Capítulo oito - Peter

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      Vejo Madeleine mais bonita do que nunca. Seus cabelos lisos, compridos, brilhantes e perfeitos, seus olhos azuis perigosos, seus lábios carnudos pintados de vermelho, seu pescoço brilhando com um colar de diamantes, usando um vestido bege que faz jus ao seu belo decote e um anel de diamante de dez quilates na mão esquerda. Ela está linda, nem parece uma puta.
    Não amo mais essa mulher. Com certeza que não e agora eu agradeço a Deus por ter me livrado dessa mulher. Eu só tenho pena do pobre coitado que pediu ela em casamento. Deve ter muitos chifres.
   Madeleine Pierce é a rainha das vadias. E eu sei disso muito bem. Eu conheci Madeleine na faculdade, quando a conheci ela parecia um anjo, parecia ingênua e inocente que nem Esmeralda. Eu pensei que ela era a mulher perfeita para mim. Ela é muito inteligente e astuta, foi por isso que conseguiu entrar na minha mente.
   Ela me seduziu, e eu me apaixonei que nem um idiota. A gente começou a namorar, eu confiava nela cegamente, punha a mão no fogo por ela. Eu pensava que ela estava completamente apaixonada por mim. Era eu quem estava enfeitiçado por ela. Tão enfeitiçado que não via sua putaria. Eu era tão idiota que nem desconfiava quando todos os homens da faculdade pareciam conhecer ela ou quando olhavam para ela como se estivesse nua, apesar dela vestir que nem uma santa.
    E me tornei ainda mais burro depois da faculdade. Depois daí, nos meus vinte e cinco anos, eu pedi Madeleine em casamento. Ela exigiu que eu desse um anel de diamantes para ela e comprasse um carro. O idiota apaixonado fazia tudo o que ela queria. Eu estava cego de tanto amor. Nem desconfiei quando ela pediu mais alguns anos para o casamento. Depois de três anos, ela disse que a gente podia seguir em frente com o casamento. Eu estava tão feliz, não quis acreditar que iria me casar com a mulher da minha vida.
    Comprei uma casa para nós, já tinha escolhido nome para os nossos filhos, eu achava que era o homem mais feliz do mundo. Eu pensava que Madeleine me amava. Mas depois, tudo começou a surgir.
   Primeiro, foram as ligações estranhas no meio da noite. Depois, suas desaparições. Por causa disso, brigamos muitas vezes, mas a feiticeira conseguia sempre entrar na minha cabeça. Eu achei que estava exagerando e pedi desculpas.
   Um dia antes do nosso casamento, ela deixou o celular no meu apartamento e foi aí que eu descobri tudo. Eu vi todas as minhas traições e para piorar, recebi vários vídeos que a pervertida imunda gravava com seus amantes, e em cada vídeo, um homem diferente. Quando eu vi aqueles vídeos, foi o meu fim. Eu nunca soube quem enviou, mas ainda bem que o fez. Eu não sabia que era o maior corno do planeta.
    As mensagens dos homens que ela se encontrava eram perturbadoras, eram muito claras sobre tudo o que faziam. Os vídeos eram ainda pior. Ela gostava de me trair, ela parecia uma prostituta de luxo. Eu não podia imaginar que ela se encontrava com vários homens, todos os dias.
    No mesmo dia, eu cancelei o nosso casamento e contei tudo para os meus pais e meus irmãos. Eu queria me matar, eu estava com nojo dela, nojo de mim, eu não estava acreditando que amava uma mulher tão sórdida, tão falsa, uma puta da pior espécie. E quando ela veio falar comigo, eu quis matá-la. Mas não o fiz. Eu a expulsei da minha vida e recebi o anel que tinha dado para ela. A bruxa não derramou nenhuma lágrima.
    No dia seguinte, Nicholas me acompanhou para fazer um teste de HIV e outras doenças sexualmente transmissíveis porque eu não usava camisinha com Madeleine. Eu confiava nela e pensava que éramos exclusivos.
