Capítulo 24 - Suraj hua maddham (O sol desceu no horizonte)

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Para Shallot, em Dubai, eram onze e meia da noite e a diversão estava apenas começando. Ele estava no palacete do príncipe Janemba, sheik de um pequeno emirado árabe que também tinha residência ali em Dubai, numa festa magnífica que acabaria apenas no dia seguinte. Ele adorava a temporada anual em Dubai, porque o permitia sair da rotina em todos os sentidos, inclusive sexual.

Os negócios de sua família não incluíam apenas cinema, aliás, essa era a menor parte. Os milionários Khan eram mega operadores de negócios de distribuição de combustíveis e todos os anos Shallot e seus irmãos se revezavam nas rodadas de negociação do óleo cru que seria refinado na Índia. Era quando ele aproveitava para conseguir financiamento para os filmes. Financiar "Anarkali" tinha sido facílimo. As imagens iniciais do filme com Chichi em roupas de luta haviam enlouquecido os príncipes.

Mas depois dos negócios, sempre vinha o prazer. Os príncipes davam festas suntuosas, com mulheres lindas vindas de todas as partes do mundo, mas ele preferia as americanas, como as que ele conversava naquele momento, uma ruiva e uma loura, ambas lindíssimas. Sabia que seria fácil levar as duas para um quarto, até mesmo juntas: o palacete tinha mais de 40 e o dono não esperava que seus convidados agissem de forma diferente. Quando as festas de negócios começavam, as esposas e filhos dos anfitriões eram levadas para os luxuosos resorts da orla, e os homens, fossem casados ou solteiros, ficavam livres para "entreter-se", com mulheres e também com"substâncias proibidas" como diziam os príncipes. Essas substâncias iam desde o álcool, consumido escondido por ser vetado e proibido pela religião até outras substâncias proibidas não apenas em Dubai mas em outros lugares do mundo, como Cocaína, Heroína e Ecstasy.

Shallot adorava poder, pelo menos por um tempo, aproveitar tudo que lhe era negado na Índia e era isso que fazia, no meio das duas garotas, quando seu celular tocou. Ele viu o nome de Chichi no visor e considerou atender ou não. Em Mumbai seriam quase duas da manhã, não era normal que ela ligasse. Ele pediu desculpas e atendeu.

– Chichi? – ele perguntou, curioso. Chichi não era do tipo romântico que ligava apenas para dizer boa noite para ele, ainda mais àquela hora.

– Shallot, meu pai teve um infarto há três horas. Vim com ele para o hospital Saifee...

– Ele está bem?

– Não. Ele morreu.

Shallot não sabia o que dizer. Aquilo era um choque, mas, ainda assim, ele teve um momento de confusão e perguntou:

– Bem... qual dos seus dois... pais?

Houve um instante de silêncio do outro lado da linha e Chichi então disse:

– O único que eu considerava pai.

– Oh... eu... bem, precisa da minha ajuda para algo?

– A cremação é depois de amanhã, ao amanhecer.

– Bem... eu preciso conseguir um voo, mas com certeza vou estar aí.

– Certo. Te avisei para que não soubesse pela mídia. Já tem repórteres na porta do hospital. Ainda não anunciei publicamente.

– Quer me esperar para fazer isso?

– Não. Vegeta vai me ajudar. Até amanhã.

– Até amanhã.

Ela desligou e ele praguejou em hindi. Como o velho morria bem numa sexta-feira? Ele perderia todo fim de semana de diversão, as garotas e tudo mais que ele gostava tanto. Esperava que Chichi não quisesse que ele ficasse os dez dias do luto fechado em Mumbai. Tinha assuntos a resolver na semana seguinte. Dirigiu-se ao anfitrião, para despedir-se, mesmo sabendo que aquilo era algo extremamente malvisto pelos príncipes ricos dos Emirados.

Era uma vez em BollywoodOnde histórias criam vida. Descubra agora