Capítulo trinta e três - Esmeralda

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     Hoje estive mais distraída do que o normal, principalmente porque Peter não veio trabalhar. Ainda não dá para acreditar que ele foi me salvar do Luke, e foi porque eu pedi. Ele podia ter ignorado a minha mensagem depois do que eu fiz, mas não, decidiu me ajudar. Ele foi correndo por minha causa.
    Peter não quis me deixar sozinha e enviou uma mensagem dizendo que tem saudades. Assim fica difícil para mim, quer dizer, antes eu tinha a certeza que não queria mais nada com ele, agora tudo mudou. De repente, tudo mudou.
    Tive uma conversa com minhas irmãs ontem sobre o que aconteceu e principalmente sobre o Peter. Todas acharam que o que ele fez por mim, foi motivo suficiente para pensar muito bem sobre a nossa situação. Eu tenho medo de tomar a decisão errada e me machucar mais uma vez. Mas outra parte de mim também tem saudades de Peter. Como vou resolver esse problema?
      Rebecca olha para mim, me fazendo arrumar as minhas coisas. Eu faço o mais rápido que posso para segui-la e ir para casa, me forrar em um cobertor quente ou ver um filme com Rubí.
     — Você está com pressa? — Rebecca pergunta.
     — Talvez eu esteja. Estou cansada e quero voltar para casa.
     — E aquele seu amigo do outro dia? O Luke?
    Ela tinha que me lembrar do Luke. Tinha que me lembrar do episódio horrível que aconteceu ontem. Ainda não paro de pensar o que seria de mim se Peter não tivesse aparecido.
    — Senhorita Jonhanson! — Nicholas vem até mim. Rebecca e eu trocamos olhares.
    — Sim, senhor!
    — Podemos conversar?
    Olho para Rebecca. — Está bem.
    — Vamos! — Ele me deixa passar primeiro, para sairmos da empresa até ao estacionamento. Paramos no seu Mercedes Benz cinza brilhante e fico olhando para ele sem saber o que está acontecendo.
    — O que aconteceu? Fiz alguma coisa errada?
    — Não. Podemos dar uma volta?
    — Porquê?
    — Porque eu preciso de privacidade.  Pode subir. — Ele abre a porta para mim sem mostrar seus dentes em momento algum.
    Entro sem dizer nada. O seu carro também cheira muito bem e tudo está brilhando. Nicholas entra também e liga o carro, sem olhar para mim ou demonstrar qualquer reação. Como eu vou saber se é uma coisa importante ou não?
    — Então, porquê eu estou aqui? — Pergunto.
    — Por causa do Peter.
    — Aconteceu alguma coisa com ele?
    — Aconteceu.
    — Ele está bem? É por minha causa?É grave? — Pergunto preocupada. Eu sei que ele errou, mas não tem como não ficar. Eu ainda amo ele.
    — Você vai entender tudo quanto eu explicar. — Ele pára o carro.
    — Porquê paramos? Acabamos de sair da Tales Tec.
    — Eu sei. — Ele desce do carro e abre a porta para mim.
    Estamos naquele restaurante que fazem chá da tarde. Onde tive o meu primeiro encontro com Peter. Será que ele está me esperando aqui ou pediu que eu viesse para cá?
    Nicholas me leva para dentro e ocupamos uma mesa. Sentamos e somos atendidos. Ele pede um chá de limão e eu peço um café. Não sou muito fã de chás, engraçado porque eu sou apaixonada por um inglês.
     — Estamos esperando o Peter? — Pergunto.
    — Não. Não estamos esperando o Peter. — Ele diz. Meu Deus! Eu adoro o sotaque inglês.
   — Você não está... — Nem consigo terminar. Eu não quero separar dois irmãos.
   — Claro que não! Eu só estou aqui para dizer que Peter está sofrendo muito. Há quatro dias que ele fica no quarto chorando pelos cantos. Você está com raiva dele, é bastante compreensível, mas você precisa entender que ele só fez aquilo porque Madeleine o quebrou.
