Capítulo 15 - Slumdog Millionarie

189 11 14
                                    

O pequeno bastão de teste de gravidez estava diante dela, na pia do banheiro. Ela suspirou, tirou a tampa e sentou-se na privada para aquele ritual que ela já fizera incontáveis vezes. Um pequeno jato de urina molhou a ponta certa do bastão e ela levantou-se, olhando apreensiva para a janelinha de resultado, os olhos verdes estreitos de tanta ansiedade.

– Tenshin! – ela gritou e o marido entrou no banheiro, parando diante dela com a mesma expressão ansiosa e apreensiva, enquanto aguardava o resultado do teste.

Conforme a urina entrava em contato com as fibras dentro da janelinha de resultado, apareceu uma listra fina e vertical, que indicava que o teste estava funcionando perfeitamente. Então, para decepção de ambos, nada mais aconteceu. A segunda listra, que indicava "positivo" ficou apenas na vontade de ambos de serem pais. Silenciosamente, ela fechou o teste e entregou a ele para que descartasse, então, levantou-se do vaso e tirou a camisola para uma chuveirada, desejando que a água morna lavasse sua tristeza.

Quando saiu, viu Tenshin procurando uma gravata. Ele usava apenas a calça do terno e estava silencioso, o rosto traindo sua tristeza. Tentavam há dois anos serem pais, mas ainda não havia acontecido nada além de frustração e decepção. Sete vezes a menstruação dela falhara, sete vezes havia sido apenas a sua ansiedade em ser mãe que atrasara sua menstruação.

Ele olhou para ela e sorriu, quando ela jogou de lado a toalha e começou a procurar uma roupa para vestir-se. Não conseguia pensar ao certo o que usar, esses dias em que ela se sentia frustrada eram os piores. De repente, disse, olhando para ele:

– A culpa é minha, não é?

Ele se levantou, deixando as gravatas de lado na gaveta, e se aproximou dela, abraçando o corpo nu ternamente:

– Minha deusa, minha flor de lótus... não, não é culpa sua... lembra o que o médico disse?

Tinham se submetido, os dois, a uma bateria de exames e nenhum dos dois era estéril ou tinha qualquer problema significativo que pudesse sugerir que o problema fosse físico ou anatômico. Ela suspirou:

– Que em determinados casos o estresse e a ansiedade podem dificultar a ni-ni-nidação do feto. Eu tenho feito a terapia, Tenshin... mas...

Ele a afastou e olhou seu rosto, o acariciando, e disse:

– Se não for nosso carma ter filhos... não vou jamais culpar você – ele sacudiu a cabeça daquele jeito peculiar e disse – há muitas crianças abandonadas na Índia, podemos cuidar de alguma, ser pais não significa necessariamente ter gestações...

– Mas queria um filho meu... sabe? Meu e teu, nascido de nós dois.

– Caso continue tendo problemas, podemos tentar uma barriga de aluguel... aqui...

Lunch sacudiu a cabeça enfaticamente. Embora essa prática na Índia fosse tão comum a ponto de ser banalizada, não a agradava a ideia:

– Não. É caro para nossas posses, além de ser algo que envolve exploração de outra pessoa... não gosto dessa ideia.

– Então, teremos de continuar tentando, mere soniya (minha amada)... – ele disse, beijando o alto de sua cabeça – estamos tentando bastante, não estamos? – ele disse e sentiu o sorriso dela se formando contra seu peito.

– Claro que vamos continuar tentando – ela sorriu para ele – mas agora precisamos ir para o trabalho...

Ele deu um suspiro e disse:

– Maldito trânsito de Mumbai... se não fosse isso, poderíamos tentar mais uma vez agora...

Ela riu para o marido.

Era uma vez em BollywoodOnde histórias criam vida. Descubra agora