Capítulo dezessete - Esmeralda

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     Foi estranho ter visto o homem que conheci no Colors na frente da Tales Tec. Agora por causa de Peter, esse homem está me seguindo. Primeiro, no shopping, depois na Tales Tec, e não tive como negar o meu número para ele. Eu pensei que não houvesse mal algum, nem que deixasse ele me levar. Mas outra parte de mim apenas quis que Peter nos visse. Infelizmente, acho que ele não viu.
    Luke olha para mim várias vezes enquanto dirige. Eu tento me sentir à vontade, mas não consigo. E estou me perguntando porquê eu aceitei sua carona. Assim estou criando falsas esperanças para ele.
    — Há quanto tempo trabalha na Tales Tec? — Pergunta.
    — Há três meses. E você? O que faz?
    — Sou empresário. Eu tenho alguns bares na cidade.
    — Isso é interessante. — Desvio o olhar.
    — Olha, eu sei que você está triste por causa do Peter. Isso vai passar. Você pode confiar em mim. Só porque o conheço não significa que seja igual a ele.
    — Eu sei que as pessoas são diferentes. — Mas não posso confiar em pessoas que acabei de conhecer ou pessoas que conheço há imenso tempo e que não me dão motivos para confiar nelas. Confiança é algo precioso, e eu descobri isso da pior maneira.
    — Ele só ficou assim por causa de Madeleine. — Responde.
    Olho para ele. — Eu não quero falar sobre o Peter, por favor!
    — Desculpa! Eu não queria...
    — Curve a esquerda! — Dou a indicação para ele. Ele faz o que eu digo.
    — Meu nome é Luke. Espero que não tenha esquecido.
    — Está bem.
    Será que eu estou assim porque Peter me arruinou para os outros homens ou porque já não consigo confiar em outros homens? Seja o que for, eu só quero chegar em casa e me afastar desse homem, ele é estranho. E a pior parte é que ele pode ser como Peter ou pode estar armando alguma coisa com ele. Talvez tenham fingido ser inimigos porque Peter sabia que jamais iria confiar em mais nada que tenha a ver com ele. Mas pode ser só paranóia.
     Depois do que parecem séculos, finalmente Luke me deixa em casa e tiro o cinto de segurança para descer. Ele segura a minha mão, me impedindo. Parece que tudo o que aconteceu com Peter está se repetindo com ele. Só que eu acho que dessa vez estou mais esperta. Eu não vou entrar num relacionamento tão cedo e não vou confiar tão facilmente.
    Olho para ele, aguardando que diga alguma coisa que não seja comentários sobre Peter. Mas sei que não me procurou na Tales Tec só para falar mal do Peter. Eu sei o que ele quer.
    — Você gostaria de jantar comigo um dia desses? Prometo que não será no Colors. — Ele me solta.
    — Eu vou ver a minha agenda. — Não o conheço e não quero sair com ele.
    — Está bem. Como você quiser. — Ele sorri. — Nos vemos por aí!
    — Claro! — Desço do carro e fecho a porta. Caminho até casa sem olhar para trás, simplesmente porque não me apetece fazer isso.
    Quando entro em casa vejo Jade e Rubí na sala experimentando anéis e pulseiras. Tenho quase a certeza que as duas foram fazer compras de novo. Eu só gostaria de saber o quanto Peter sente falta desse relógio.
    — Boa noite! — Digo.
    — Esme, olha o que compramos! — Rubí mostra as jóias na mesa de centro.
    — Estou vendo. Vocês querem se livrar de todo o dinheiro.
    — Estamos sim. Mudando de assunto. Quem é aquele? — Jade pergunta.
    — Um conhecido. — Sento no sofá. — A gente devia preparar as coisas para a festa de sábado, não fazendo compras todos os dias. — Não quero falar sobre Luke.
    — Ainda temos tempo. E o que vamos fazer? Treinar como se segura uma bandeja? — Jade olha para mim.
    — Vocês conseguem mudar o sentido de tudo que eu digo. Eu só não quero decepcionar a mamãe. Eu vou para o meu quarto. — Levanto e vou para o quarto.
     Fecho a porta e sento no chão para chorar. Estive me segurando o dia todo. Foi pior das vezes que vi ele e reparei que não olhava para mim em nenhum momento. Como se eu fosse invisível, como se eu não importasse e já tivesse me esquecido. Esquecido que tivemos alguma coisa, mesmo sabendo que tudo aquilo foi uma mentira, eu estou me sentindo péssimo pelo seu comportamento.
     Ele deve estar feliz agora, talvez esteja no Colors com outra mulher ou se divertindo em um outro lugar qualquer. O que me deu para pensar que ele é uma boa pessoa e que me queria? Ele não se importa, não sente culpa, não está arrependido, não sente nada. E eu não sei quanto tempo mais eu vou aguentar, porque eu vou vê-lo todos os dias.
    Gostaria que pelo menos por um segundo ele se sentisse mal pelo que me fez. Mas já não sei se acredito mais nele, se acredito que ele tem um coração. Mesmo que tivesse, eu não seria a sua outra metade. Ele iria querer alguém melhor.

Esmeralda - Pedras preciosasOnde histórias criam vida. Descubra agora