Capítulo três - Esmeralda

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     Estive um pouco distraída no trabalho depois que Peter veio falar comigo, mas consegui disfarçar. Eu ainda não acredito que o homem dos meus sonhos me convidou para tomar um chá. É como se tudo que eu achasse impossível antes, passasse a ser possível agora. E eu não consigo descrever a felicidade que eu sinto por saber que finalmente está acontecendo.
    Eu sempre pensei que homens como ele jamais olhariam para mim. Parece até mentira. Mas não é. Ele realmente me convidou para tomar um chá. E tenho a certeza que não é para falar sobre trabalho.
    E eu não aguento esperar mais para me encontrar com ele. Eu vou para o restaurante inglês mais cedo do que combinamos e solto o meu cabelo, passo também um pouco de batom e rimel. Espero que ele repare.
    Enquanto espero, Safira liga para mim e fico torcendo que não seja nada que impeça esse encontro de acontecer. Eu estou sempre disposta a ajudar as minhas irmãs, então só quero que apenas hoje, nesse momento, elas resolvam as coisas sozinhas.
    — Safira!
    — Esme, quando você chega?
    — Eu não sei. Porquê? Algum problema?
    — Como não sabe? O que você está fazendo?
    — Peter me convidou para tomar um chá, e eu aceitei. — Não consigo esconder.
    — Peter Tales?
    — Sim.
    — Isso é sério? Mas assim do nada? — Pergunta. Não foi do nada. Ontem ele me levou para casa.
    — Você acha que ele não sentiria nada por mim? — Pergunto com medo. Será que estou criando expectativas muito altas?
    — Não é isso! Você é linda, Esmeralda. Qualquer homem pode se apaixonar por você. O que eu quis dizer é que talvez ele já estivesse interessado antes.
    — Eu não sei. — Mas isso seria ótimo.
    — Bom, eu vou deixar você ter o seu encontro em paz. Depois falamos. — Ela desliga antes que eu diga qualquer coisa.
    E Peter finalmente chega. Ele não está usando seu paletó e está mais lindo do que o costume. Eu sei que está atrasado, mas deve ter algum motivo. E ele é muito lindo e incrível. Como é que eu estou aqui com ele? Peter não é homem para qualquer mulher.
    — Você esperou muito? — Pergunta.
    — Um pouco.
    — Eu peço desculpa. Tive que ajudar o meu irmão, era urgente. — Diz. Somos um pouco parecidos. Ele também é daqueles que resolve os problemas dos irmãos. Eu sabia que tinha um bom motivo para ele se atrasar.
    — Não há problema nenhum. Está tudo bem. — Digo.
    — Então, vamos tomar o nosso chá? Na Inglaterra chamamos chá da tarde. — Ele sorri.
    — Eu já ouvi falar.
    — Ainda bem. Então, me fala sobre você! — Ele está olhando para mim atentamente. É estranho receber tanta atenção de um homem como ele.
    — Não há muito para saber sobre mim. — Eu coro e olho para as minhas mãos.
    Peter estende as suas mãos e eu reajo. Meu corpo reage e não tem como não ser. Ele é um homem de outro mundo. — Mesmo assim, eu quero saber.
    — Está bem. — Suspiro. — Eu... eu sou adotada. Não sei quem são os meus pais biológicos, mas não é tão relevante assim. — Começo. — Tenho três irmãs, a Jade, a Safira e a Rubi. Nós fomos criadas apenas pela nossa mãe e somos muito unidas.
    — Isso é muito bom. E sua vida amorosa? Ou é uma mulher casada com o trabalho? — Ele pergunta. E porquê tanto interesse?
    — Claro que não! — Eu rio. Isso está parecendo uma entrevista. — Não sou muito experiente nesse tipo de assunto. Mas não significa que não esteja aberta para relacionamentos.
    — Isso é muito bom. Sabe, é difícil encontrar mulheres como você. Ultimamente, as mulheres têm sido cruéis. — Ele fica sério quando diz isso.
    — Alguém machucou você? — Pergunto. Pela sua expressão só pode ter sido isso. Mas que idiota ia machucar um homem tão incrível como Peter?
    — Não gosto de falar sobre isso. — Ele responde, confirmando as minhas suspeitas. Eu acho que odeio a mulher que machucou ele.
    O garçom vem até nós e fazemos o nosso pedido. Peter pede um chá verde, e eu peço um chá de frutos vermelhos. Não sou muito fã de chás, apenas gosto desse. É muito bom.
    — Você tem planos para essa noite, querida? É que eu estive pensando numa coisa. — Peter pergunta, mudando de assunto. Isso quer dizer que será outro encontro? Ele quer sair comigo mais uma vez? O meu Peter quer sair comigo? Isso é demasiada emoção para mim. Preciso de um pouco de ar.
    — Quer que eu vá com você? Sério? — Pergunto para ter a certeza que ouvi bem.
    — Isso mesmo! Eu quero a sua companhia. — Ele volta a sorrir.
    Eu sonhei com isso várias vezes. — E onde será?
