Capítulo vinte e nove - Esmeralda

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      Volto para casa sentindo algo estranho. Peter não foi trabalhar hoje e eu tenho medo que seja por minha causa, tenho medo que ele estivesse sendo sincero comigo e eu tenha arruinado tudo. Mas uma parte de mim não consegue acreditar. Ele me quebrou.
    Minha mãe está em casa, vendo TV com Rubí. Jade ainda não deve ter voltado do trabalho e Safira deve ter saído com Henry. Eu caminho lentamente até elas, torcendo para que ela não perceba a minha expressão triste.
    — Boa noite! — Digo.
    — Boa noite! — Rubí olha para mim. Depois que eu contei o que aconteceu ontem com Peter, ela parecia triste e desiludida comigo. Não disse nada, mas eu notei.
    — Ainda bem que você chegou. Temos um assunto pendente. — Mamãe diz.
    — Agora? — Pergunto. — Acabei de chegar!
    — Agora! Para o meu quarto. — Ela levanta, e eu a sigo, com medo do que possa ser. Tenho a certeza que Rubí não contou nada para ela.
    Fecho a porta e fico parada esperando que ela diga de uma vez. Dona Sofia olha para mim com os braços cruzados, me fazendo ficar com medo. O que será que ela descobriu?
    — Você se envolveu com o senhor Peter, não é?
    Suspiro. — Sim.
    Ela vem até mim e me abraça. — Porquê você não me disse nada?
    — Porque ele me machucou, mãe. Ele brincou com os meus sentimentos, e eu tive medo que se você soubesse, iria pedir demissão. — Seguro as lágrimas, mas não aguento por muito tempo.
    — Filha, eu não faria isso. Não sabendo que a gente precisa desesperadamente de dinheiro para pagar as contas e a faculdade de Rubí. — Limpa o meu rosto. — Devia ter me contado.
    — Desculpa! — Abraço ela novamente. — Como a senhora descobriu? Ele contou?
    — Não. Eu descobri sozinha. — Ela me leva até sua cama, onde sentamos e segura a minha mão. — O que você fez? Você se vingou dele?
    — O quê? Claro que não!
    — Pode dizer. Se ele fez uma coisa horrível com você...
    — Ele transou comigo, depois me deixou. — Digo. — Isso foi cruel!
    — Meu Deus! — Minha mãe me abraça mais uma vez. — Devia ter me dito, meu amor! Há quanto tempo foi isso?
    — Há duas semanas. Desculpa!
    — Não faz mal. Eu entendo que tenha sofrido, mas não pode se vingar.
     — Eu não me vinguei dele. Porquê a senhora pensa assim?
     — Mas você fez alguma coisa para deixar ele daquele jeito?
     — Eu não sei do que a senhora está falando.
    — Ouvi a senhora Bella dizer que ontem ele estava muito triste. Ele não comeu nada e hoje não foi trabalhar. Ficou fechado no quarto, com fome, afastando os irmãos, afastando todo mundo.
    — Talvez seja mentira. — Digo.
    — Eu já vi ele desse jeito antes. Não é mentira, Esmeralda. — Ela passa a mão no meu rosto. — O que aconteceu?
    Fecho os olhos. — Ele disse que estava arrependido e pediu desculpa. Isso foi no dia da festa. — Seco as lágrimas com as costas das mãos. — Ultimamente, ele tem me enviado mensagens lindas, dizendo coisas, dizendo... dizendo que está apaixonado por mim e que... quer mais uma chance. Ontem, eu me encontrei com ele, achando que era o meu admirador secreto, que afinal de contas era ele. — Continuo secando as lágrimas, mesmo que elas não parem de cair. — Eu disse que nunca vou perdoar o que ele fez, eu o tratei mal e fui embora.
    — É normal não acreditar nele, principalmente depois do que ele fez, não se sinta mal por isso, filha. Você não teve culpa de nada. — Passa a mão no meu cabelo. — Mas do mesmo jeito que você aprendeu que não pode confiar em qualquer pessoa, precisa aprender que as pessoas podem mudar, podem se arrepender.
     — É difícil perdoar!
     — Eu sei. Eu não estou dizendo para você perdoar ele. Isso é uma decisão que você vai tomar sozinha.
    — Acha mesmo que ele gosta de mim?
    — Não é qualquer homem que faz isso, Esmeralda. Ele pediu desculpas, e agora eu vi como ele ficou. Ele está péssimo, não come nada, deixou a senhora Bella preocupada. Eu acho que o que ele sente por você é verdadeiro. Um homem não chora por uma mulher sem motivos. Um homem não chora sem motivos, Esmeralda!
    — Eu ainda não sei se devo perdoar! — Digo.
    — Não faz mal. Você não precisa perdoar ele, não precisa ficar com ele, se não quiser. Você tem o direito de ficar com raiva dele e seguir em frente. Qualquer decisão que você tomar, eu sempre vou estar do seu lado, está bem?

Esmeralda - Pedras preciosasOnde histórias criam vida. Descubra agora