Capítulo 3 - Ira Descomunal

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Narrado por Bakugou Katsuki

Fico puto vendo a reportagem que passa na TV enquanto eu ainda permaneço sentado no sofá, esperando que o formigamento passe por completo para que eu possa ao menos tirar essa merda de uniforme e tomar a porra de um banho quente. Mas que caralho de dia, ainda não consigo me conformar que fui derrotado, ou ainda pior! Derrotado e salvo por um fodido de merda metido a herói que teve a audácia de debochar da minha cara enquanto matava cada um naquele lugar.

O ódio perdura por minhas veias e eu sei que o formigamento já passou por que já posso sentir meus músculos tremendo de tanta raiva que eu estou sentindo nesse exato momento. Me levanto ainda com cautela e caminho vagarosamente até o banheiro, largando as peças do uniforme pelo caminho até lá. Ligo a água do chuveiro e nem espero esquentar antes de me por debaixo do mesmo, sentindo o frio da água arrepiar minhas costas por inteiro. Minha pele ainda queima um pouco, mas já consigo ter pleno controle dos meus movimentos.

Tudo o que me vem a mente enquanto esfrego meu cabelo com certo ódio, está diretamente relacionado àquele brutamontes filho de uma puta que chegou lá bem na hora certa e errada ao mesmo tempo, aquele arrombado fodeu com tudo, matou todos eles e ainda saiu andando carregando uma cabeça como se fosse a porra de uma bolsa de marca, mas que caralho, da onde esse desgraçado veio?

Eu sinto que estou prestes a ter uma síncope só de lembrar daquele ruivo rindo da minha cara e me chamando de fraco sem qualquer pudor, ele pensa que é quem para falar assim comigo? Ele não devia estar me reconhecendo para ter a ousadia tão exaltada como naquele momento.

Bufo frustrado sentindo que ficar pensando nisso não vai me ajudar, termino de tomar meu banho e rapidamente saio do banheiro com uma toalha enrolada na minha cintura. Mesmo que eu tente, tudo isso parece para mim uma grande confusão que não deveria existir. Aquele cara seria um puta herói da porra se estivesse do nosso lado, mas basicamente ele não deu indícios de que não está, ele me manteve vivo e reagiu – com uma puta crueldade – contra os bandidos que ali estavam. A única coisa que o faz um vilão é o fato de ter colocado um fim na vida daqueles idiotas.

Enquanto coloco uma roupa confortável fico pensando na conversa que pude ouvir ele tendo com o traficante antes de esmagar seu pescoço, ele estava fazendo aquilo a mando de alguém que lhe pagaria pelo assassinato. Um mercenário? Essa porra existe mesmo? Mas que cacete...

O problema é, se essa porra existe mesmo, por que nós heróis não fomos notificados? Por que não devemos combater esse tipo de “vilão” também? Se aquele cara estava fazendo aquilo eu duvido que seja o único, não tem como uma coisa dessas passar despercebida desse jeito.

Ouço a campainha tocar e caminho com mal humor para a porta torcendo para que não seja Todoroki vindo aqui me encher o saco pela merda que teoricamente eu fiz ao ser resgatado pelo Deku no meio de um monte de gente morta. Abro a porta e me deparo com uma pequena silhueta que me faz abaixar a cabeça para vê-la.

- Tio Suki, vem jantar com a gente – A pequena de cabelos pretos e olhos heterocromáticos me olha com sua doçura extrema e eu acabo sorrindo de canto com sua voz fofinha. A filha adotiva de Todoroki e Midoriya é uma das únicas crianças que eu realmente suporto, as cores verde e lilás em seus olhos me transmitem uma calma surreal e eu me lembro até hoje da coincidência de ver essa característica em sua face quando a vi pela primeira vez, Todoroki realmente se sentiu representado e a garota com certeza compartilha do mesmo sentimento com seu “papai Todo”. Agacho para ficar do tamanho da pequena e finjo pegar seu nariz com os dedos.

- Roubei, agora é meu – Eu digo mostrando o polegar entre o dedo indicador e médio para ela enquanto a menina entra na brincadeira respirando apenas pela boca.

Redheaded Mercenary || KiriBakuOnde histórias criam vida. Descubra agora