    — Surpresa. Mas se não quiser, não se preocupe...
    — Não é isso. Eu adoraria ir. — Digo.
    — Ótimo! Então, já que vamos sair novamente, eu vou precisar do seu número de celular. — Ele me entrega o seu Iphone X, e eu escrevo o meu número, depois entrego para ele.
    O empregado de mesa traz os nossos chás, quando eu entrego o celular para ele. Peter agradece e eu fico imaginando se todos os ingleses são assim tão educados.
   Dou um gole no meu chá, tentando imitar Peter. Ele não tira os olhos de mim e isso me deixa completamente desconfortável. Seus olhos azuis estão presos em mim e isso me deixa nervosa.
   — Não fique nervosa comigo. Só porque trabalha para mim não significa que eu seja superior a você, meu amor! Pode confiar em mim.
    E ele é tão doce e carinhoso. Acho que só me apaixono mais em cada segundo. Ele é tão lindo e tão perfeito! Meu Deus!
    — Está bem. — Sorrio.
    — O que você gosta de fazer? — Pergunta, mais uma vez tocando na minha mão. E dessa vez acaricia com seus dedos perfeitos.
   — Eu gosto de passear, passar algum tempo com a família, gosto de cinema,  essas coisas. E você?
    — Eu gosto de muita coisa. — Ele está acariciando o meu rosto agora. É impressão minha ou está flertando... — Você gosta de jóias?
    — Eu não sei. Quer dizer, acho que toda mulher gosta, mas eu nunca tive jóias na minha vida.
    — Sabe o que ia combinar com você?
    — O quê? Uma esmeralda? — Rio.
    — Exatamente! Uma pedra de esmeralda no seu pescoço.
    — Por ser o meu nome?
    Ele faz uma cara estranha. — Eu acho que sim.
    Ele segura a minha mão, olhando para ela e isso me faz sentir estranha. Será que é normal ele se interessar por mim de repente? Eu não sei, apenas estou perdidamente apaixonada por ele e acho que faria qualquer coisa por ele. Estou na fase de cometer loucuras.
    — Um anel de esmeraldas ficaria muito bem na sua mão. — Ele beija carinhosamente a minha mão.
     Eu coro. — Obrigada!
     E a gente continua a conversa. Praticamente só falamos sobre mim. E pelo que dizem, quando um homem está apaixonado, ele quer saber tudo sobre a sua amada. Não quero que isso seja apenas coisa da minha cabeça. Eu quero que seja real. Eu quero ficar com ele e ser a mulher que ele ama.
    Já imaginou, um homem como Peter ser o meu namorado? Eu não sei se ficaria feliz por ter alguém tão perfeito ou com medo de perdê-lo por causa das mulheres bonitas que ele deve conviver. Mas eu acho que ele é perfeito demais.
    Depois do chá, Peter me leva para o local da surpresa que ele falou. Já é noite e eu ainda não avisei a ninguém que ia chegar tarde. Mas não deve ser tão longe assim. Tenho a certeza que posso chegar em casa antes do jantar. A não ser que Peter me leve para jantar ou me peça para jantar com ele porque eu não posso perder essa oportunidade.
     — A gente está quase chegando? — Pergunto, olhando para ele.
     — Sim. Só mais alguns minutos. — Ele sorri, prestando atenção na estrada. — Está com medo? Eu não sou uma má pessoa, querida.
     — Eu sei. Apenas estou curiosa para ver a surpresa.
    — Você vai adorar! — Ele olha para mim por um segundo. — Posso contar um segredo?
    — Claro! — Cruzo os braços.
    — Eu nunca levei nenhuma mulher nesse lugar. Você é a primeira.
    Isso derrete o meu coração. É irreal ouvir essas palavras saírem da boca do homem que eu amo. Parece que tudo está acontecendo ao meu favor.
    — Eu não sei o que dizer. Acho que me sinto lisonjeada, Peter. — Não posso evitar sorrir.
    — É essa a ideia.
    Ele diz e pára o carro de repente, depois tenta ligar os motores, mas não dá certo. Eu não entendo nada de carros, só espero que esteja tudo bem. Seria péssimo uma avaria a essa hora, principalmente porque não avisei a minha mãe e não vai ser possível chegar em casa.
    — Algum problema? — Pergunto.
    — Droga! O carro não pega! — Ele desce do carro e vai abrir o capô, depois regressa. — Você tem bateria no celular?
    — Porquê? — Pergunto confusa porque não sei se vai usar no carro ou algo assim.
    — Meu celular ficou sem bateria, assim a gente pede ajuda porque não vamos sair daqui essa noite.
    — Eu vou verificar. — Tiro o celular da bolsa e... também não tem bateria. Isso não está acontecendo! — Eu também não tenho.
    — Parece que não vai haver surpresa. — Ele pega as chaves do carro. — É melhor descer. Vamos procurar um lugar para ficar. Estamos longe de casa.
    Eu desço do carro e fecho a porta. Peter tranca-as e vem até mim. Ele põe o seu paletó ao redor dos meus meus ombros e caminha comigo de mãos dadas. Acho que esse é o melhor momento da minha vida.