     — Eu sei disso, mas não é motivo para ele ter feito o que fez.
     — Você sabe ao menos o que ela fez?
    — Peter nunca me disse.
    Suspira. — Peter amava Madeleine. Você não tem ideia de como amava aquela mulher. Ele faria tudo por ela. Eles ficaram juntos por dez anos, Esmeralda. Sabe o que é isso?
    — É muito tempo.
    — Sim. Mas eram dez anos de pura mentira. Cada segundo, era uma mentira e meu irmão estava tão apaixonado que não via. Madeleine transava com um homem diferente todos os dias nas costas do Peter. E ela fazia ele sentir que não era suficiente para ela. Peter fazia de tudo para agradar ela. Ele comprou carros, jóias, uma casa para eles, pediu ela em casamento, você não imagina as coisas que ele fez por ela. — Realmente não sei o que dizer. — E na véspera do casamento ele descobriu tudo. Madeleine nunca amou ele. Peter sofreu muito. Ele até quis se matar.
    — Eu não fazia ideia. — Olho para as minhas mãos.
    — Eu pensei que ele não iria amar de novo. Sei que ele fez aquilo com você, mas ele mudou. Ele está realmente apaixonado por você. — Ele segura a minha mão. — Minha família desconfia de todas as mulheres que se relacionam com a gente, mas confio em você. Eu gosto de você. E sabe porquê?
     — Não.
     — Porque você fez ele abrir os olhos. Você fez o Peter voltar a ser aquele meu irmão apaixonado. Você torna ele um homem melhor. E eu quero muito que seja a minha cunhada.
     — Eu não sei o que dizer.
     — Eu sei. Peter está muito apaixonado por você. — O garçom trás os nossos pedidos e Nicholas agradece.
     — Ele pediu que dissesse isso?
     — Peter não sabe que eu estou aqui com você. Ele está no Colors nesse momento, talvez porque precisa de um tempo sozinho.
     — E o que você quer que eu faça?
     Ele tira a sua carteira e me entrega o seu cartão dourado do Colors. — Você pode ir atrás dele, talvez pagar uma bebida para ele ou pode apenas devolver o cartão. — Ele bebe seu chá. — Mas eu vou deixar você pensar. Pode ficar com o cartão. Se não quiser ir atrás dele, você me devolve amanhã.
    — Você está me dando o seu cartão...
    — Calma! Você não vai conseguir entrar sem um cartão. Além disso, é apenas o cartão do clube. — Ele sorri. — Vou pagar a conta. — Levanta e me deixa sozinha.
    Olho para o cartão dourado nas minhas mãos com o nome do Nicholas Tales escrito. É como se ele estivesse me dando o poder de mudar o meu destino. Eu estou confusa agora. Não sei se vou ou não vou.
     Nicholas regressa e pega no seu paletó que eu nem reparei que tinha tirado. Então, eu olho para ele, totalmente decidida. Acho que Peter e eu temos alguns assuntos inacabados.
    — Nicholas! Eu posso chamar você assim?
    — Esteja à vontade!
    — Eu não tenho dinheiro suficiente. Você pode me levar lá?
    Ele me entrega quinhentos dólares. — Tenho outras coisas para fazer agora, lamento!
    — Mas não precisa tanto!
    — Compra alguma para você ou para ele. — Dá de ombros e sai.
    Os milionários são pessoas completamente diferentes. Mas eu entendo que gastem muito dinheiro porque parece que não acaba. É por isso que Peter me perdoou por causa do relógio. Não sei se eu aceitaria perder cinquenta mil dólares.
    Guardo o cartão e o dinheiro na minha bolsa e saio do restaurante. Ainda não sei o que vou fazer, mas eu preciso falar com ele. Preciso que a gente feche essa história de uma vez, independentemente do que vai acontecer depois.

Esmeralda - Pedras preciosasOnde histórias criam vida. Descubra agora