconteceu? Porque eu percebi que ela também sumiu.
— Eu fui atrás dela. Eu a assustei e ela deixou as bebidas caírem no... — Paro quando vejo aquele loiro conversando com Esmeralda. Eu sei que ele quer, mas eu não posso ir até lá e encher seu rosto de socos. Eu não posso fazer nada a não ser torcer para que Esmeralda não acredite nesse idiota. Luke já está atrás dela, agora tem mais um idiota!
— Peter! — Nicholas estala os dedos na frente do meu rosto.
— O quê? — Não olho para ele.
— Você ainda vai negar que sente alguma coisa por ela?
— Eu sinto. É isso que eu estava tentando contar. — O idiota se afasta de Esmeralda. Gostaria de mandar ele embora, mas não posso.
— Então, continue!
— Sim. — Conto tudo o que aconteceu, depois bebo tudo que está na minha taça. — O que você acha?
— Eu acho que você fodeu com a cabeça e com o coração dela, irmão!
— Isso eu já sei. Eu quero saber se você acha que fiz bem ou não. Eu estou ficando louco!
— Primeiro, tenha calma! — Ele olha para Esmeralda. — Segundo, eu acho que ela precisa de tempo.
— Tempo? E enquanto eu dou tempo para ela tem dois idiotas tentando a sorte! Eu não posso deixar isso acontecer.
— Parece que você aceitou. E ainda bem que foi cedo.
Ele tem razão. Foi cedo, mas não cedo o suficiente. Se eu tivesse percebido isso muito antes, todo esse sofrimento poderia ter sido evitado. E agora, está doendo muito e não acho que eu vá conseguir dormir essa noite. Ainda sinto os seus lábios nos meus, ainda vejo a imagem de Esmeralda chorando no chão do meu banheiro.
— Gostaria que tivesse sido muito antes. Acho que ela me odeia.
— Talvez sim, talvez não. — Ele desvia o olhar.
— Eu já não me lembrava de como é... abraçar alguém que você gosta, demonstrar o seu amor com um beijo, eu... — Nicholas está me olhando de um jeito estranho. Eu estava fugindo disso, porque estar apaixonado significa se foder, mas não posso dizer isso para Nicholas porque eu não quero que seja como eu. Eu quero que meus irmãos encontrem alguém. Que vivam a vida.
— Eu entendo. — Ele fica pensativo. É bom que pense mesmo sobre o assunto.
Procuro por Esmeralda, mas ela sumiu. Acho que depois dessa noite, nossas mães sabem ou desconfiam que há alguma coisa entre mim e Esmeralda. Não conseguimos disfarçar. Eu não acho que vou conseguir até ela ir embora, e ela só vai embora amanhã.
Suspiro e levanto. — Eu vou fazer uma coisa importante!
— Ouve, se precisar da minha ajuda com Esmeralda, pode contar comigo.
— Obrigado! — Sorrio e volto para dentro de casa, para o meu quarto.
Eu abro a gaveta da mesa de cabeceira e pego no celular que eu comprei para pedir desculpa para Esmeralda. Eu não vou ligar para ela porque assim vai saber quem eu sou e desligar na minha cara. Eu vou fazer outra coisa.
A partir de hoje, eu quero reconquistar a única mulher que demonstrou ter sentimentos verdadeiros por mim. Eu sei que tinha enterrado esse meu lado, mas Esmeralda me trouxe de volta. Não significa que eu seja como antes. Eu só estou tentando me tornar melhor. Melhor do que era antes e melhor do que sou agora. Não quero mais quebrar corações e ter casos com mulheres. Eu quero manter o meu foco em alguém que realmente se importe e me ame. Meu erro foi pensar que nenhuma mulher faria isso. Madeleine fodeu com a minha cabeça, e eu fiz o mesmo com Esmeralda me tornando igual a ela. Mas isso acaba aqui. Não é o velho Peter que está voltando. Mas sim, está nascendo um novo Peter. E eu quero fazer isso por Esmeralda, por me lembrar que ainda tenho coração.
Suspiro e começo a escrever.
Eu gostaria de te dar o mundo, gostaria de te dar as estrelas, gostaria de olhar para seus olhos verdes, beijar os seus lábios e ter você nos meus braços eternamente. Porque eu não tinha percebido, mas você me torna numa pessoa melhor.Suspiro mais uma vez e envio.
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Espero que tenham gostado do capítulo
Abraços!
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Esmeralda - Pedras preciosas
RomansaLivro um Sofia tem quatro filhas: Esmeralda, Rubi, Safira e Jade. Esmeralda é uma mulher forte e batalhadora com um coração de ouro. Graças ao seu esforço, consegue emprego na Tales Tec, como recepcionista para poder ajudar a pagar os estudo...