     — Eu preciso avisar a minha mãe. — Olho para ele.
    — Você vai avisar. Acho que tem um hotel aqui perto. — Ele me aproxima mais dele.
    — Está bem, mas a gente não vai precisar andar muito, não é?
    — Se estiver cansada, eu carrego você, não se preocupe. — Ele sorri.
    Está frio e muito escuro. Eu tenho medo que aparece algum bandido por aqui. Apesar de saber que Peter iria me proteger. Tudo bem que ele é musculoso e forte, mas não pode ser mais forte que uma arma ou uma faca. E eu não gostaria que se machucasse. Além disso, não tem como não notar suas roupas caras e seu relógio caro, isso chama atenção dos ladrões.
    — Você está cansada? — Ele pergunta.
    — Não! Claro que não!
    — Não se preocupe. Já chegamos. — Ele diz e eu só entendo, quando curvamos e aparece um grande hotel que tem escrito York Hotel. É grande e parece ser muito luxuoso. Será que há mesmo necessidade da gente passar a noite aqui? Quer dizer, aconteceu tudo tão rápido. Se eu não soubesse que Peter é uma boa pessoa, eu diria que ele tramou tudo isso. Mas eu sei que não faria. Quer dizer, qual seria o motivo para ele fazer uma coisa dessas?
    Caminhamos mais rápido para chegar até o grande hotel. Peter não solta a minha mão em nenhum momento e acho isso muito adorável da sua parte. Sei que não devia, mas já me sinto a namorada dele. Deve ser tão bom beijar e abraçar ele, eu tenho a certeza que qualquer mulher ia amá-lo e querer ficar com ele para sempre.
   Chegamos no hotel e Peter me leva para sentar no sofá da entrada. Sendo sincera, eu nunca estive no interior de um hotel e não sei muito bem como as coisas aqui funcionam.
    — Fique aqui, enquanto eu arranjo um quarto. — Ele diz de um jeito estranho. Não sei se é o sotaque ou se estou exagerando.
    — Está bem.
    Vejo ele caminhando até a recepção. Seu traseiro é perfeito tal como todo o resto. O jeito que ele anda, o seu perfume, eu não sei é por estar apaixonada por esse homem, mas ele é de outro mundo.
    Peter conversa com a recepcionista, sorrindo para ela, o que me deixa um pouco com ciúmes, e depois recebe o que parece um cartão. Ele nem tirou a carteira para pagar, o que é muito estranho. Mas talvez seja normal, eu é que não estou acostumada com essas coisas porque sou pobre.
    Levanto quando vejo ele vindo até mim com um sorriso lindo. — Temos um quarto. Infelizmente, não consegui dois ou camas diferentes. Era o único disponível.
    — Não faz mal. Lá eu vou poder ligar para a minha mãe?
   — Claro! Lá podemos fazer muitas coisas. — Ele diz de um jeito sinistro.
   — Então, o que a gente está esperando? — Pergunto. — Eu nunca estive em um hotel antes.
    — Você vai adorar! — Ele segura a minha mão e me leva até ao elevador que é maior que o da Tales Tec.
    Entramos com duas mulheres altas e lindas, bem vestidas que ficam olhando para Peter. Elas nem se importam se sou a namorada dele ou não, lançam olhares para ele. Peter ignora e coloca o braço ao redor do meu ombro, depois beija a minha testa.
    — Você está cansada?
    — Acho que um pouco. Só por causa do trabalho mesmo. — Sorrio para ele.
    — Vamos resolver isso depois.
    As portas do elevador se abrem e saímos. Peter me guia até um quarto e usa o cartão que recebeu na recepção para abrir a porta. Então, é assim que as coisas funcionam!
    Ele me deixa entrar primeiro, e eu fico boquiaberta com tudo. A cama enorme com lençóis vermelhos, as paredes de vidro que mostram uma paisagem incrível, as velas vermelhas aromáticas, o champanhe por cima da mesa, quer dizer, um clima completamente romântico. Mas isso é apenas coincidência. Peter não teria feito algo assim. Ele nem sabia que o carro ia avariar.
    Eu me viro para olhar para ele e... ele já está sem camisa e olhando para mim com uma chama nos olhos. Tudo isso não passa de uma mera coincidência! Eu sei disso.
    Ele está usando apenas suas calças, já está com os pés descalços e com o tronco nú. Ele se aproxima de mim lentamente, e eu não consigo desviar o olhar dos seus abdominais perfeitos, seus peitorais, seus braços, eu... eu estou perdida.
    — Você gostou do quarto, Esmeralda? — Ele sorri de um jeito muito sexy.
    — Você fez isso tudo?
    — É apenas coincidência! — Ele sussurra e chega perto de mim.
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Ultimamente ando muito inspirada, então vai haver postagens o tempo todo kkk
Espero que tenham gostado.
Abraços.

Esmeralda - Pedras preciosasOnde histórias criam vida. Descubra agora