Redheaded Mercenary || KiriBaku

Capítulo 12 - Planos Imperfeitos

Narrado por Kirishima Eijirou

Sinto uma luz forte me incomodando e fecho os olhos com mais força antes de despertar, coloco o antebraço na frente do rosto sentando-me e estranho o fato de não estar sobre uma cama, ainda que o local em que me encontro seja acolchoado como uma. Aos poucos abro meus olhos acostumando-me com a claridade absurda e tento compreender o que se passa, a primeira coisa que ocupa minha visão são minhas roupas, uma calça e uma camisa completamente brancas, algo que realmente me surpreende, já que eu sequer uso roupas para dormir.

Merda é mais um dos sonhos bizarros. O que sera dessa vez?

O fato de eu já ter consciência de que se trata de um sonho me deixa menos aturdido para me livrar da situação, em breve eu acordarei sem me lembrar de nada, então até lá, posso apenas esperar para ver o que virá das profundezas do meu subconsciente. Ergo a cabeça apoiando as mãos no chão e olho ao redor da sala, constatando o motivo pelo qual a luz aqui parece ser insanamente exagerada. O quarto é completamente branco assim como minhas roupas, aparentemente não há janelas, não há portas, não há absolutamente nada, somente o extenso e grande vazio.

Bufo frustrado e ergo meu corpo levantando do chão para olhar melhor ao redor, realmente não há nada de mais, me aproximo de uma das paredes e soco como um teste para determinar a resistência da mesma, parece ser firme apesar da maciez do acolchoado. Talvez seja um teste de raciocínio lógico? Que doidera é essa que eu tô fazendo comigo mesmo porra?

Sinto algo pingar no meu rosto e olho pra cima notando uma grande mancha vermelha no teto. Passo a mão na face para limpar e esfrego os dedos com o líquido para identificá-lo, é sangue… Nada que vá me assustar, afinal. O que vocês estão achando disso tudo, eu acho que…

- AHHHH! EIJI, POR FAVOR! - Ouço um grito desesperado de uma garotinha e meu corpo fica retesado de forma imediata. Não, isso não pode estar acontecendo.

- É só um sonho, é só um sonho, caralho… - Resmungo para mim mesmo agachando no chão enquanto aperto as mãos meus ouvidos. Fecho os olhos e continuo a ladainha enquanto as gotas de sangue começam a aumentar sobre o meu corpo. O chão começa a ficar cada vez mais molhado e as vozes se tornam ainda mais confusas dentro da minha cabeça.

Paro de evitar os ruídos e novamente os gritos infantis se fazem presentes. Agora, saber que estou sonhando ou não, não faz diferença alguma. Meu peito se aperta e meu coração acelera além do limite que deveria ser possível. Não consigo pensar em mais nada e minhas roupas já encharcadas e manchadas pelo sangue trazem cenas perturbadoras à minha mente, mesmo que eu já tenha protagonizado coisas bizarras para uma vida inteira.

- Me ajuda… Eijirou! EIJIROU! - A garotinha grita mais chorosa e seus lamentos me fazem suar frio. Ativo minha individualidade tentando socar a parede com o máximo de força que sou capaz de reunir. Nada se move, meus punhos afundam na parede agora respingada pelo sangue quente que enche a sala. Eu me sinto sufocado a cada momento que passa e o pânico é como lenha na fogueira.

- MAS QUE PORRA! - Grito furioso enquanto continuo socando exaustivamente a parede acolchoada, o líquido vermelho e quente já cobre meu corpo da cintura pra baixo e uma dor excruciante toma meu crânio quando eu ouço mais um grito da criança. Dessa vez, o grito é mais alto e agudo, para depois dar lugar a um silêncio absoluto. O silêncio. Este que se encontra apenas no vazio desta sala, a sala que era branca e agora se encontra completamente tomada pelo sangue, o vermelho abriga cada canto da imensidão deste cômodo e minha mente, ao contrário do silêncio inerente ao meu redor, se mostra cada vez mais barulhenta, em uma cacofonia de vozes que somente me recordam de cada porcentagem do meu ser, incapaz de salvar aquela que clama por minha ajuda. Caio no sangue deixando que o líquido entre em meus pulmões sem resistir. A dor é insignificante, a morte é tudo que me resta, de todo modo, não valeria a pena lutar sem ter de fato forças para ir até o fim.