Chichi baixou os olhos, subitamente consciente de que estava fora do set, numa vizinhança estranha e que podia ser perigosa, dentro de um bar provavelmente mal frequentado, diante de um completo estranho, que podia ser um sequestrador maluco, um psicopata ou um tarado. Ela fez menção de sair mas o rapaz disse:
– Espere! Por favor, espere! – ele pulou com uma agilidade impressionante o balcão e logo estava diante dela, e, num gesto de respeito, tocou-lhe os pés, então levou a mão aos lábios e ao alto da cabeça, que manteve baixa dizendo – Namastê e meus respeitos, senhorita Chichi. Vi todos os seus filmes, sou seu fã desde o primeiro filme, que eu assisti 17 vezes!
Ela de repente riu e disse:
– Não precisava ter feito isso... tocar o chão que eu piso... eu sou só... uma garota.
– Uma atriz famosa, e eu sou só um entregador de doces e... estudante! – ele disse, hesitante, porque embora matriculado, ele achava cada vez menos que conseguiria terminar o ensino médio, porque não era um bom aluno e acabava faltando bastante para dar conta das entregas dos doces da mãe.
– Isso é uma bobagem – ela riu – não me sinto em nada superior a ninguém. E eu gostei de ver você dançando.
– Ahn – ele coçou a cabeça, sem jeito – eu estava... ensaiando, sabe? Para o concurso do Festival do Ganesha Chaturthi no templo perto da minha casa. – ele se aprumou e disse – eu ganhei o concurso infantil três vezes, e eu e a minha irmã vencemos o de dupla jovem ano passado, e eu dancei como o senhor Sharukh Khan no ano passado e venci o concurso jovem. Estou ensaiando com Dhoom Again para estrear no concurso adulto, porque eu já tenho 16 anos! – ele a encarou, orgulhoso. Ela sacudiu a cabeça pensativa e disse:
– Qual música? Digo, com qual música você venceu o concurso jovem?
– Khaike Paan Banaraswala. – ele disse, empertigado.
– Uau. Essa música é difícil.
– Sim, é. Mas eu ainda sei dançá-la inteira – ele sorriu – quer ver?
Ela hesitou um instante. Olhou para a porta. Já a deviam estar procurando. Mas era só uma música.
– Pode ser! – ela tentou não soar empolgada, mas estava – mostre!
Ele foi até o som, onde seu mp3 meio bugado estava servindo de drive para ele ensaiar, precariamente ligado ao aparelho. Depois de alguns segundos com ele xingando o aparelho e procurando a música, os versos sobre o rapaz perdido que só tinha como alternativa esquecer os seus problemas mascando folhas de paan (uma mistura de folhas anestésicas e ligeiramente entorpecentes) soaram alto no ambiente. A coreografia era engraçada e divertida, e em determinados momentos, simulava que ele estava bêbado ou chapado, e ela riu quando ele começou a dançar em volta dela, da mesma forma que Sharukh Khan dançava em volta de Pryanka Chopra no filme. De repente, sem perceber, ela estava dançando com ele, de improviso, o que para ela não era difícil, e, quando terminou os dois estavam rindo, e ela disse:
– Essa música é muito divertida, não é? Você dança muito bem. Onde aprendeu?
– Imitando os filmes – ele disse – com a minha irmã Bulma. – de repente, ele olhou para ela e disse, ingenuamente: – você deve conhecer todos os artistas!
– Alguns – disse ela, ficando séria, de repente lembrando-se que ele era alguém que não era do seu mundo.
– O senhor Sharukh Khan?
– Sim. Um pouco.
– Como ele é?
– Mais baixo do que parece – ela riu – aliás, o Aamir Khan e o Salman Khan também. As atrizes? Quer saber se conheço alguma?
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Era uma vez em Bollywood
FanfictionEra uma vez uma fábrica de sonhos onde uma jovem atriz se apaixona por um rapaz pobre e um galã temperamental não consegue admitir que ama sua colega de faculdade. Isto é Dragon Ball, mas também é Bollywood.