A pooja para Saraswaati começou pouco depois do horário marcado, mas Chichi não conseguia prestar muita atenção no discurso de Vegeta – o astro principal do filme sempre discursava, raramente a mulher – porque sua mente repetia para si mesma a pergunta sobre quem havia barrado o teste de Goku, anos antes. Ela tentava recordar-se de como as coisas haviam acontecido, afinal, já tinham se passado quase sete anos. De repente, ela viu Oolong ao lado de Raaja Vegeta e lembrou-se que tinha sido ele que havia entregue o cartão para Goku.
Seu devaneio foi interrompido porque Vegeta citou seu nome e ela teve que, protocolarmente, levantar a mão, ir até o microfone e proferir o mantra à Deusa Saraswati, porque esse era o papel da estrela. Com a voz mais melodiosa que pode encontrar, ela disse:
– Om Aim Sarasuatie-Namarrá! Om Aim Sarasuatie-Namarrá! Om Aim Sarasuatie-Namarrá!
Vegeta então, enquanto ela repetia as palavras, segurou alto, sobre a cabeça, o pequeno coco da oferenda e desceu-o, batendo com força contra o sétimo degrau da escada do estúdio. O coco se quebrou e Chichi levantou os braços em triunfo enquanto a pequena multidão de técnicos, artistas, músicos, convidados, além da imprensa, repetia em uníssono o mantra que queria dizer "entre nós, Saraswati verdadeiramente manifestada".
As portas do estúdio se abriram e, como de costume, Vegeta deu o braço a Chichi e disse para ela, baixo:
– Eu sempre acho que o raio do coco não vai quebrar e eu vou ficar com cara de idiota.
Ela riu e disse:
– Você é forte o suficiente para quebrar um coco... mas não é você quem diz que isso tudo é crendice, bobagem, superstição do nosso povo ignorante, iluminista europeu?
– Não dá para se fugir do que se é... não quero acreditar mas às vezes acredito. Deve estar no DNA dos indianos ser um pouco supersticioso...
– Eu assisti a muitas Poojas a Saraswati e só em uma o coco não quebrou.
– É mesmo? Qual?
– Maahi ve, Maahi ve. O filme que minha mãe estava fazendo quando morreu...
Eles se separaram dentro do estúdio e ela, em vez de procurar Shallot, àquela hora entretido com os investidores de Dubai, foi direto até Oolong:
– Oolong...
– Ah, senhorita Chichi, está deslumbrante hoje eu...
– Pare de me bajular. Quero te fazer umas perguntas.
O homem olhou para os lados, meio apavorado. Achou que tinha feito alguma besteira quando ela disse, incisiva:
– Há uns anos eu conheci um rapaz e disse a meu pai que ele dançava muito bem. Lembra disso?
– Rapaz? Rapaz? – ele disse, procurando uma saída – não estou muito bem lembrado e...
– Mas eu me lembro. Eu disse que ele merecia fazer um teste. Meu pai ou o senhor Raaja deram a você a tarefa de receber a ligação dele, lembra-se?
Ele baixou a cabeça. Era terrível contrariar Chichi, mas ainda mais terrível fazer algo que deixasse Raaja contrariado e ele lembrava-se muito bem do rapaz, o insistente rapaz que ligara por um mês inteiro antes de desistir. Ele deu um suspiro resignado e disse:
– Sim, eu me lembro... ele ligou bastante, por um mês inteiro. E então, desistiu, creio.
– Quem foi que mandou você dispensá-lo?
– Eu sei que se não responder essa pergunta perco o emprego... mas se responder, também serei demitido.
– Só me diga quem foi. Eu não permitirei sua demissão.
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Era uma vez em Bollywood
FanfictionEra uma vez uma fábrica de sonhos onde uma jovem atriz se apaixona por um rapaz pobre e um galã temperamental não consegue admitir que ama sua colega de faculdade. Isto é Dragon Ball, mas também é Bollywood.