Capítulo trinta - Peter

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     Não consigo responder a mensagem que Esmeralda enviou para mim. Não estou sendo cruel ou me vingando tratando ela mal, apenas não consigo. Eu ainda sinto o meu coração despedaçado, a dor me consumindo. Essa é uma fase que eu não queria ter passado mais uma vez.
    Como não posso ligar para Esmeralda nem responder a sua mensagem, eu ligo para Luke. Pensei que tinha deixado claro naquele dia, mas parece que ele está querendo me ver furioso, e se ele quer ver o Peter furioso, ele terá o Peter furioso.
    — Eu sabia que ia ligar! — Ele atende.
    — O que você quer?
    — Você ligou para mim. Diga você o que quer, senhor Tales! — Eu devia era ir atrás dele agora mesmo, mas esse será o meu último aviso.
    — Você foi atrás dela de novo! — Digo.
    — É um lugar público, Peter. Pode ter sido apenas coincidência. Porquê você acha que eu fui atrás dela? Tem provas?
    — Você acha que vai conseguir alguma coisa com isso? Imbecil, só está deixando Esmeralda cada vez mais assustada.
    — Percebi. Mas eu já disse que eu não me importo com ela. — Sinto que o idiota está sorrindo nesse momento.
    — Se você fizer alguma coisa...
    — Vai me matar? — Ele ri. — Sabe, é por isso que eu me apaixonei por você. Você é protetor, nunca desiste, mas também admito que adoro o seu sotaque e seus olhos azuis.
    Essa conversa só está ficando cada vez mais estranha. — Vai para o inferno!
    — Você me colocou lá, Peter!
    Desligo. Tenho que pensar num jeito de afastar Luke. Dormir com ele está completamente fora de questão, prefiro a morte. Ainda não sei o que vou fazer, mas vou pensar em alguma coisa. Esmeralda não merece passar por essas coisas por minha causa. Eu quero que ela esteja bem.
    Suspiro e decido responder a sua mensagem. Não quero que ela pense que estou com raiva dela. Eu não tenho raiva. A culpa não é dela.

    Peter: Eu vou ficar bem.

    Não posso evitá-la porque praticamente trabalhamos juntos, apenas tenho que aceitar a nossa situação, também é um grande passo para tirar ela da minha cabeça. Ainda é difícil, ainda estou sem apetite e sem vontade de fazer nada, mas isso vai passar. Sempre passa e depois nem vai parecer que houve dor. É uma dor intensa, mas Madeleine já fez pior. Só tenho que lembra que com Madeleine tive mais trabalho, pois estivemos juntos por dez anos, o que foi uma grande perca de tempo.
     Minha mãe entra no quarto com uma bandeja de cama. Eu já comi uma maçã hoje, não posso comer mais do que o meu estômago permite nesse momento. Entendo que esteja preocupada, mas tenho a certeza que já estive pior por causa da vadia cujo nome estou cansado de referir.
     — Olha o que tem aqui, meu amor! Uma sopa bem quentinha.
    — Mãe, eu não quero nada.
    — Mas é apenas sopa, meu filho. Não precisa fazer esforço ao mastigar, só engolir. — Ela coloca a bandeja na cama, ao meu lado.
     — Também está difícil engolir. Está difícil respirar, mãe.
    Ela passa a mão no meu rosto. — Você não quer ficar doente. Precisa comer alguma coisa, aquela maçã não foi o suficiente. Você não sai da cama.
     — Eu não saio porque eu não quero. Eu quero ficar fechado no meu quarto até as coisas ficarem melhores.
     — Na verdade, as coisas vão ficar melhores quando você sair dessa cama. — Ela me dá de comer. — Devia ir atrás da Esmeralda e mostrar que não desistiu.
     — Mas eu desisti. Eu não quero mais sofrer por amor.
    — Tem a certeza que é isso que quer? Desistir da Esmeralda?
    — Ela merece alguém que nunca a machucou, que nunca brincou com os seus sentimentos. — Pego no guardanapo para limpar a minha boca.
    — Ela merece alguém que tenha sentimentos genuínos por ela, Peter. E é isso que eu estou vendo nesse momento. — Ela põe mais uma colher na minha boca.
   — O que adianta se ela não vai acreditar? Ela deixou isso bem claro. Disse que nunca vai me perdoar. Desistir é a melhor opção, é o caminho mais fácil.
    — Ela precisa de tempo. E você também.
    — Não, mãe. Eu preciso de seguir em frente e esquecê-la.
    Não deve ser assim tão difícil. Preciso de outros focos na minha vida. Mais ainda preciso de um tempo para me recompor. Tenho a certeza que vou ficar bem.

Esmeralda - Pedras preciosasOnde histórias criam vida. Descubra agora