O resultado deu negativo, mas mesmo assim eu queria matar Madeleine e estava desejando que estivesse pior. Pelo menos, ela não me transmitiu nada.
   O tempo foi passando, meu coração estava voltando ao normal comecei a semear um ódio profundo pela Madeleine e passei a confiar menos nas mulheres. Eu prometi a mim mesmo nunca mais me entregar para nenhuma mulher.
    Eu fiquei meses, muitos meses chorando, me sentindo inútil, burro, me perguntando porquê ela tinha feito aquilo. Nicholas gostava muito dela também, ele era muito amigo dela na verdade. Quando ele descobriu quem ela era, também ficou devastado. E agora ele tem medo de se relacionar com alguém. Tenho a certeza que Renner também não tem um relacionamento sério porque viu o que eu passei.
    Eu pensava que a dor não iria passar. Minha mãe ficava comigo o tempo todo, ela até contratou psicólogos, que me receitaram alguns remédios para diminuir a dor, acabei me viciando, mas felizmente, parei com aquilo antes que me tornasse num monstro sem sentimentos. Tive o apoio de todos os meus irmãos, até de Sofia que tinha começado a trabalhar para a gente. Foi preciso dois anos para eu me reerguer e esquecer aquela mulher dos infernos.
    Depois, eu conheci Halley. Ela não é muito diferente de Madeleine, mas pelo menos eu sou o único amante dela. Eu não quis mais me importar com o sentimento das outras pessoas, muito menos dela. Ela me ensinou a ser frio e a bloquear os meus sentimentos para as outras mulheres. Agora eu sou esse homem que está tão machucado e quebrado, um homem completamente bloqueado para o amor. Tudo isso graças à Madeleine. E essa é a triste história de um homem que o seu pior erro foi amar uma mulher.
    — Peter, você está bem? — Esmeralda toca a minha mão, chamando minha atenção para ela.
    — Eu estou bem!
    — Bom, eu vou ver um filme. A gente se vê depois. — Luke se afasta e caminha até as escadas. Nunca gostei dele porque é um idiota, acha que é muito sexy e tem um fetiche por mulheres que já ficaram comigo.
    — Ele é seu amigo? — Esmeralda pergunta.
    — Não! — Pego nos talheres e começo a comer. Pensei que iria ficar sem apetite por olhar para a cara de Madeleine, mas estava enganado.
    — Você tem a certeza que está bem? Você não quer conversar? — Ela olha para mim como se estivesse preocupada. Mas como eu irei saber? Madeleine também parecia assim. Foi o que me levou a confiar nela.
    — Já disse que estou bem. E não. Eu não quero conversar.
    — Pode me responder pelo menos uma coisa? — Ela olha para trás, para Madeleine que ainda está olhando para aqui, depois volta a olhar para mim. — Foi ela? A mulher que te machucou?
    Desvio o olhar. — Sim. Foi ela.
    Madeleine me fez perder literalmente dez anos da minha vida. Durante dez anos, eu amava uma mulher que não me amava e que me traía das piores maneiras possíveis, com centenas de homens diferentes.
    Meus irmãos baniram ela daqui, mas pelos vistos, o homem que está com ela tem acesso aos nossos serviços. Mas eu não posso fazer nada. Eu odeio ela, mas não me importa o que faz ou deixa de fazer.
    — Eu sinto muito. Mas porquê ela ainda tem acesso ao clube?
    — Já não. O homem que está com ela deve ter. Mas isso não importa. Eu não quero mais falar sobre isso. Podemos apenas comer?
    — Desculpa! — Ela parece arrependida por ter perguntado.
    Comemos em silêncio, mas eu não deixo de olhar para Madeleine algumas vezes, só para que saiba que eu a odeio. Ainda bem que eu consegui tirar ela da minha vida e do meu coração. Não cometeria o erro de me apaixonar novamente.

Esmeralda - Pedras preciosasOnde histórias criam vida. Descubra agora